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O que é a revolução iraniana, que hoje completa 33 anos

Ahmadinejad promete grande avanço nuclear

Os 33 anos da Revolução irania, liderada em 1979 pelo Aitatolá Khomeini, que transcorre hoje, 11 de fevereiro, foi comemorada ontem (10/02/02) com uma recepção na embaixada do Brasil, que tem novo embaixador. A propósito, o jornalista Beto Almeida, dirigente da Telesur e presidente da TV Cidade Livre de Brasília (canal 8 da NET, só no DF), escreveu o seguinte artigo:

Irã, ano 33 da Revolução Idlâmica
A revolta dos aiatolás que derrubou Reza Pahlevi completa hoje (11/2) 33 anos. Se em 1979, em termos de desenvolvimento, Brasil e Irã ocupavam patamares próximos, hoje o Irã caminha para ser uma super potência com planos para lançar ao espaço, ainda em 2012, um astronauta. Com a riqueza do petróleo, direcionada para seu próprio povo, os iranianos queimaram etapas apesar da permanente ameaça norte-americana e de seu aliado na região, Israel. Neste artigo o jornalista Beto Almeida explica por que o Irã está dando certo. (OM)

Há 33 anos, num 11 de fevereiro, a Revolução Islâmica sacudia as estruturas retrógadas da sociedade do Irã, derrubava a ditadura pró-imperialista do Xá Reza Pahlevi e, sob a direção do Aiatolá Khomeini, com tremendo apoio popular, a ponto da constituição de milícias armadas e com a incorporação de mulheres – com chador e tudo – dava início a um período de significativas transformações sócio-econômicas e políticas, apesar de todas as hostilidades, agressões militares, sanções econômicas e manipulação informativa que só comprovam como este processo revolucionário incomoda profundamente o império.

Só com forte apoio popular é possível suportar e vencer o cenário hostil que a Revolução Islâmica teve que enfrentar. As agressões foram de vários tipos. Quando agora em dezembro um avião não tripulado dos EUA , tipo drone, invadiu ilegalmente o espaço aéreo iraniano e foi – com absoluta legitimidade – capturado por meio de uma tecnologia de controle remoto que os norte-americanos não calculavam existir, um simbolismo imenso surgiu diante do Pentágono. Os EUA enviam naves ao espaço sideral, mas não puderam impedir que o controle remoto sobre o drone lhe fosse tomado por aquilo que foi construído em 33 anos de desenvolvimento tecnológico independente.

Ou seja, nestes 33 anos de revolução iraniana, a nação persa adquiriu soberania tecnológica em vários setores, a despeito das agressões e dos boicotes. Ou, exatamente por causa deles, foi obrigada a contar com suas próprias pernas. Hoje, o Irã possui a esmagadora maioria de seus cientistas na idade média de 30 anos dirigindo projetos de excelência tecnológica, entre as quais, a que lhe confere um dos mais avançados programas espaciais do mundo, estando previsto, ainda para 2012, o lançamento de uma nave tripulada ao espaço sideral.

Analfabetismo é um telhadão de vidro – Só para contextualizar um pouco, vale mencionar que o Brasil, denominado a 6a. economia do mundo, não tem ainda qualquer previsão para alcançar a maioridade em matéria de tecnologia espacial. Aliás, não há nem mesmo sequer previsão sobre quando eliminará o analfabetismo, o que a Bolívia, a mais frágil economia do continente, já alcançou, sob o comando de um índio que, na infância, vivendo no norte da Argentina, foi condenado como inepto para a leitura e a escritura. Os telhados de vidro mencionados pela Presidenta Dilma em Cuba, analisando com coragem a hipocrisia que cerca o debate sobre direitos humanos, vale também para outras áreas da política, como o desenvolvimento científico-tecnológico.

Praticamente toda a tecnologia da potente indústria petroleira do Irã foi nacionalizada e está sob o comando de 100 por cento de técnicos iranianos, formados nas modernas universidades que se multiplicaram no país como efeito da Revolução Islâmica de 11 de Fevereiro de 1979. Vale relembrar: 70 por cento dos universitários do país são mulheres, quando na Arábia Saudita as mulheres são proibidas do voto, de dirigir automóveis e são punidas com a degola.

Mas, a mídia imperial silencia sobre os podres do aliado. Desde a Revolução Islâmica, nenhuma iraniana foi punida com a pena de apedrejamento, apesar de todo o dilúvio de mentiras que se lança sobre Sakhineh, cidadã iraniana condenada pelo assassinato do marido – o que é crime em qualquer parte do mundo – mas apresentada ao mundo, cotidianamente, como se tivesse sido condenada ao apedrejamento por adultério.

