(Publicada originalmente em Sex, 29 de Maio de 2009 12:28)
A revista Carta Capital completa 15 anos incólume à tentação do pensamento único. Nascida mais ou menos ao mesmo tempo que o neoliberalismo, na virada do milênio, a revista nem por isso nele se engajou. Ao contrário dos outros veículos de alcance nacional, ela combateu com veemência e muita elegância a tempestuosa corrente que arrastou governos, mídia e instituições das mais veneráveis para o desmantelo dos Estados-Nações.
Solitária e, por isso mesmo, vítima das pressões mais descabidas, Carta Capital funcionou como única válvula de escape para o contraditório. Nas suas páginas de alto bom gosto e de muita profundidade, os leitores puderam encontrar análises e perspectivas que muito diferiam das notícias pasteurizadas, que a todo minuto nos bombardeiam a TV, os jornais, as rádios e as outras revistas . A solução para nossos problemas crônicos não era a engorda descontrolada dos mercados e dos capitais especulativos, que acabaram levando ao estouro da bolha.
No seu 15o. aniversário, que coincide com a fase mais dramática da última crise do capitalismo, Carta Capital pode orgulhar-se de constatar: “O mundo pode ter entendido que a especulação neoliberal nutre-se de ventaia, ao contrário da produção do capitalismo disposto a enfrentar o risco”. Fundada e dirigida por Mino Carta, autor de outras publicações do porte de Veja, Istoé e Jornal da Tarde, mas engajada em outra visão de Brasil e do mundo, a revista diz buscar a qualidade e boa informação.
“Carta Capital empeha-se em exercer o jornalismo em que acredita, baseado na fidelidade canina à verdade factual, na aplicação diuturna do espírito crítico, na fiscalização desabrida do poder”, diz Mino, em seu artigo de apresentação, acrescentando: “Não se expõe a sardinha à brasa de ninguém com o intuito de favorecer este ou aquele. Respeite-se o império dos fatos, nunca poluídos pela opinião. Carta Capital jamais esconde o fato , não nega, contudo, a sua opinião, e aferra-se a ela” (FC Leite Filho).