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Datafolha quer forçar 2o. turno e virar eleição

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Por FC Leite Filho
Como já referi aqui, neste humilde espaço, as pesquisas vão tentar o bote final para virar o favoritismo do candidato popular a presidente da República, no caso Dilma Rousseff. A manha é antiga e a conheço bem, porque a acompanho desde a eleição de 1989. Nessa primeira direta depois de 25 anos de ditadura, a determinação era, primeiro, incensar Leonel Brizola, um líder nacionalista e odiado pelas grandes potências, por ter nacionalizado empresas transnacionais como governador, no propósito de assustar as elites e, desse modo, atraí-las para um candidato conservador, o qual, note-se bem, nem mesmo existia.
Mas isto não era problema, porque os laboratórios do sistema e seu tentacular braço midiático, logo o conceberam, indo buscar seu predileto, na própria fonte oligárquica: um jovem galã, malhado, mas desconhecido governador, lá nas Alagoas, Fernando Collor de Melo. O Wonder Boy (rapaz maravilha), como o alcunhou a revista norte-americana Newsweek, levou menos de seis meses para ultrapassar Brizola . Mas isto não bastava. Urgia tirar Brizola do segundo lugar, porque, detentor de grande liderança e um poder verbal arrasador, significava séria ameaça a Collor, no segundo turno da eleição. A solução foi pinçar um candidato, de preferência, do campo popular, mas que não implicasse risco a Collor. Foi quando Luis Inácio Lula Silva, ainda inexperiente, se viu catapultado de seus meros 5% para passar à frente de Brizola e dar a vitória a Collor no ballotage, a decisão final.
A história, sempre irônica e traiçoeira, se repete nesta presidencial de 2010, 21 anos depois. Foram buscar a Marina Silva no próprio PT, o partido do já agora presidente Lula, para, transformando-a numa simpática candidata verde, não exatamente levá-la ao ballotage, mas dividir os votos petistas e populares, para que o veredito eleitoral ocorra não no primeiro turno, no dia 3 de outubro, e sim no embate final com o candidato tucano e nova flor do conservadorismo, José Serra, em 29 de outubro.
“Ah o Serra está muito abaixo da Dilma e vai perder de novo”, raciocina-se correta, mas perigosamente. Se não houver uma reação forte por parte da campanha de Dilma, com povo na rua, a máquina bestial, como diz Hugo Chávez, vai multiplicar o denuncismo e, com ele, manipular as pesquisas para condicionar o resultado eleitoral e, dessa forma, legitimar uma vitória, ainda que fraudulenta do candidato conservador.
Exemplo ilustrativo desta manipulação é a pesquisa de ontem (27/09/2010) do Datafolha, a que nos referimos acima e que praticamente já decreta, nas manchetes de toda a grande mídia (jornalões, rádio e televisão) numa eleição, que tudo indicava se decidiria no primeiro round, que haverá segundo turno. Não importa que a própria pesquisa indique que exista uma margem de erro de dois pontos, para mais ou para menos, ou seja, que, tanto pode haver como não pode ocorrer o segundo turno. A título de lembrança, o Datafolha é o mesmo instituto, pertencente ao jornal Folha de S. Paulo, que negou, até o último momento a ascensão de Dilma sobre Serra, só o fazendo no início do horário eleitoral, quando não havia mais jeito de encobrir a verdade dos fatos.

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Adendo
O dois dias depois de postar a matéria acima, a pesquisa CNT/Ibope confirmava a tendência de Dilma Roussef já ganhar no primeiro turno. Diz o site do
Estadão: “Se a eleição fosse hoje, a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, seria eleita no primeiro turno, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira, 29, com 50% das intenções de voto, contra 27% de José Serra (PSDB) e 13% de Marina Silva (PV). Outros 8% não sabem ou votarão em branco e os demais candidatos somados chegaram a 1%. Descontados os votos brancos e nulos, Dilma teria 55% dos votos válidos, Serra 30% e Marina Silva 14%”. O curioso é a notícia não foi manchete em nenhum dos sites da grande mídia, em contraste com a pesquisa do Datafolha registrou a “queda” de Dilma. A Folha fez seu estardalhaço, como mostra o facsimile acima: “Dilma cai em todas as regiões e crescem as chances de 2o. turno”. Já O Globo de hoje traz o seguinte manchetão: “Em queda, Dilma pede PT nas ruas e evita briga com Marina”. Por sua vez, o Datafolha, aparentemente, voltando atrás, vem com outra pesquisa na manhã de quinta, 30/10/10, dizendo que Dilma “parou de cair”: “A candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) conseguiu estancar a tendência de perda de intenções de voto dos últimos 20 dias e mantém seu favoritismo na atual disputa eleitoral. Segundo pesquisa nacional do Datafolha, encomendada pela Folha e pela Rede Globo e realizada ontem e anteontem com 13.195 eleitores, Dilma oscilou positivamente um ponto em relação ao último levantamento e tem 52% dos votos válidos na projeção para o primeiro turno.

Veja também:
Os novos exércitos, por Leonel Brizola

A pesquisa do Datafolha

1 COMMENT

  1. é…acho que não se tratava apenas de um golpe. O 2ºT está aí.
    Gosto do PDT, mas esse eterno sentimento de ‘perseguismo’, vítima, conspiração é muito chato.
    Repensem suas posturas…não é porque o resultado é ruim para nós que está errado.

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