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Crítica do filme O Primeiro Que Disse

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O problema, em O Primeiro Que Disse, de Ferzan Ozpetek, não é a abordagem da temática da homossexualidade do protagonista. O que importuna é a comédia não oferecer nada mais que isso, pois a alusão ao amor impossível vivido, em tempos idos, pela avó dele, narrada de forma paralela, só funciona no sentido de que tudo acabe em pizza, ou melhor, num arrasta-pé de congraçamento.

O roteiro, do próprio Ozpetek em colaboração com Ivan Controneo, conta a história de Tommaso (Ricardo Scarmacio), estudante de literatura em Roma, que está de volta ao ambiente familiar, em Puglia, no Sul da Itália. Ele é o filho mais novo dos Cantone, proprietários de uma fábrica de massas, fundada na década de sessenta, a qual vem sendo administrada por seu irmão mais velho, Antonio (Alessandro Preziosi).

A presença de Tommaso em casa tem a ver com o anúncio a ser feito pelos pais – Vincenzo (Ennio Fantastichini) e Stefania (Lunetta Savino) -, durante um jantar, da decisão deles de passar a direção da indústria aos dois filhos. Mas, antes que isso aconteça, Tommaso pretende dizer que não tem planos de voltar a viver em Puglia. Ele quer ficar em Roma a fim de se tornar escritor, já tendo entregado os originais de um livro a um editor. Pretende também abrir o jogo para a família sobre o seu relacionamento amoroso com um amigo (Claudio Cazzolino).

Ocorre, porém, que antes disso, diante da mesa posta, Antonio, que vinha trabalhando há anos na fábrica, muito comportado, declara, para surpresa de todos, ser homossexual, o que leva Vincenzo, católico empedernido, a expulsá-lo de casa e, de imediato, a sofrer um enfarto, numa verdadeira cena de ópera bufa. Tommaso compreende que perdeu a sua chance, pois, na ausência do irmão, tem de assumir a administração da fábrica, enquanto o pai se recupera no hospital.

Ele convive então com as loucuras da tia Luciana (Elena Sofia Ricci), com as frustrações da irmã Elena (Bianca Nappi) e com as intermitentes lembranças da avó (Ilaria Occhini). Até que, um dia, aparece na cidade o seu amante, acompanhado de uma trupe de quatro esfuziantes criaturas, todos seus amigos, que vão deixar evidente para a conservadora família Cantone a situação que Tommaso tentara inutilmente lhe expor. Tudo fica então bastante previsível porque Ozpetek, cineasta turco radicado na Itália, não tem a verve de um comediógrafo.

Tem, sim, a boa intenção de montar algumas cenas em adequação com monumentos arquitetônicos da região de Puglia, e pontuá-las por uma alegre trilha sonora de Pasquale Catalano – na qual se destaca a canção 50Mila, de Nina Zilli – o que, de certa forma, contribui para dar mais alento, desembaraço e até mesmo certo charme à sua narrativa. Dos atores, Ozpetek consegue extrair muito pouco, pois Ricardo Scarmacio, que representa o papel de Tommaso, continua sendo um intérprete inexpressivo, absolutamente destituído de criatividade. Alessandro Preziosi, como Antonio, embora quase não tenha o que fazer em cena – providenciou-se por isso uma aleatória partida de futebol dos dois irmãos com os operários da fábrica –, não parece ser muito diferente de Scarmacio. Ennio Fantastichini, como Vincenzo, faz caretas o tempo todo. E Ilaria Occhini compõe a figura da avó, meio fora do contexto, numa tonalidade excessivamente teatral.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
O PRIMEIRO QUE DISSE
MINE VAGANTI
Itália/ 2010
Duração – 110 minutos
Direção – Ferzan Ozpetek
Roteiro – Ferzan Ozpetek e Ivan Controneo
Produção – Gianluca Leurini e Domenico Procacci
Fotografia –Maurizio Calvesi
Trilha Sonora – Pasquale Catalano
Edição – Patrizio Marone
Elenco – Ricardo Scarmacio (Tommaso), Alessando Preziosi (Antônio), Ennio Fantastichini (Vincenzo Cantone), Lunetta Savino (Stefania), Ilaria Occhini (Avó),
Bianca Nappi (Elena), Elena Sofia Ricci (Luciana), Claudio Cazzolino (Amigo).

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