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Vice-ministro do Irã pede mais reunião com o Brasil

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O vice-ministro do Irã para a Europa e as Américas, Ali Ahani, em viagem pelo Brasil, Uruguai e Paraguai, defendeu hoje a intensificação dos encontros dos países emergentes, nos diferentes níveis, como forma de selar sua unidade e dar uma resposta consequente aos ataques especulativos contra a sua economia, sobretudo agora, com a recidiva da crise econômica mundial.
Citou a propósito o exemplo do Irã, que, juntamente com a Turquia, o Paquistão e outros sete países da região formaram o ECO, um grupo econômico de consultas permanentes que vem firmando estratégias de defesa de sua economia, inclusive com a dispensa do dólar nas transações. Nesse aspecto, ele considerou positiva a próxima reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), marcada para o dia 25 deste, em Buenos Aires, por sugestão do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Ali Ahani, que falou a um grupo de jornalistas blogueiros independentes de Brasília, na sede da embaixada, em Brasília, tendo ao lado o embaixador Mohsen Shaterzadeh, enfatizou a necessidade de esses países – “o Brasil e o Irã, principalmente, que tem posições comuns na medida que representam as economias mais fortes de suas regiões” – de multiplicar seus mecanismos de consulta, através de fóruns, não só bilaterais, como multilaterais, abrangendo os diversos níveis de chefes de estado, ministros e técnicos.
Ele próprio, Ali Ahani, como explicou, faz parte de uma comissão mista Brasil-Irã, que se reúne há 10 anos (é a segunda vez que ele vem ao Brasil) e intensificada a partir do governo Lula, quando foi produzid, em 2010,  a Declaração de Teerã, assinada pelos presidentes do Irã, Turquia e Brasil. Apresentado à ONU, uma solução alternativa para a crise nuclear iraniana, o plano, segundo ele, apesar de boicotado pelas grandes potências e seu aparato midiático, representou um importante marco na diplomacia. É que provou que os países emergentes também são capazes de oferecer e implementar decisões de alto nível internacional.
Ex-embaixador na França e Itália, o vice-ministro ainda pediu atenção dos países emergentes, o Brasil, inclusive, para o fato de que a crise não é apenas financeira eeconômica, mas sobretudo política, na media que ela tem reflexos na subjugação de povos até há pouco livres e emancipados. Citou o exemplo da Líbia, um dos maiores produtores de petróleo, que sofre pesados bombardeios diuturnos dos aviões da OTAN, desmantelando sua infraestrutura e matando milhares de inocentes. “Depois, eles querem vir com suas empresas construtoras para reconstruir o que destruíram, submetendo ainda mais o país às suas vontades”.
Ali Ahani participou de reuniões no Itamaraty, com o assessor especial Marco Aurélio Garcia e o presidente da Comissão de Relações Exteriores e ex-presidente da República, Fernando Collor. Ele segue hoje para Montevidéu e de lá para Assunção.

Ahani propõe mais colaboração com o Brasil para enfrentar a crise mundial

Por Beto Almeida (*)

Em visita ao Brasil, o Vice-Ministro para Europa e América Latina do Irã, Ali Ahani, afirmou que há várias semelhanças entre os dois países que há uma grande potencialidade para que  colaborem mais amplamente visando o enfrentamento da crise mundial. “Brasil e Irã, juntamente com outros países emergentes, podem tomar iniciativas concretas para evitar que os efeitos desastrosos da crise dos EUA e sobretudo do dólar, desabem sobre os demais povos”, conclamou.

