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Crítica do filme Como festejei o fim do mundo

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Pela visão de um garoto, tem-se em Como Festejei o Fim do Mundo, primeira realização de Catalin Mitulescu, premiada em Cannes (2006), uma crônica poética, às vezes farsesca, mas de cunho realista, sobre as dificuldades de uma família romena ao final da era comunista sob a ditadura de Ceausescu.
A película – que tem como produtores associados Martin Scorsese e Wim Wenders – inclui também, por meio de imagens documentárias, relato histórico da queda do regime que, na Romênia, se concretizou por um banho de sangue. Mas mostra principalmente, pelo argumento, a situação de decadência do país, simbolizada, ao início, pela saúde debilitada do menino Lalalilu Matei (Timotei Duma), levado ao
hospital pela irmã Eva Matei (Dorotheea Petre).
O roteiro, de Mitulescu e Andreea Valean, premiado no Sundance Festival, se
desenvolve, portanto, pelas confidências trocadas entre os dois irmãos. Eva é
responsabilizada, pelo conselho de disciplina da escola, assim como o seu colega e vizinho, Alex (Ionut Becheru), pelos danos causados a um busto de mármore de Ceausescu, que caíra do pedestal, quando ambos por perto dele passavam. Como Alex é filho de policial (Grigore Gonta), nada lhe acontece, mas ela é expulsa e mandada a uma
escola profissional. No novo ambiente, Eva conhece Andrei (Cristian Vararu), filho de pai contestador do regime que, em pouco tempo, se muda também para a sua vizinhança. Enquanto Eva se destaca, na escola, por suas atividades musicais – como cantora e instrumentista -, na casa de Andrei os dois se preparam, não em sigilo, pois são espionados por Lalalilu e seus amiguinhos, para deixar o país, fugindo a nado pelaságuas poluídas do Danúbio rumo à Iugoslávia.
Da mesma forma que a irmã, Lalalilu se projeta na escola cantando hinos patrióticos e declamando poemas de sua autoria em homenagem ao ditador, que sofre críticas bem humoradas, em seu âmbito familiar, de seu pai, Gregore Matei (Mirceia Diaconu), e de seu amigo Tarzan (Marius Stan). Entusiasmados, os professores de música o escolhem para integrar um coro infantil que irá cantar para o presidente. Mas, antes que isso aconteça, Lalalilu se reúne com os demais cantantes dentro das valasprofundas de sua rua a fim de tramar com eles o assassinato de Ceausescu.
Mitulescu explora a diferença de tonalidade das imagens de Marius Panduru para dar destaque à ambientação realista de sua narrativa, que é, às vezes, dinamizada pelo toque do absurdo, do nonsense de algumas sequências ou mesmo pelo burlesco de outras, como a cena em que o pai de Lalalilu lhe aparece sob o disfarce do ditador. Mas
certo tom de nostalgia também envolve o trabalho de Mitulescu, especialmente no que diz respeito à fixação das características de algumas individualidades que parecem ser de seus familiares, como ele próprio por sinal admitiu.
Deve-se reconhecer, contudo, que, no preparo dos atores, o jovem realizador aplicou método que remete ao dos mestres do cinema italiano. Timotei Duma, intérprete de Lalalilu, por exemplo, tem comportamento em cena que faz lembrar muito o de Salvatore Cascio em Cinema Paradiso, de Tornatore. Duma é, sem dúvida, a grande
estrela do filme, embora a premiação de Cannes, da mostra Un Certain Regard, tenha sido conferida, também por merecimento, como se há de reconhecer, a Dorotheea Petre por sua atuação como Eva, de personalidade forte e fatalista.
REYNADO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
COMO FESTEJEI O FIM DO MUNDO
CUM. MI-AM PETRECUT SFARSITUL LUMII
Romênia, França (2006)
Duração – 106 minutos
Direção – Catalin Mitulescu
Roteiro – Catalin Mitulescu e Andreea Valean
Produção – Philippe Martin, Catalin Mitulescu, Daniel Mitulescu, Martin Scorsese e
Wim Wenders.
Fotografia – Marius Panduru
Trilha Sonora – Alexander Balanescu
Edição – Cristina Ionescu
Elenco – Dorothea Petre (Eva Matei), Timotei Duma (Lalalilu Matei), Ionut Becheru
(Alex), Mirceia Diaconu (Gregore Matei), Marius Stan (Tarzan), Carmen Ungureanu
(Maria Matei), Cristian Vararu (Andrei).

