O jornal News of The World, que acaba de ser fechado, por pressão da sociedade inglesa, fazia um sensacionalismo rasteiro, é verdade, mas suas monumentais edições, que batiam os três milhões de exemplares, antes da internet, se circunscreviam a um setor específico de Londres. Não contaminava jornais do nível do The Times, The Guardian, The Economist , nem os do rádio e da TV do país, que tinham um padrão respeitado internacionalmente.
Com a entrada em cena, em 1989, do aventureiro australiano Rupert Murdoch, ao comprar o tabloide, a qualidade da imprensa foi aos poucos se desmiligluindo, até chegar à pasteurização de hoje. É que Murdoch não se limitou ao NOTW. Logo engoliu o venerando The Times, depois o New York Post, a rede de televisão Fox, o The Wall Street Journal. Quando avançava sobre o The New York Times, o escândalo das escuta ilegais de telefone, não mais restrita às celebridades, mas até gente simples do povo, o obrigou a fechar o tabloide londrino, na ativa havia 168 anos.
Jornais do nível dos franceses Le Monde, Libération (este fundado por Jean Paul Sartre) passaram para as mãos dos banqueiros. As redes de TV americanas, como a CNN e as antigas ABC e NBC, viram-se obrigadas a abandonar o padrão de seus noticiosos e programas de variedades, para acompanhar o nível mundo-cão dos programas da FOX , de Murdoch
Foi assim que a falta de pudor ou qualquer senso de ética, o apelo aos instintos mais baixos, a corrida desenfreada pelo lucro fácil, foram contagiando inexoravelmente a mídia de uma maneira geral, inclusive aqui no Brasil. O denuncismo, os escândalos sexuais, os crimes mais bárbaros tomaram o lugar das matérias de fundo, das análises percucientes, do zelo pelo bem público, que caracterizavam o jornalismo tradicional, lá fora e aqui.
Não é por acaso que a aparição no cenário mundial de Rupert Murdoch, hoje com 80 anos, tenha ocorrido, em 1989, ano da queda do Muro de Berlim, e o início do mais selvagem e deslavado neoliberalismo. Este,, sob a batuta do Consenso de Washington, devastou as economias dos países emergentes. Era a época da chamada globalização, através da qual as empresas transnacionais se apoderaram de nossas empresas públicas, das riquezas do subsolo, gerando a maior onda de desemprego e de dependência externa de todos os tempos.
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