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Doença de Chávez: não dão as barrigas de Bocaranda

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A doença do presidente da Venezuela acabou evidenciando a encarniçada disputa subterrânea que travam, no melhor estilo da guerra fria, serviços secretos como a CIA americana, o Mossad israelense, o G2 cubano e, mais recentemente, o SEBIN (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional), instalado em 2009, em Caracas, mediante a assessoria de Cuba. No fundo, está o controle do petróleo e do gás daquele país caribenho.

O jornalista Nelson Bocaranda, de 67 anos, com livre trânsito na CIA e entre os grupos anti-castristas de Miami, converteu-se de repente em mito do jornalismo, principalmente o brasileiro. Seu feito maior: revelou, em primeira mão, o câncer de Hugo Chávez, em junho de 2011, e a reincidência deste, em março último, desmontando uma operação de acobertamento do governo.

De repente os jornalões de todo o continente passaram a dar com destaque os furos e comentários de Bocaranda, erigindo-o como como uma espécie de oráculo do futuro de Chávez, da Venezuela, e, por que não dizer, da democracia supostamente ameaçada pelo “vil tirano”.

Só que esses mesmos jornais e colunistas com blogs na internet “esqueceram” de noticiar as muitas barrigas, termo jornalístico para notícia falsa ou inventada, que o celebrado periodista passou a difundir a partir de sua conta no Twitter e no seu site runrun.es (runrún significa boato em espanhol).
Uma delas foi que Chávez iria se encontrar com o Papa, na recente viagem a Cuba. Desmentida a notícia pelos próprios fatos, Nelson Bocaranda insistiu na barriga e anunciou que Chávez teve, sim, um encontro com o Papa, mas que fora secreto, e de apenas cinco minutos, em Havana, sem que ninguém tivesse confirmado.

Agora, neste feriado de Sexta-feira Santa, os jornais se precipitaram em repicar com especial alarde, uma outra barriga do novo herói midiático: a de que Chávez viria este fim-de-semana ao Brasil para tratar-se no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A visita a Lula, também convalescente de câncer, este por sorte já curado, cogitada numa nota do governo venezuelano sobre um telefonema de Lula Chávez na quinta-feira, era apenas uma fachada para acobertar o tratamento no Brasil que se supunha secreto.

O colunista principal e blogueiro de O Globo, e maior porta-voz de Nelson Bocaranda no Brasil, Merval Pereira, alvorouçou-se, publicando com estardalhaço, aparentemente sem checar o conteúdo, em seu muito visitado blog de 5.4.2012, às 17h13m, a seguinte bomba jornalística:
“O Presidente venezuelano Hugo Chavez pode anunciar a qualquer momento uma viagem ao Brasil para se internar no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. Ele teve um choque com o tratamento de radioterapia a que está se submetendo em Cuba, e há especulações de que sofreu problemas intestinais que poderiam ser originários da metástase. A viagem ao Brasil é indicativa de que seu estado de saúde se deteriorou nos últimos dias. O jornalista Nelson Bocaranda colocou em seu blog www.runrun.es notícias sobre possíveis erros no tratamento em Cuba”.

Chávez nem se preocupou em desmentir a informação ou desinformação, limitando-se a afirmar: “Não sei o que disseram mas, de tanto que dizem, eu, às vezes digo ao Nicolás (Maduro, o chanceler) e Elias (Jaua, o vice-presidente): se vamos ficar todos os dias respondendo a boatos, é uma perda de tempo”. Em seguida, confirmou sua volta a Cuba, neste sábado: “Amanhã (sábado, 07/04/12) à noite viajo a Havana para continuar a batalha pela saúde e pela vida”.

Na verdade, Chávez parece mais preocupado em resguardar sua segurança pessoal, que não seria garantida em São Paulo, como demonstra o noticiário segundo o qual o Hospital Sírio-Libanês teria se recusado a entregar ao Exército brasileiro a vigilância do andar em que supostamente ele seria tratado. A morte repentina do líder palestino Yasser Arafat no hospital militar de Percy, em Paris, em 11 de junho de 2004 poderia reforçar essa preocupação. Ele tinha sido levado da Cisjordânia para a França, depois de ter seu estado de saúde agravado por desmaios e perda de consciência. Os palestinos alegam que seu líder foi envenenado pelos israelenses, enquanto os jornais de Tel Aviv insinuam que Arafat teria morrido de aids.
Hugo Chávez, por outro lado, passou a ser o homem mais procurado pelos serviços secretos do Ocidente, talvez até mais do que Fidel Castro, cujo país não tinha petróleo. Hoje a Venezuela, o quinto maior produto do mundo, tem reservas já atestadas pelos Estados Unidos como maiores do que as da Rússia e Arábia Saudita. Ora, se Fidel teria sofrido 638 atentados contra a vida (a CIA admitiria apenas 200), como noticiou o Canal 4 de Londres, a segurança do enfermo presidente só tenderia a ser mais rígida.

Silver River em associação com o Channel Four,de Londres
Resumo do filme inglês

Trechos de 38 ways to Kill Castro

Resumo do filme

Trechos do filme El que debe vivir

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