Transmitido pela TV Cidade Livre de Brasilia, Canal 8 da NET (Só no DF), às segundas, às sete da manhã, às quartas, às 19:30, e às quintas-feiras, às 13 horas
Cesare Battisti, hoje vivendo na condição de imigrante no Brasil, por decisão de Lula, em um dos últimos atos como presidente da República, em 31 de dezembro de 2010, fala a FC Leite Filho, do Café na Política e da TV Cidade Livre de Brasília, depois de longo silêncio a que se submeteu desde que pôde ser libertado, em oito de junho de 2011.
Ele veio a Brasília para o lançamento de seu 15o. livro, “Ao Pé do Muro”, na quinta, 31 de maio, e gravou esta entrevista no dia primeiro de junho. Foi na prisão de Brasília, a Papuda, que ele passou sua última temporada preso, depois da fuga espetacular de uma cadeia na Itália, em 1981, a que condenado a 12 anos por participação em grupo armado, assalto e receptação de armas”.
2a. parte
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Nesta entrevista ao Café, Cesare fala sobre sua vida de escritor já consagrado em seus livros traduzidos para vários idiomas e sobre a perseguição que sofre há 32 anos e à complexidade da política italiana, que viveu uma guerra de baixa intensidade nos chamados anos de chumbo (1968 a 1982) e que registrou dez mil presos políticos, torturas e execuções.
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Neste primeiro processo, não lhe foi atribuída qualquer relação com as quatro mortes cuja autoria a justiça italiana lhe atribuiu, numa época em que Battisti diz já ter abandonado a luta armada. Da prisão, ele foi para a França e de lá para o México, onde viveu durante nove anos e escreveu seus primeiros livros.
Quando o presidente socialista François Mitterrand, assumiu o poder, na França, em 1981, aboliu a pena de morte e adotou a Doutrina Miterrand, pela qual, os envolvidos em luta armada que tivessem se arrependido e não mais recorresse à violência, teriam asilo no país, Battisti decide mudar-se para a França e usufruir do benefício.
Um novo processo o acusando daquelas três mortes, leva a Itália a condená-lo à prisão perpétua e sem direito de ver a luz solar, por terrorismo, crime não tipificado na legislação nacional e requerer sua extradição. Enquanto esteve no poder, durante seus dois mandatos de sete anos, num total de 14, Mitterrand recusou entregar Battisti. Com a eleição de Jacques Chirac, presidente conservador, em 1995, a França decide dar a cabeça do ativista, que abandona o país rumo ao Brasil.
Em 18 de março de 2007, como relata a Wikipedia, Cesare foi detido no Rio de Janeiro, durante uma operação conjunta que envolveu a Interpol e as polícias brasileira, italiana e francesa. Em 28 de novembro de 2008 o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) , ainda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso,, rejeitou, por três votos a dois, seu pedido de refúgio no Brasil.
Em dezembro de 2008, a defesa de Cesare Battisti recorreu ao Ministro da Justiça, Tarso Genro, conforme orienta o artigo 29 da Lei 9474/97.[33]
A resposta foi favorável à concessão do status de refugiado político ao ex-militante. A decisão gerou controvérsia, mas o Supremo Tribunal Federal, depois de algumas sessões, decidiu, em 18 de novembro de 2009, com o voto de desempate do ministro Gilmar Mendes, a,favor da extradição, mas condicionou a sentença a uma decisão do presidente Lula, que veio um ano e um mês depois, contra a extradição. Cesare ainda ficou preso até junho, quando o Supremo decidiu libertá-lo e o ministério da Justiça, já no Governo Dilma, dar-lhe a condição de imigrante, com direito a viver e trabalhar no Brasil como um cidadão comum.