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A crise na Espanha, na visão de Eduardo Galeano

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(De Carta Maior) Em entrevista à Televisão da Catalunha, o escritor uruguaio Eduardo Galeano fala sobre as mobilizações que levaram milhares de jovens para as ruas de diversas cidades espanholas nos últimos dias. “Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo. É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso”.

Untitled from Rebelión on Vimeo.

Galeano esteve em Madri e pode presenciar ao vivo as mobilizações na Porta do Sol. Disponibilizamos abaixo a entrevista concedida ao jornalista Jaume Barberà e destacamos alguns trechos da fala de Galeano:

“Há hoje em quase toda a América Latina um problema visível e preocupante que é o divórcio entre os jovens, as novas gerações, e o sistema político, o sistema de partidos vigente. Eu não reduziria a política à atividade dos partidos, por que ela vai muito mais além, mas isso é preocupante mesmo assim”.

“Nas últimas eleições chilenas, por exemplo, 2 milhões de jovens não votaram. E não votaram porque não se deram ao trabalho de fazer o registro eleitoral. Suponho que a maioria não fez o registro por que não acredita nisso. E me parece que isso não é culpa dos jovens. Neste sentido, gostei muito de ter presenciado essas manifestações que tive oportunidade de ver na Porta do Sol”.

“Um dos lemas que ouvi era ‘com causa e sem casa’, o que é muito revelador da situação atual. Muitos daqueles jovens ficaram sem casa e sem trabalho. Isso deve ser levado em conta. Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo”.

“É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso. É essa estrutura de poder, muitas vezes invisível, que de fato manda. Por isso, quando se consegue aglutinar vozes capazes de dizer ‘basta’ a primeira coisa a fazer é ouvi-las com respeito, sem desqualificá-las de antemão e saber esperar. Esses jovens não parecem esperar ordens de ninguém. Agem espontaneamente, aliando razão à emoção. Como vai acabar isso? Não sei. Talvez acabe logo, talvez não. Vamos ver”.

“O mundo está preso em um sistema de valores que coloca o êxito acima de todas as virtudes. Ele é uma fonte de virtudes. Em troca, condena o fracasso. Perder é o único pecado para o qual, no mundo de hoje, não há redenção. Estamos condenados a ganhar ou ganhar. Os dois homens mais justos da história da humanidade, Sócrates e Jesus, morreram condenados pela Justiça. Os mais justos foram condenados pela Justiça. E nos deixaram coisas muito importantes como amor e coragem”.

Extraído do site da Carta Maior.


1 COMMENT

  1. Eduardo Galeano es un autor que en lo personal apercio mucho por su claridad y bravura al exponer temas. Se trata de alguien que no teme a hacer clara su postura, lo cual le facilita el uso de argumentos expledcitos, mundanos y muy potentes. Creo que este texto complementa muy bien aquellos sobre la modernidad para dejar claras muchas de las razones de edndole econf3mica que han resultado en la situacif3n actual de Ame9rica Latina, la cual sigue siendo sorprendentemente (o no tanto) semejante a la que se viveda hace me1s de cuarenta af1os, cuando el libro fue escrito. Sin pree1mbulos, nos es explicado cf3mo la inmensa riqueza natural de la regif3n es y ha sido su principal causa de miseria, pues “En la alquimia colonial y neocolonial, el oro se transfigura en chatarra, y los alimentos se convierten en veneno”. En otras palabras, entendemos cf3mo la regif3n ha sido entendida, dese su descubrimiento, como una fuente de recursos naturales y humanos para ser explotada por Europa, y posteriormente por E.U.A. Durante la colonia dicha explotacif3n fue expledcita, sin embargo, al tiempo en que se hizo a transicif3n al neocolonialismo, los me9todos de explotacif3n se hicieron menos evidentes. De la mano de una nueva especie de retf3rica e inversiones extranjeras, Ame9rica Latina entrf3 al mercado mundial y ased su explotacif3n quedf3 legalizada. La vigencia del texto es muy clara cuando miramos las tendencias de nuestra poledtica hoy en deda, al tiempo que recordamos el deda de la expropiacif3n del petrf3leo, nos vemos asediados por el mismo discurso de siempre, el que declara que el paeds es incapaz de aprovechar sus recursos por sed sf3lo y que necesita de la mano benigna de la inversif3n privada para salir adelante. “Se hipoteca la soberaneda porque <>; las coartadas de la oligarqueda confunden interesadamente la impotencia de una clase social con el presunto vacedo de destino de cada nacif3n.” Al parecer la colonizacif3n ideolf3gica ha sido exitosa, las mismas estructuras de explotacif3n se reproducen bajo nombres distintos, y lo que es me1s grave, ya no son reconocidas.

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