Os dilúvios de mentiras contra o Irã são cortinas de fumaça para que não sejam desnudados os verdadeiros interesses imperialistas na região: fortalecer Israel a qualquer custo, impedir o desenvolvimento econômico e tecnológico de um país do porte do Irã, com 70 milhões de habitantes, e, por fim, rapinar o petróleo persa, tal como se fez na Líbia, mediante sanguinária ocupação da Otan, com o apoio de uma certa esquerda otanista na Europa.

O progresso do país deve-se fundamentalmente à nacionalização dos setores fundamentais da economia, a começar pelo petróleo, medida adotada ainda sob a direção de Aiatolá Khomeini. Com significativa presença do estado na economia, políticas públicas foram consolidadas nestes 33 anos de Revolução levando a nação persa a praticamente ter erradicado o analfabetismo que na época da ditadura do Xá alcançava mais de 90 por cento da população. O salto educacional e cultural do Irã neste período é digno de nota. Com a expansão universitária, a multiplicação de centros científicos, o Irã tem hoje indústria própria nos setores de automobilismo, aeronáutica, armamentos, navegação, ferrovias, tratores, setor petroquímico, farmacêutico.

Humanismo e estratégia comunicativa – No plano da cultura, deve-se refletir acerca das repetidas premiações do talentoso cinema estatal iraniano, prêmios alcançados apesar da hostilidade midiática ocidental, da hegemonia esmagadora de Hollywood, e da ditadura da estética da mediocridade a que a humanidade está submetida. O cinema iraniano pensa o gênero humano, convida a refletir sobre causas nobres, promove a delicadeza do olhar, da sonoridade, de uma plástica que acaricia o pensamento e eleva a capacidade inteligente. Conquista também da Revolução Islâmica. Se os iranianos fazem bom cinema, provavelmente poderão fazer também boa televisão: para comunicação com o mundo, nasceu a HispanTV, canal iraniano de tv em espanhol, indicando visão estratégica por lá. Na Era Vargas, que o FHC tentou destruir, a Rádio Nacional era a terceira mais potente emissora do mundo, irradiava em 4 idiomas, chegava aos quatro cantos do mundo. Ainda hoje, a TV Brasil não pode ser sintonizada plenamente nem em toda a cidade de Brasília.

É isto e muito mais o que se pretende esconder e destruir por meio de sanções, pela agressão militar do Iraque, quando Sadam esteve fazendo o serviço sujo para os EUA. E é isto o que se pretende demolir também com os sinistros atentados, os assassinatos de renomados cientistas, e com a acusação de que o Irã é um perigo nuclear para a região e o mundo. Ora, o Irã nunca agrediu nenhum país, ao contrário de Israel que agrediu e foi derrotado no Líbano, do próprio Iraque antes, da Arábia Saudita e do Qatar, que participaram da agressão à Líbia, sob as bênçãos da esquerda otanista, que ainda hoje aplaude a TV Al-jazeera , mesmo que a emissora tenha sido totalmente tragada pela indústria petroleira dos EUA.
Israel tem 300 ogivas e acusa o Irã?

Israel , com 300 ogivas nucleares, brada que o Irã é que é o perigo para a humanidade. Ao contrário, o Irã é um berço da humanidade, ali se elaborou a primeira carta de direitos humanos universais que nossa civilização tem notícia, inscrita no Cilindro de Ciro.

Em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Mahmud Ahmadinejad, fez proposta límpida e cristalina, até hoje escondida e sonegada á humanidade pelos meios de desinformação do capital: Energia Nuclear para todos, Armas Nucleares para Ninguém!!!! A criminosa hipocrisia dos países super-armados, mas que se esforçam para impedir que esta informação circule dá a medida dos planos sinistros que se preparam contra a nação persa, já postos em marcha, com agressões externas encobertas, contra a Síria. Mas, o alvo é outro.

As relações entre Brasil e Irã progrediram muito durante o governo Lula. É bem verdade que houve um voto matreiro do Brasil na ONU aliando-se à hipócrita campanha dos direitos humanos e que teve como alvo o Irã, autorizando o país que mais carnificina faz a seguir com suas sanções e pressões contra os persas. No entanto, é bem provável que algo esteja sendo rediscutido com mais realismo no Itamaraty quando o tema é direitos humanos. Com mais de cem homicídios em poucos dias de greve da PM na Bahia, com novo assassinato de jornalista no Estado do Rio de Janeiro, é preciso avaliar com mais rigor e concretude o tema direitos humanos. Especialmente após a Presidenta Dilma ter lembrado que, nesta matéria, todos têm telhado de vidro, o que na prática, desautoriza o próprio voto brasileiro na ONU contra o Irã, logo no início do governo.
____
Beto Almeida é jornalista e presidente da TV Cidade Livre de Brasília

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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