Por Reginaldo Nasser (Carta Maior)
No início da revolução iraniana em 1979, havia intenso apoio das potências capitalistas aos movimentos radicais islâmicos em todo o grande Oriente Médio e Ásia Central com o intuito de provocar aquilo que se convencionou chamar “arco de crise”. O objetivo maior, claro, era atingir as regiões muçulmanas da União Soviética. De maneira análoga, pode-se dizer que, 32 anos depois, as revoltas populares na Tunísia, no Egito, Argélia e Iêmen podem ser os sinais iniciais de um novo “arco de crise”, mas agora de autênticas revoluções que poderão varrer o Grande Oriente Médio. O artigo é de Reginaldo Nasser. Uma coincidência: Mubarak caiu no dia 11 de fevereiro, data em que o Irâ comemora o 32o. aniversário de sua revolução.
Há um medo crescente alimentado, em grande parte, pelas elites conservadoras do Ocidente e do Oriente de que futuros acontecimentos no Egito poderão trilhar os mesmos caminhos da revolução que aconteceu no Irã em 1979 tais como: elegeu Israel como o grande inimigo, se envolveu em ações antiamericanas no mundo inteiro, privou as mulheres e as minorias dos seus direitos (como se tivessem direitos sob a ditadura de Mubarak). Numa região repleta de exemplo de ações armadas que atemorizam Israel, EUA e aliados ajudou a criar a imagem de que a melhor forma de combater ativistas islâmicos ( falsos ou verdadeiros) é uma ditadura secular.
No entanto é importante lembrar que, logo no início da revolução iraniana em 1979, havia intenso apoio das potências capitalistas aos movimentos radicais islâmicos em todo o grande Oriente Médio e Ásia Central com o intuito de provocar aquilo que se convencionou chamar “arco de crise”. O objetivo maior, claro, era atingir as regiões muçulmanas da União Soviética, um regime materialista e ateu, de “vital importância para os EUA cujo centro de gravidade é o Irã” como afirmou à época Zbigniew Brzezinski (assessor segurança nacional do presidente Carter). O caos político resultante poderia facilitar a incorporação do american way of life nos inimigos de seus inimigos.
De maneira análoga, pode-se dizer que, 32 anos depois, as revoltas populares na Tunísia, no Egito, Argélia e Iêmen podem ser os sinais iniciais de um novo “arco de crise”, mas agora de autênticas revoluções que poderão varrer o Grande Oriente Médio. Diante de tais fatos, tal como todos outros governos norte-americanos anteriores, Obama, inicialmente preferiu ficar ao lado de seu “aliado leal” contra um movimento que levou a fundo a retórica dos direitos humanos presente em seu discurso no Cairo em 2009. Diga-se, é verdade, que esses momentos revelam a essência da decisão na política externa dos EUA que vai muito além da órbita do presidente da república. Apesar da celebração ritual da sociedade civil, autoridades dos EUA (militares, agências de inteligência e lobbies no congresso) sempre mantiveram fortes ligações com regimes repressivos e nunca mantiveram qualquer tipo de contato com os principais grupos oposicionistas. (Continua…)