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Um e-book para saber como morar lá fora

(Publicado originalmente em Ter, 27 de Janeiro de 2009 19:41)

Os e-books são livros digitais que você pode ler no PC, laptop, celular ou em gadgets específicos. Eles estão pululando por aí.

Como quaisquer livros convencionais, tratam de literatura, política, economia, experiências pessoais, turismo, auto-ajuda etc. Embarcando nessa onda, o brasileiro Guilherme Leite, 24 anos, engenheiro e entusiasta da informática, recentemente chegado à Cracóvia (cidade do finado papa João Paulo II), na Polônia, acaba de editar o e-book “Como mudar de país sem se preocupar”.  No livro, que já está sendo comercializado pelo Mercado Livre, e anunciado pelo Google, Guilherme conta a realização de seu sonho de morar no estrangeiro, depois de abandonar uma situação cômoda, tanto sob o aspecto econômico e social como afetivo.

Empolgado com a experiência, ele quis passar aos contemporâneos, sobretudo à juventude,  os momentos,  de alta tensão que viveu para deixar o torrão natal e as vicissitudes que enfrentou, desde que passou a distribuir seu currículo mundo afora. Mais, ele pretende mostrar, com fatos que viveu (e ainda vive), como é emocionante a aventura de quem, depois de muito se municiar de informações e dos meios mínimos indispensáveis,” jogar tudo para o alto” na sua terra e tentar “o desconhecido” lá fora.

O país que escolheu não é exatamente uma terra glamurosa e faz parte da Europa pobre, ou seja, a do Leste. Aquela que, até 1991, era comandada pela antiga União Soviética e o sonho libertário de implantar o socialismo. Nada mais distante dos padrões de consumo do brasileiro, mais afeito aos gases néons da Time Square, aos jardins do Champs Elisées e às vitrines da Via Vêneto ou da Oxford Street.

Mas é justamente na raquítica, mas culta – e educada – Polônia , que Guilherme se sentiu desafiado para iniciar sua experiência forânea: “Não tinha pensado na Polônia antes”, ele relata. “Morar num país onde a língua é de origem eslávica, pode ser assustador. O idioma é uma derivação do russo, mas com o alfabeto ocidental. Não parece em nada com inglês, espanhol ou  francês”.

Foi nesse desafio que ele pôde, justamente, dar vazão à sua grande energia e inquietude. A partir dali e impelido pela necessidade, passou a desenvolver outras habilidades, como a mímica, o sorriso largo e o bom humor para conseguir comunicar-se. Ele ainda aprendeu a domar o frio inclemente de alguns graus abaixo de zero. Um casaco de quase cinco quilos é uma das peças fundamentais de vestiário que sugere para o brasileiro não ser devorado pela neve. E nunca desanima, até briga com quem tenda a esmorecer:

“Com esse choque inicial é que comecei a abrir minha cabeça para dar um novo rumo à minha vida. Impressionante quanta coisa eu não tinha interesse de saber antes. Foi aí que senti mais vontade de conhecer. Não entrei em pânico. Fiquei tranquilo, pois li muita coisa na rede que confirmava minha informação de que boa parte dos nativos, particularmente os estudantes, falavam inglês. Isso me tranqüilizou um bocado”.

No seu segundo dia de Polônia (ele chegou em pleno domingo), Guilherme depara-se com um ambiente hostil: “Tinha o tempo frio pesando, de um lado, e, de outro, a necessidade de conhecer o caminho para o trabalho.  No dia seguinte seria segunda-feira e, bem, não poderia contar com alguém para ficar de babá para mim. Tinha que aprender como chegar ao trabalho”.

Qual foi sua solução? “Comecei, então, a decorar os passos que deveria tomar para ir ao trabalho. Como meu senso de direção não é dos melhores, fui anotando todos os detalhes, de qual rua, de qual ônibus, a hora que chega, a hora que sai, quanto tempo demora o percurso. Enfim, não queria me atrasar no meu primeiro dia de trabalho”.

Ele é fluente em inglês e tem um espanhol sofrível. Acontece que a maioria dos poloneses não usam o inglês ou o espanhol como segunda língua, por causa da influência do russo. Mas Guilherme encontrou uns atalhos muito úteis, que podem servir de guia para o estrangeiro latino perdido naquelas distantes plagas:

“Os poloneses tendem a ser bastante amigáveis. Sempre que precisar, você pode perguntar a um estudante ou a uma pessoa mais nova, que ela saberá um mínimo de inglês para te ajudar. As pessoas mais idosas têm uma grande dificuldade em falar inglês, pois devido ao comunismo, muitos não tiveram a oportunidade de aprender a língua de Shakespeare. Muitos se esforçam, e também tentam mímicas. Pode ser muito divertido”.

O e-book é divertido, traz algumas historinhas de tropeços e sufoco no cotidiano polonês e europeu.  E transmite um otimismo exacerbado que só mesmo o Guilherme, que eu conheço bem (por acaso ele é meu filho), pode passar ao mais insensível dos viandantes. FC Leite Filho

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leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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