O Estadão deu a senha mas o golpe não colou

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Na edição do dia 12, um dia antes das manifestações em favor do impeachment, o Estadão (jornal O Estado de S. Paulo) fez um editorial, que era uma espécie de senha do golpe para derrubar o governo Dilma Rousseff: “Chegou a hora de dizer: basta!”. Trombeteou o artigo, numa tosca imitação do “Basta”, outro editorial do Correio da Manhã, de 31 de março de 1964, este, sim, o aviso do golpe, que derrubou on presidenteJoão Goulart, naquele mesmo dia, e implantando 21 anos de ditadura.
Até os parágrafos iniciais do Etadão adota o estilo do seu antecessor golpista de 64.
Compare os textos: o primeiro ´o do Estadão e o segundo, do correio da Manhã:

Estadão
(12 mar. 2016)

“A maioria dos brasileiros, conforme atestam há tempos as pesquisas de opinião, exige que a petista Dilma Rousseff deixe a Presidência da República. A oportunidade de expressar concretamente essa demanda e, assim, impulsionar a máquina institucional responsável por destituí-la, conforme prevê a Constituição, será oferecida hoje, nas manifestações populares programadas Brasil afora. Chegou a hora de os brasileiros de bem, exaustos diante de uma presidente que não honra o cargo que ocupa e que hoje é o principal entrave para a recuperação nacional, dizerem em uma só voz, em alto e bom som: basta!”

Correio da Manhã
(31 mar. 1964)

Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de decretos-lei, a função do Poder Legislativo? Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verifica presentemente, na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até que ponto quer desagregar as Forças Armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?”
Mas o golpe não veio ou não veio, ainda. O que se viu naquela manifestação de ontem, que parecia a reedição das marchas da revolução constitucionalista contra Getúlio, em 1932 e da gloriosa de 1964 contra, aliás, ambas conduzidas pelo Estadão e o restante da mídia das épocas. Houve outros aspectos daquele dia singular para a história do Brasil que o internauta vai descobrir neste pequeno vídeo.

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