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Venezuela, às vésperas da instalação da CELAC

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Impressões de Helena Iono (*), enviada especial a Caracas – Os 33 chefes de estado e suas equipes (dizem que a Dilma, que chega amanhã, 30/11, traz 80 pessoas) que aportam nesta capital para a reunião da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), entre 1 e 3 de dezembro, vão presenciar muita coisa do que está ocorrendo nestes tempos de revolução bolivariana. O país, que antes importava até alface de Miami, hoje caminha firme para a industrialização. Veja-se o exemplo dos russos. Eles vão aplicar aqui a álcool química, como faz a Brasken e a Petrobrás, no Brasil fabricar plástico a partir da mandioca.

Igualmente, são inúmeros os acordos feitos com os chineses, cubanos e russos (e também o Brasil, e penso que a Dilma e delegacão brasileira vai discutir agora no encontro bilateral antes da CELAC) !!! O processo não é de pura e simples importação de produtos, mas de transferencia de tecnologia.

Outro dia, num ato em que o vice-presidente Elias Jaua, no bairro 23 de Janeiro, anunciava a Lei de Custo e Preços congelados (para 18 produtos básicos), o presidente Hugo Chávez, reiterou, em mensagem telefonica ao vivo, que os venezuelanos estão conscientes de que além de importar (de China, Russia, Brasil, Argentina) é preciso “industrializar” com urgencia e desenvolver a indústria nacional com matéria prima local. E que, nesse sentido, a relação com os chineses ia acelerar esse processo; comecara já a fabricar os tais dos celulares Orinóquia, satélites, perfuradoras de prospeccão de petróleo etc. O governo está importando milhões de geladeiras, televisoes e máquinas de lavar roupa e o estado subvenciona para revender no Fundo Bicentenário para a populacao a precos baixos a pagar em crédito, dentro do programa “Missão Mi casa bien equipada”. Lembrou que já estão por fabricar no país esses eletrodomésticos.

Vi também um documentário muito bom de mulheres trabalhadoras chinesas com capacete trabalhando na Bacia do Orinoco com trabalho no terreno, instalando a fábrica de produção de perfuradoras. O que dá aqui é chines pra tudo quanto é lado, técnicos, trabalhadores, visto com enorme simpatia pelas pessoas.
Acabou de se realizar a Comissão Mista de alto nível que firmou 9 convénios e 60 acordos de todo tipo. Vi pela metade uma entrevista que o Ernesto Villegas fazia na televisão estatal VTV (as 7 hrs da manhá) com um economista que explicava as relaçoes com a China, diferente das como foram até hoje, depentes dos grandes bancos estrangeiros.
Fizeram um empréstimo de 30 bilhóes de dólares da China, que pagam com envio de combustível, hidrocarboneto, petróleo, por um lado; por outro, com importação de produtos (como estão fazendo com os eletrodomésticos); e por outro, pagando com dinheiro, mas disse que, o empréstimo não é para pagar salários, etc.., mas sim para projetos, então a coisa é diferente. Penso que ele queria dizer que há menos condicionamento e implicação social (como o FMI, que impõe cortar gastos na aposentadoria, privatizar, etc…); e os juros seguramente são mais baixos. Nessa despedida que o Chávez fez à comissão msta China-Venezuela, ele leu trechos do “Estado e Revolução” (Lenin) dirigindo-se ao ministro Loyo, da Agricultura (que havia que ler) e aos chineses, trechos de Mao-Tse-Tung de que “moveremos montanhas”. Os chineses estavam entusiasmados, com olhar sorridente, todo o tempo, e não falavam somente de acordos tecnológicos, mas do sentido de compromsso entre dois países que perseguem a paz e a justiça social.

Sem dúvida de que já existe plena consciencia do governo de que há que industrializar e desenvolver a industria nacional. Mas, ao mesmo tempo estão conscientes de que estamos já em plena guerra promovida pelo imperialismo e, portanto o intercambio economico, tecnologico, financeiro (Banco do Sul, e o do Fundo Latino americano de Reservas que Chávez propoe para que se guarde o ouro comum, moedas, sucre), é obrigatório para ganhar ritmos e prazos, sem abandonar um projeto próprio de desenvolvimento nacional (que pode durar uns 2 anos). A CELAC, Unasur, vai nesse sentido. É o que J. Posadas dizia da Federação Socialistas dos países de A.L., integrando, trocando produtos, etc….

E hoje, o vice-presidente, Elias Jaua, está indo a Moscou para firmar vários acordos e preparar a realização de uma Comissão Mista de alto nível com a Russia. Chávez, ontem mencionou a Putin (e também Medvedv) e sobre sua posição firme na defesa de Siria, e voltou a reiterar que não ocorra mais como na Libia, que o império assassinou seu líder Kadafi e desmantelou metade do país. Reiterou que a oposicão movida pelos EUA, e com ajuda de Uribe, estão armando um golpe. Mas, reiterou que aqui, nunca mais pisarão neste lugar (desde Miraflores).

Depois, lhes conto as várias Missões sociais, e leis no Parlamento, e decretos presidencias que estão saindo no plano social, para as mulheres e adolescentes grávidas pobres, inválidos, pensionados, lei de aluguéis, de controle de preços básicos de primeira necessidades.

Os problemas, as dificuldades, expressas em sabotagens ou no funcionamento burocrático nas instituições, são outras questões que se constantam no dia a dia, logicamente são entraves para uma direção como Chávez, que é uma fortaleza (superando a sua enfermidade, com muita determinação junto a seu povo e aos seus ideais socialistas). Mas, mesmo em meio da contracorrente, de ter que moralizar e criar uma consciência socialista em médio ou baixo nível da sociedade venezuelana, constato que há muitos quadros que se estão construindo, de grande valor teórico e moral, com os quais consigo conversar, que estão apaixonados pelo processo, valorizam a Chávez, não dormem, e trabalham muito nos campos em que atuam.
(*) Helena Iono, produtora internacional da TV Cidade Livre de Brasília, militante social e consultora do Café na Política, conhece a fundo a revolução de Chávez, na Venezuela, onde já esteve várias vezes, durante prolongados períodos.

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