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Crítica do filme Super 8

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Como o título indica, Super 8, de J.J. Abrams e Steven Spielberg (produtor), é uma ficção científica baseada na história de um grupo de adolescentes que, numa pequena cidade de Ohio, nos EUA, ao final da década de setenta, realiza uma película, rodada com câmara nesse novo e prático formato, quando acontece um terrível acidente de trem causador de grandes transtornos para a vida da comunidade.

Abrams (Star Trek), autor também do roteiro, compõe, inicialmente, o núcleo de sua narrativa com interessantes elementos autobiográficos. Assim, reconstitui, num tom de nostalgia, a cena em que Joe Lamb (Joel Courtney) – seu alter ego – , abalado pela morte da mãe, num acidente, presencia a maneira pela qual seu pai, o policial Jackson Lamb (Kyle Chandler), expulsa violentamente da cerimônia fúnebre Louis Danard (Ron Eldard), a quem responsabiliza por seu infortúnio.

Quatro meses após esses acontecimentos, Charles Kaznyk (Riley Griffiths), amigo de Joe, convida a filha de Danard, Alice (Elle Fanning ) para ser a esposa do protagonista do filme de zumbis que ambos estão para realizar. A equipe – constituída ainda de Preston (Zach Mills), Martin (Gabriel Basso) e Cary (Ryan Lee) – inicia as filmagens numa velha estação ferroviária. Joe se encarrega de fazer a maquiagem de Alice e, depois, fica impressionado, assim como seus companheiros, com a atuação dela numa cena de despedida do marido, pronto para viajar.

A cena, entretanto, é interrompida pela catastrófica colisão de um trem de carga explosiva – procedente de uma instituição militar ultrassecreta de Nevada, que seria, de acordo com a crença local, repositório de naves não identificáveis e outros fenômenos incomuns – com o carro de um professor de Biologia da escola dos jovens, dr. Woodward (Glynn Turman), estacionado no trilho. A desorganização narrativa de Abrams se torna evidente, a partir de então, quando pessoas importantes da cidade começam a desaparecer de forma inexplicável. Em meio a uma atmosfera artificial e exagerada pelo uso excessivo de feitos visuais surgem, por outro lado, personagens enigmáticas como a do Colonel Nelec (Noah Emmerich), que já tivera, no passado, questões não resolvidas com o dr. Woodward.

Abrams se esforça ao máximo para criar uma linguagem que corresponda, num plano mais apurado, àquela por ele usada, com autenticidade, em seus filmes caseiros, nos quais abordava temas que adorava, quando garoto: perseguições, batalhas e monstros. O que consegue, porém, em termos de resultado, é uma medíocre sucessão de clichês inverossímeis que não prende, em momento algum, a atenção do espectador. A transformação da fictícia cidade industrial de Lillian numa verdadeira praça de guerra é feita sob uma estética televisiva em que as situações e as personagens assumem um tom caricatural.

Trabalhar com garotos que nunca atuaram foi, como se verifica, uma tarefa bastante difícil para Adams, que também, sob esse aspecto, nem sempre conseguiu bom resultado. Se Elle Fanning, como Alice, e Joel Courteney, como Joe, conseguem personificar razoavelmente bem suas personagens, os demais, embora fascinados com a aventura, não convencem muito. Entre os adultos, não há destaques a serem feitos. O vulgar tratamento dado ao Colonel Nelec, interpretado pelo bom ator Noah Emmerich (Pecados Íntimos) é, pelo contrário, o que mais se deve lamentar.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
SUPER 8
EUA / 2011
Duração – 112 minutos
Direção – J.J. Abrams
Roteiro – J.J. Abrams
Produção – Steven Spielberg, J.J. Abrams, Bryan Burk e Guy Riedel
Fotografia – Larry Fong
Trilha Sonora – Michael Giacchino
Edição –Maryann Brandon

Elenco – Kyle Chandler (Jackson Lamb), Elle Fanning (Alice), Joel Courtney ( Joe), Gabriel Basso (Martin), Noah Emmerich (Nelec), Ron Eldard (Louis), Riley Griffiths ( Charles), Ryan Lee ( Cary, Zach Mills (Preston) e Glynn Turman (Dr. Woodward).

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