quinta-feira, novembro 21, 2024
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O Guardian opta pela internet. O jornal impresso sobrevive?

O centenário The Guardian (1821), um dos maiores jornais da Inglaterra, anunciou ontem que vai priorizar sua edição digital sobre a impressa, que, aos poucos, deixará de existir. O mesmo vai acontecer com The Observer (1791), um semanal da mesma empresa, o Guardian Media Group. Ao contrário dos outros jornais que fecharam ou estão definhando por causa da internet, como o nosso Jornal do Brasil e os americanos Boston Globe e Newsweek (revista), os dois jornais ingleses vão fazer a migração para crescer e se afirmar. Com efeito, o Guardian encontrou grande projeção, nos últimos tempos, por causa de suas investidas no âmbito digital, a começar pelas revelações do Wikileaks e suas estreitas relações com Julian Assange, o dono do site que abalou o império com a revelação dos documentos da diplomacia americana.
Segundo o editor-chefe, Alan Rusbridger, o Grupo quer duplicar suas receitas até 2016, na internet, quando deverão alcançar 100 milhões de libras ou 260 milhões de reais. Só o Guardian registrou 50 milhões de leitores únicos no mês de maio, com 2,8 milhões de leitores, 25% dos quais residentes nos Estados Unidos. Na verdade, o lucro da digital é bem menor do que a impressa, que alcançou 228 milhões de libras, em 2010. Tal lucro, porém, vem diminuindo, pois representou um decréscimo de 10% em relação a 2009, devido principalmente aos altos custos da produção e da distribuição. Para o internauta ter uma idéia, o jornal Clarín, o maior da Argentina, necessita de 300 caminhões para levar o jornal às bancas e aos assinantes de um país não tão grande. Imaginem-se os custos dos nossos O Globo, Folha, e Estadão.
– Qualquer jornal está em migração para o futuro dirigital, avalia Alan Rusbridger. Mas ele conclui: Isso não significa sair do papel, mas exige uma maior concentração de imaginação, atenção e recursos sobre as diversas formas que a internet pode trazer. Por isso, o Guardian vai mudar o foco, os esforços e os investimentos, porque “o nosso futuro é o formato digital”.
O grande problema é que a migração para a digitalização implicará grandes cortes operacionais, inclusive entre os próprios jornalistas. Estes serão um pouco menos afetados, mas o que dizer dos camioneiros, dos operários das fábricas desses caminhões, do pessoal de distribuição e produção impressa. É uma cadeia enorme que só tende a diminuir ainda mais as oportunidades, num continente, como a Europa, onde são altas as taxas de desemprego. Só na Espanha, os desempregados significam 21% da força de trabalho, sendo que 45% entre os jovens. Novos e árduos tempos vêm por aí, mas uma coisa é certa: os jornais têm seus dias contados.

leitefo
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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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