A mídia desprezou o ingresso da Venezuela no Mercosul, mas historicamente, a solenidade de hoje no Palácio do Planalto, reunindo os presidetes-membros do Brasil, Argentina e Uruguai, representa um marco histórico, que vai ter fundas repercussões no futuro. O presidente Hugo Chávez previu que “entramos num novo período de aceleração da história que estamos vivendo, a aceleração da geografia, a aceleração da mudança geopolítica”.
Recordou que o fato é consequência da eleição de governos de esquerda que, na última década, assumiram o poder no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Também observou que os críticos da entrada do país no Mercosul “são os mesmos que aplaudiam a Alca (Área de Livre Comércio para as Américas)”, projeto norte-americano, que o próprio Chávez, Lula, os Kirchner derrotaram, em 2005, na IV Cúpula das Américas, realizada na cidade argentina de Mar del Plarta.
Por sua vez, a presidenta Dilma Rousseff sustentou que, com a entrada da Venezuela,“o Mercosur, um dos principais produtores mundiais de alimentos, se consolida como potência energética, dando maior dimensão geopolítica e geoconômica ao bloco”.
Para Dilma, o fato “reforça nossos recursos e abre oportunidades a vários empreendimentos”. Ela conclamou, então, os setores empresariais dos países da região a participar ativamente nos mecanismos produtivos.
A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que “os governos da Venezuela, Uruguai, Brasil e Argentina representam a força social e histórica de seus povos, que se juntam inclusive nestes 200 anos de história, para dizer que a solidão terminou pois, finalmente, nos encontramos”.
Cristina disse acreditar que “o ingresso da Venezuela “completa finalmente a equação do que vaiser o século XXI: energia,minerais, alimentos, ciêciae tecnologia”.
Kirchner advertiu contudo que a consolidação desta união vai depender muito “de nossa inteligência e da inteligência de nossas sociedades, porque esta é uma batalha cultural”. “Não creiam que esta é uma batalha de ideias políticas ou econômicas”, enfatizou, “é uma grande batalha cultural, porque durante muito tempo nossas sociedades, inclusive nossos homens de empresas, foram submetidas ao bombardeio de que outros eram os paradigmas e outros eram os modelos”.
Finalmente, o presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, destacou o papel importante que cumprem os trabalhadores no processo de integração da América Latina: “As grandes maiorias estão ali, como contemplando este debate e nosso dever é incluí-las”, disse Mujica, ao pontuar que “nunca, ao longo da história da América Latina, tivemos uma oportunidade como esta”.