Quando se lê uma notícia, é preciso separar o fato da propaganda ou do chamado wishful-thinking, expressão corrente no jornalismo para designar o desejo de que uma coisa aconteça. Ora, a notícia do site da Folha, folha.com, publicada às 05:12 hs. de hoje (25/06/2011 – 05h12), dizendo que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, “enfrenta um quadro crítico”, já é suavizada, se não desmentida, no próximo parágrafo, quando reconsidera, afirmando que o quadro é “crítico, não grave, mas crítico, complicado”.
Vice-presidente denuncia plano desestabilizador
Como o objetivo da propaganda é causar impacto, o estrago já fica feito na manchete e no primeiro parágrafo. Na verdade, o leitor, a não ser aquele mais atento, não costuma (nem tem tempo) passar seus olhos além do título e do primeiro parágrafo. Então, ele acaba se confundindo, principalmente quando este tipo de notícia é repetido à saturação pelo descomunal aparato midiático, que abarca os principais jornais, rádios e TVs.
Acresça-se o detalhe de que a matéria da Folha, justiça se faça, utiliza como principal fonte manchete do jornal anti-castrista (foto e texto aqui anexados), consequentemente, anti-chavista, El Nuevo Herald, sustentado pela poderosa colônia cubana de Miami. Esta mesma colônia saiu às ruas, várias vezes, em 2006, quando Fidel Castro caiu gravemente enfermo e passou o governo ao irmão Raúl, não, evidentemente, para saudar o outro Castro, mas para comemorar, finalmente, a “morte” di Fidel. Os jornais de Miami, também se alvoroçaram e deram barrigas homéricas, que deslustram o bom jornalismo. E Fidel está aí, belo e faceiro, agora, cuidadndo do amigo Chávez, no hospital em que antes padecia, esta sim, de grave enfermidade no intestino.
Para sustentar o confrade latino, o Miami Herald, de língua inglesa, já vai adiante (da “morte” de Chávez), a Folha diz que o jornal foca na “ausência de um substituo confiável” na Venezuela. “Segundo os “observadores” anônimos citados pelo rotativo, já que o PSUV – partido que governa a Venezuela – “está divido em facções que se enfrentam e carece de liderança”, se o presidente desaparecesse “deixaria um vazio impossível de cobrir” – sustenta a nossa Folha.
Para completar a empulhação, a notícia do “estado crítico” de Chávez diz que ela utiliza “fontes da inteligência americana”, ou seja, a CIA, que tem interesse redobrado na saúde de Chávez. Uma informação suplementar das “fontes” do El Nuevo Herald indica que “a filha de Chávez, Rosinés, e sua mãe, Marisabel Rodríguez, partiram há poucos dias “com urgência” da Venezuela rumo a Cuba em um avião da força aérea”. Aqui, outra informação deturpada, porque não há nada mais natural que um homem divorciado como Chávez, ter a mãe e os filhos ao lado, sobretudo, quando está sendo tratado num país estrangeiro – e logo Cuba, o eterno espantalho. Se fosse nos Estados Unidos ou na Europa, ninguém ia reclamar.
De qualquer maneira, a doença de Chávez é séria e merece cuidados. Se é só um abcesso pélvico, de si, já complexo, ou mesmo um câncer na próstata, como ainda diz o Herald, o fato é que qualquer ser vivente está sujeito a sair dessa para uma melhor, queiram ou não as cassandras anti-castristas, hoje, cada vez mais açodadas para se apoderar do governo da Venezuela, que presta substancial ajuda à Cuba castrista e revolucionária. Por enquanto, eu confio na informação de Adan, irmão de Chávez e governador do Estado de Barinas, terra natal do presidente, que não negou a seriedade da doença do parente próximo, mas disse que ele poderia voltar num espaço não muito longo, coisa de 10 a 12 dias. Ele visitou Hugo no hospital, quarta-feira, dia 22/06/11.
Veja o vídeo abaixo da Venezuelana Televisão.
Veja ainda:
A notícia do folha.com
Notícia do El Nuevo Herald
Notícia do Miami Herald