Pela visão de um garoto, tem-se em Como Festejei o Fim do Mundo, primeirarealização de Catalin Mitulescu, premiada em Cannes (2006), uma crônica poética, àsvezes farsesca, mas de cunho realista, sobre as dificuldades de uma família romena aofinal da era comunista sob a ditadura de Ceausescu.A película – que tem como produtores associados Martin Scorsese e WimWenders – inclui também, por meio de imagens documentárias, relato histórico daqueda do regime que, na Romênia, se concretizou por um banho de sangue. Mas mostraprincipalmente, pelo argumento, a situação de decadência do país, simbolizada, aoinício, pela saúde debilitada do menino Lalalilu Matei (Timotei Duma), levado aohospital pela irmã Eva Matei (Dorotheea Petre).O roteiro, de Mitulescu e Andreea Valean, premiado no Sundance Festival, sedesenvolve, portanto, pelas confidências trocadas entre os dois irmãos. Eva éresponsabilizada, pelo conselho de disciplina da escola, assim como o seu colega evizinho, Alex (Ionut Becheru), pelos danos causados a um busto de mármore deCeausescu, que caíra do pedestal, quando ambos por perto dele passavam. Como Alex éfilho de policial (Grigore Gonta), nada lhe acontece, mas ela é expulsa e mandada a umaescola profissional.No novo ambiente, Eva conhece Andrei (Cristian Vararu), filho de paicontestador do regime que, em pouco tempo, se muda também para a sua vizinhança.Enquanto Eva se destaca, na escola, por suas atividades musicais – como cantora einstrumentista -, na casa de Andrei os dois se preparam, não em sigilo, pois sãoespionados por Lalalilu e seus amiguinhos, para deixar o país, fugindo a nado pelaságuas poluídas do Danúbio rumo à Iugoslávia.Da mesma forma que a irmã, Lalalilu se projeta na escola cantando hinospatrióticos e declamando poemas de sua autoria em homenagem ao ditador, que sofrecríticas bem humoradas, em seu âmbito familiar, de seu pai, Gregore Matei (MirceiaDiaconu), e de seu amigo Tarzan (Marius Stan). Entusiasmados, os professores demúsica o escolhem para integrar um coro infantil que irá cantar para o presidente. Mas,antes que isso aconteça, Lalalilu se reúne com os demais cantantes dentro das valasprofundas de sua rua a fim de tramar com eles o assassinato de Ceausescu.Mitulescu explora a diferença de tonalidade das imagens de Marius Pandurupara dar destaque à ambientação realista de sua narrativa, que é, às vezes, dinamizadapelo toque do absurdo, do nonsense de algumas sequências ou mesmo pelo burlesco deoutras, como a cena em que o pai de Lalalilu lhe aparece sob o disfarce do ditador. Mascerto tom de nostalgia também envolve o trabalho de Mitulescu, especialmente no quediz respeito à fixação das características de algumas individualidades que parecem serde seus familiares, como ele próprio por sinal admitiu.Deve-se reconhecer, contudo, que, no preparo dos atores, o jovem realizadoraplicou método que remete ao dos mestres do cinema italiano. Timotei Duma, intérpretede Lalalilu, por exemplo, tem comportamento em cena que faz lembrar muito o deSalvatore Cascio em Cinema Paradiso, de Tornatore. Duma é, sem dúvida, a grandeestrela do filme, embora a premiação de Cannes, da mostra Un Certain Regard, tenhasido conferida, também por merecimento, como se há de reconhecer, a Dorotheea Petrepor sua atuação como Eva, de personalidade forte e fatalista.REYNADO DOMINGOS FERREIRAROTEIRO, Brasília, Revistawww.theresacatharinacampos.comwww.arteculturanews.comwww.noticiasculturais.comwww.politicaparapoliticos.com.brwww.cafenapolitica.com.brFICHA TÉCNICACOMO FESTEJEI O FIM DO MUNDOCUM. MI-AM PETRECUT SFARSITUL LUMIIRomênia, França (2006)Duração – 106 minutosDireção – Catalin MitulescuRoteiro – Catalin Mitulescu e Andreea ValeanProdução – Philippe Martin, Catalin Mitulescu, Daniel Mitulescu, Martin Scorsese eWim Wenders.Fotografia – Marius PanduruTrilha Sonora – Alexander BalanescuEdição – Cristina IonescuElenco – Dorothea Petre (Eva Matei), Timotei Duma (Lalalilu Matei), Ionut Becheru(Alex), Mirceia Diaconu (Gregore Matei), Marius Stan (Tarzan), Carmen Ungureanu(Maria Matei), Cristian Vararu (Andrei).

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