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Crítica do filme A Origem

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Aos sonhadores ou construtores de castelos de sonhos o complexo argumento de A Origem, escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan, pode servir de advertência, pois há nele suficiente informação de que, nesse mundo de tecnologia avançada, existiriam espiões à espreita dispostos a atacá-los. Sim, porque é durante os sonhos que o subconsciente mais atua, trazendo à tona ideias aparentemente adormecidas e sobre as quais os indivíduos não têm qualquer tipo de controle. É um perigo, pois um sonho pode ter efeito semelhante ao de uma droga.

O argumento de Nolan se inspira em estudos do psicanalista alemão Frederik van Eaden (1860-1932), que desenvolveu a teoria, de ordem terapêutica, do sonho dentro do sonho. Narra, portanto, em tom quase sempre de muita ironia – há excelentes diálogos nesse sentido -, a história de Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), que seria um “extrator” de ideias inacessíveis porque ainda incubadas na mente das pessoas. Essa sua habilidade teria dado causa à morte de sua mulher, Mallorie (Marion Cotillard) ou “Mal”, bem como ao afastamento dele da família e de seu país.

No presente, entretanto, como um novo Ulisses, herói da Odisséia, de Homero, Dom Cobb quer voltar para a casa. Está ansioso por isso. Mas, para conseguir retornar ao seu ambiente familiar, a luta vai ser grande, pois terá ele de cumprir uma nova missão, para a qual não se encontra preparado: implantar uma idéia – o processo se denomina inception, título também do filme em inglês – na mente de um executivo Robert Fischer (Cillian Murphy). A tal missão lhe é outorgada por um amigo dos tempos de juventude, Saito (Ken Watanabe), que deseja destruir o império erguido pelo pai de Fischer, Maurice (Pete Postlethwaite), prestes a morrer.

Para dar conta da nova atribuição, Dom Cobb continua tendo ao seu lado Arthur (Joseph Gordon-Levitt), que o ajudou em missões de extração de ideias. Mas ele precisa recrutar ainda Eames (Tom Hardy), um falsário, que muda de aparência nos sonhos; Yusuf (Dileep Rao), um químico, que cria sedativos, e Ariadne (Ellen Page), a mais nova arquiteta de sonhos do mundo, que funciona, na história, como terapeuta do protagonista. Toda essa aventura é mostrada em imagens que, captadas sob efeitos especiais por Wally Pfister, têm o encanto e a magia dos sonhos. São extraordinárias. E ainda sublinhadas pela canção interpretada por Edith Piaf Non, Je Ne Regrette Rien e pelos temas musicais compostos por Hans Zimmer, colaborador de Nolan em Batman – O Cavaleiro das Trevas.

Sob o ponto de vista de estrutura narrativa, Nolan retoma o estilo de Amnésia, seu primeiro filme. Em termos estéticos, porém, ele se reaproxima mais de Batman Begins. Os dois filmes exploram também temas de linha psicológica. Agora, na composição de cenas, ele procura destacar a ideia de que as personagens estariam sendo vistas como pacientes em intermináveis sessões de terapia de grupo até mesmo porque, segundo o roteiro, compartilhariam seus sonhos. Há uma sequência de extrema movimentação sobre montanhas nevadas em que Dom Cobb exige de Eames que tome uma atitude, afirmando-lhe: – O sonho agora é seu!…

Mas é o brilhantismo do elenco que, uma vez mais, coroa, com louros, o trabalho de direção de Nolan. Ele demonstra saber, como poucos, explorar o trabalho dos atores. Leonardo DiCaprio, sempre em evolução, compõe um tipo mais ou menos semelhante ao que interpretara em A Ilha do Medo, de Scorsese. Apesar disso, impõe caráter e personalidade próprios em Dom Cobb. Joseph Gordon-Levitt, revelação de 500 Dias Com Ela, personifica a figura mais enigmática do filme, Arthur, que, por uma interpretação dos sonhos de Cobb, poderia sugerir um lado oculto de sua existência. Marion Cotillard e Ellen Page marcam presença com a beleza e com excelentes representações. Cillian Murphy e Michael Caine – remanescentes de Batman – O Cavaleiro das Trevas – Ken Watanabe, Tom Hardy, Dileep Rao e Tom Berenguer estão, da mesma forma, irrepreensíveis em suas atuações.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
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FICHA TÉCNICA
A ORIGEM
INCEPTION
EUA/Reino Unido / 2010
Duração – 148 minutos
Direção – Christian Nolan
Roteiro – Christian Nolan
Produção – Christian Nolan, Emma Thomas e Jordan Goldberg
Fotografia – Wally Pfister
Trilha Sonora – Hans Zimmer
Edição – Lee Smith
Elenco – Leonardo DiCaprio (Dominic Cobb), Marion Cotillard (Mal Cobb), Joseph Gordan-Levitt (Arthur), Ellen Page (Ariadne), Tom Hardy (Eames), Dileep Rao (Yusuf), Ken Watanabe (Saito), Cillian Murphy (Robert Fischer), Tom Berenguer (Peter Browning), Michael Caine (Miles), Pete Postlethwaite (Maurice Fischer).

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