Exemplificando as condições políticas para tal colaboração, Ahani comentou o fato da mais recente reunião da Unasul ter se posicionado por uma saída conjunta para fazer frente á crise capitalista, destacando, especialmente,  que tal proposta teve a iniciativa do presidente da Colômbia, cujo governo, é caracterizado por ter posições muito próximas às dos EUA. “Isso demonstra que a realidade vai se impondo objetivamente,  o que revela que podem ser encontradas , conjuntamente, saídas efetivas, não apenas com a Unasul, mas com outros grupos de países, de outras regiões, para a busca de soluções”, declarou

O vice-ministro, que está na Capital Federal  para participar da Oitava Sessão do Grupo de Consultas Brasil-Irã, disse que  a crise econômica dos EUA e dos países europeus  não é passageira e que ela não pode ser superada tão facilmente. ”A ordem econômica mundial ainda é muito dependente dos EUA e do dólar, fazendo com que uma crise desta natureza afete toda a economia mundial”, analisou, proclamando a necessidade de “uma ruptura da economia do mundo com a economia dos EUA”. Para ele , a articulação de países como Brasil, Irã, Venezuela e outros do grupo emergente pode encontrar medidas que reduzam a dependência em relação aos EUA.

A experiência iraniana

Ali Ahani demonstrou grande preocupação com os bombardeios que estão sendo realizados contra a Líbia, destruindo a infra-estrutura e a economia daquele país do norte da África. “É muito grave, pois a Resolução da ONU foi totalmente mal interpretada pelos países da OTAN. Querem não apenas dividir a Líbia, mas também se instalar lá, destruindo estruturas para que depois sejam reconstruídas por empresas multinacionais que são sediadas exatamente nos países membros da OTAN”, denunciou.

Para ele a experiência iraniana prova que os problemas regionais não podem ser resolvidos com intervenções externas. “Soldados europeus ou norte-americanos, depois de 8 anos, não trouxeram nenhuma estabilidade para Iraque ou Afeganistão, não resolveram o problema do terrorismo. É só verificar: depois de tanto tempo de intervenção, houve melhoras? Claro que não!”, declarou. O dirigente da nação persa também lembrou que  até mesmo a questão do narcotráfico se agravou com a presença militar norte-americana no Afeganistão. “Os órgãos de segurança iranianos acabam de apreender 8 mil toneladas de drogas vindas do Afeganistão. A situação está bem pior lá depois da intervenção dos EUA”. criticou.

Eliminando o dólar

Anunciando que a América Latina é uma grande prioridade para a política externa do Irã, Ahani insistiu na necessidade da realização de consultas permanentes entre os países porque, segundo sublinhou, trata-se de uma crise muito complexa. “Medidas técnicas alternativas necessitam de fóruns mais permanentes entre os países que querem trilhar um caminho alternativo”, disse

Ele informou que o seu país praticamente eliminou dólar de várias operações e transações comerciais. “Utilizamos outras moedas que não o dólar e isso permitiu que o Irã não fosse  tão afetado pelas crises mundiais”  declarou  –  lembrando que em operações com 10 países da região da Ásia, entre eles a Turquia e o Paquistão , o dólar foi descartado e as operações comerciais e financeiras são feitas com as moedas locais.

O vice-ministro do Irã, que depois do Brasil visitará também o Uruguai e o Paraguai, disse que o seu governo está muito contente com o novo quadro político latinoamericano alcançado pelo voto popular..” Admiramos como muitos países da região atuam com inteligência, o que reforça nossa decisão de considerar a América Latina uma prioridade”, destacou.

Mídia

Finalizando, Ahani expressou sua satisfação por dialogar com blogueiros independentes brasileiros   –  diálogo que foi gravado pela TV Cidade Livre de Brasília  –  afirmando que há uma monstruosa manipulação midiática para desinformar acerca da realidade do seu país, responsabilizando EUA e  Israel por tal manipulação. “ Vejam a monstruosidade que estão fazendo na Líbia, matando crianças  e mentindo ao mundo dizendo que estão fazendo uma ação humanitária!” exemplificou, lembrando que ,da mesma forma, mentem sobre o seu país, quando grandes redes comerciais de comunicação  –  conforme disse   –  acusam  que o programa nuclear persa, que tem finalidades pacíficas e é acompanhado pela Agência Internacional de Energia Atômica, de ser uma ameaça para a paz mundial. “Falam isto para justificar sua hostilidade contra nosso povo”, concluiu.

Beto Almeida

Membro da Junta Diretiva da Telesur

10.08.2011

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