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Brasil inquieto com militares norteamericanos na Colômbia

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(Publicado originalmente em Sex, 31 de Julho de 2009 08:06)

Chega hoje à Caracas, e amanhã a Bogotá, o assessor especial do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, em missão especial do presidente Lula, para inteirar-se in loco da situação criada com o anúncio da entrega de bases colombianas para serem usadas por militares dos Estados Unidos.

A missão Garcia segue-se a uma conversa telefônica, ocorrida ontem, entre os presidentes Lula e Hugo Chávez. Nela, ambos os presidentes expressaram preocupação com as consequências desestabilizadoras que o incremento da presença militar norteamericana, já existente, com cerca de 800 militares e consultores, dentro do chamado Plano Colômbia.

Marco Aurélio inicia uma rodada de negociações de governantes da região, que inclui uma reunião de cúpula da Unasul, dia 10 de setembro, no Equador, outra cúpula da América do Sul e África, em 28 de setembro, em Caracas, e encontro trimestral dos presidentes Lula e Hugo Chávez, em território venezuelano.

Ainda ontem, em São Paulo, o presidente Lula, tendo ao lado a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que se encontra em viagem de negócios ao Brasil, manifestou idêntica inquietação, durante encontro com empresários dos dois países, na sede da Federação das Indústrias, FIESP.

“Posso dizer que a mim não me agrada mais uma base na Colômbia”, disse Lula, enquanto Bachelet defendeu que é preciso chegar a um acordo “porque por certo há países que não estão tranquilos” com a negociação Washington-Bogotá.

O jornal Folha de S. Paulo informa, em sua edição de hoje que também  os governos da Espanha e do Brasil articulam reações conjuntas da União Europeia e da América Latina contra a intenção dos EUA de ampliarem sua presença militar na Colômbia, com distribuição de soldados e civis americanos em três bases no país.

Na mesma ocasião, Lula expressara desconforto com as manobras da IV Frota da Marinha dos Estados Unidos, particularmente por sua área de manobras envolver nosso petróleo do Pré-sal, o grande projeto brasileiro para a soberania energética: “A linha territorial dela (da esquadra) é quase em cima do nosso pré-sal”, disse o presidente brasileiro, que antes já tinha reclamado a Washington quanto à reativação daquela tropa para atuar em cima de nossas fronteiras latinoamericanas.

“Para Espanha e Brasil”, diz o jornal,  “isso significa trazer para a região a lógica da militarização e uma corrida armamentista, com a Colômbia servindo de plataforma para os EUA e a Venezuela, para a Rússia”. Ontem, o Chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, que na véspera tinha estado com o presidente Hugo Chávez, em Caracas, veio a Brasília entrevistar-se com seu colega brasileiro Celso Amorim, saindo do encontro afirmando: “É preciso cuidado para evitar tensão e militarismo na América Latina. Essa não é a melhor resposta aos problemas na região”.

A Folha informa, por ouro lado, que o Itamaraty orientou o embaixador em Washington, Antonio Patriota, a questionar detalhes sobre a ampliação da presença nas três bases, em Malambo, Palanquero e Apiay. Amorim cobra “transparência” e diz que o Brasil quer saber se o comando das operações ficará com os EUA ou com a Colômbia e se haverá ampliação no limite de até 800 militares e de até 600 civis norteamericanos acertado no chamado Plano Colômbia.

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