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O Wikileaks e as andanças dos embaixadores-informantes

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Por Maria Amaral e Natália Viana, de
Carta Captal

O Brasil do embaixador Clifford Sobel é o sonho de qualquer empresário americano. Se vai à Bahia é recebido por baianas em roupas típicas e termina o dia tomando champagne na casa de Nizan Guanaes. No Sergipe é condecorado com a ordem de Aperipê e deixa-se fotografar dançando e tocando pandeiro ao lado do governador Marcelo Déda. Coleciona histórias de pescarias no Pantanal e aventuras na Amazônia para contar nas rodas de negócios em Belo Horizonte. Sente-se “em casa” em São Paulo, “lembra Nova York”, onde o embaixador faz palestras e reuniões e janta no Fasano. A mulher, Barbara, “loves the Carnival”, passados em camarotes oficiais no Recife, Salvador e no “lindo Rio”, como diz Sobel à revista Caras. Nos 9 primeiros meses de Brasil, conta à revista, o casal visitou onze Estados brasileiros e abrilhantou tantas festas que o colunista Ancelmo Góis chegou a inventar uma expressão para se referir a eles: Party Rice, ou arroz de festa.

Na casa do embaixador em Brasília, que Clifford ocupou entre 2006 e 2009, os convidados se encantam com a elegância agradável das recepções e cerimônias, e Sobel marca jantares e reuniões sigilosas com as fontes cultivadas na animada vida social. O senador Heráclito Fortes (DEM-Piauí), por exemplo, estivera com ele no camarote do governador Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, durante o carnaval. Meses depois, tomou a iniciativa de lhe telefonar na manhã daquele 5 de novembro de 2007 para pedir uma reunião “urgente” sobre um assunto que ele “não podia discutir por telefone”.

Ao embaixador e seu assessor militar, o presidente da Comissão de Relações Internacionais e Defesa do Senado disse que havia uma conspiração entre Irã, Rússia e Venezuela para disseminar ideologia antiamericana e armar os governos e movimentos “populistas” da América do Sul em território brasileiro. E instou para que os Estados Unidos reagissem, sugerindo uma parceria com as indústrias de armas do Brasil e da Argentina para “não atrair publicidade ligando o governo americano ao incremento da venda de armas”. (Continua em Carta Capital)

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