Mariela Castro Espín, presidenta do CENESEX, Centro de Educação Sexual de Cuba, esteve na semana passada em Brasília para participar de um seminário da Secretaria dos Direitos Humanos contra a discriminação sexual e a homofobia. Esta psicóloga e pedagoga, casada com um italiano e mãe de três filhos, filha do presidente Raul Castro e de Vilma Espín, heroína da revolução e pioneira da luta pela emancipação da mulher. Seu trabalho em favor da liberdade sexual chamou a atenção dos setores progressistas de muitos países, fala sobre sua experiência, nesta videoentrevista com o jornalista Beto Almeida, da TV Cidade e da Telesur.
Uma de suas conclusões é que, apesar de todos os avanços sócio-econômicos, educacionais e científicos da revolução cubana de 1959, o machismo ainda resiste na ilha, com todos os progressos obtidos a partir do novo código penal, do final da década de 70: “Nasci numa sociedade patriarcal e homofóbica, na revolução”, diz ela (nascida em 1962, portando três anos após a ascensão de seu tio Fidel Castro), tentando demonstrar quão arraigada está a questão discriminatória, não só contra os gays mas contra o papel da mulher na sociedade.
“Era uma questão (considerada) tão natural, que nem sequer era questionada”, lembra Mariela, ao observar que a Cuba revolucionária e transformadora reproduzia acriticamente aquela relação de dominação, misógena e homofóbica, qeu só foi sendo superada com a mobilização da sociedade, a partir do trabalho de Vilma Espín, presidenta da Federação da Mulher Cubana, e prosseguiu com as medidas adotadas a partir do final dos anos 70, com uma nova mentalidade daí surgida. Não obstante, Mariela Castro adverte que ainda há muito por fazer em Cuba e em muitas partes do mundo, sobretudo nos países ricos, como na Europa, Estados Unidos e no Canadá, em que a mulher percebe um salário médio bem inferior ao do homem.
Ela reconhece avanços em países como o Brasil, por exemplo, que convocou o seminário internacional para debater o tema e adotou algumas outras providências em favor dos discriminados, mas sustenta que a questão só será superada com leis, políticas públicas, campanhas educativas e mobilização da sociedade.