quinta-feira, novembro 21, 2024
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Unasul, unida, se articula para peitar a crise

Os sinais de que um novo ataque especulativo poderá esfumar os 700 bilhões de dólares das reservas internacionais dos 12 países da América do Sul, levaram os chefes de Estado, a se articularem, através da Unasul, para enfrentarem, unidos, os riscos que se avizinham. Um dos sintomas da crise, que se afigura inevitável, com ou sem o acordo pela dívida dos Estados Unidos, é que o Brasil fechou o semestre com um passivo externo líquido de 1,5 trilhão de reais.
Reunidos na quinta-feira, em Lima, no Peru, e depois reiterados na reunião das presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina, e do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, em Brasília, representando as duas economias mais fortes da região, os chefes de estado sul-americanos decidiram responder ao ataque financeiro com um programa de mais inclusão social e educação, para aumentar e dinamizar seus mercados internos, a exemplo do que vem fazendo a China, e, de certa forma, o Brasil, Argentina e Venezuela.

A novidade nessa nova investida da Unasul (União das Nações Sul-Americans, é o empenho demonstrado pelo presidente da Juan Manuel Santos, da Colômbia, país até há pouco reticente com a integração latino-americana por causa de seus fortes vínculos com os norte-americanos. Santosfez uma intervenção veemente na reunião de Lima, ao pedir a convocação dos ministros da Fazenda do subcontinente para acordarem quanto às medidas a serem adotadas: “É preciso” – disse ele – “que o bloco (de nações) faça algum tipo de manifestação que permita fixar posição frente a uma realidade que está desvalorizando o valor de nossas reservas e nos tirando a capacidade de gerar empregos. A América Latina está sentada sobre (uma reserva de ) 700 bilhões de dólares. Qualquer sinal ou indicação que possa sair de uma reunião desses ministros da Fazenda vai ter um peso específico. Se queremos ser relevantes como Unasul ou como América Latina, esse é o tipo de conjuntura que não deve passar por alto”.

Na reunião de Lima, e depois em Brasília, onde inaugurou a nova embaixada argentina, a presidenta Cristina Kirchner ressaltou a necessidade de reforçar a política social, como política econômica para, não só consolidar o que já foi feito pelos diversos governos progressistas latino-americanos, como também continuar incorporando ao mercado comunidades que dêem sustentabilidade  ao crescimento que vem tendo a nossa região: “Superar as desigualdades não deve ser apenas uma política social, mas também econômica. Precisamos de mais e melhores consumidores”.
Já a presidenta Dilma Roussef, que fez sua estréa na diplomacia através de um chamamento à Unasul para que se articule e dê respostas prontas para a crise, recalcou, igualmente em Brasília, sua preocupação com o que vem ocorrendo: “Este novo quadro internacional traz, de um lado, o aumento da liquidez nos nossos países, provocando a desvalorização do dólar e a valorização artificial de nossas moedas, e de outro, a invasão descontrolada de produtos, porque o mundo desenvolvido não tem consumidores para a sua produção”.
Finalmente, o presidente do Equador, Rafael Correa, fez ver na reunião da Unasul, em Lima, a urgência para estabelecer uma economia regional que não dependa do dólar e não seja tão vulnerável às crises econômicas mundiais. Exemplificou que já existem mecanismos em pleno funcionamento, como o Banco Sul  e a moeda virtual Sucre, criada e em vigor entre os países da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da América), constituída pela Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador e Cuba e outros países do Caribe). São alternativas, segundo ele, que poderão ser implementadas e ampliadas em nível mais amplo e racional.

Veja também:

Intervenção do presidente Juan Manuel Santos

Vídeo-entrevista com Marco Aurélio Garcia

leitefo
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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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