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Crítica do filme Ruby Sparks

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A comédia romântica Ruby Sparks, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, faz ligeiro e, às vezes, superficial comentário sobre o processo de criação literária de um jovem  escritor que, tendo obtido sucesso com o seu livro de estreia, escrito aos dezenove anos, encontra-se, dez anos depois, completamente desmotivado para repetir o feito.

O roteiro, da atriz Zoe Kazan, não estabelece limite entre realidade e ficção ao narrar a história do atormentado Calvin Weir-Fields (Paul Dano), que, inativo, chega a ser aconselhado por seu agente literário, Cyrus Modi (Aasif Mandvi), a assim permanecer. Lembra-lhe Modi  o exemplo de JD Salinger que, depois de lançar O Apanhador no Campo de Centeio, sem ter ideia para conceber outra obra  do mesmo nível, se isolou do mundo, criando, para fins de marketing, a imagem de gênio incompreendido.

O psiquiatra, dr. Rosenthal (Elliott Gould) pensa diferente. Acha que Calvin deve recomeçar por escrever algo sobre um ser de sua estima, como o cão Scott, assim chamado em homenagem a Scott Fitzgerald, autor de O Grande Gatsby, que ele considera um dos maiores escritores do mundo.  Na mesma noite da consulta médica, Calvin sonha com uma garota muito bonita e, empolgado, levanta-se, de madrugada, para escrever sobre ela, que dele recebe  o nome de Ruby Sparks , cuja intérprete outra não é senão a própria autora do roteiro, a bela Zoe Kazan. Calvin elege então Ruby como a protagonista de seu próximo romance e cai de amores por ela.

Certa noite, o irmão de Calvin, Harry (Chris Messina) e a mulher, Susie (Toni Trucks) aparecem para jantar e, pasmos, dão com calcinhas e sutiãs em um dos armários do labiríntico apartamento, a espelhar certamente, pela direção de arte de Alexander Wei, a conturbação mental de Calvin. Ele, por sua vez, se sente embaraçado para apresentar aos visitantes uma justificativa razoável para o estranho achado.  No dia seguinte, é a vez dele próprio de ficar surpreso, quando, ao se levantar, percebe a presença, na cozinha, de Ruby que, como se fora sua companheira – amante, ou coisa que o valha -, lhe prepara cuidadosamente o café da manhã.

A partir daí, a constante companhia de Ruby nos passeios diários com Scott ou perturbando suas horas de leitura, leva Calvin a acreditar que ela é uma criatura real, não uma ficção. E decide então levá-la, em companhia do irmão e da cunhada, a conhecer a sua mãe, Gertrude (Annette Bening), no Big Sur, o que pode ser até indireta alusão à obra de Jack Kerouac.

A inserção do episódio da reunião da escalafobética família – Gertrude e o seu amante Mort  (Antonio Banderas) são figuras chapadas de hippies remanescentes do “avanço social” da década de sessenta –, num lugar paradisíaco, só serve para dinamizar um pouco a narrativa de Jonathan Dayton e Valerie Faris que, depois disso, nada mais têm a contar.

Em termos de direção, Dayton e Faris conseguem extrair bom efeito visual apenas de uma sequência: a do mergulho de Calvin, com a sua musa, Ruby, numa piscina, em cujas águas deslizam seus corpos ao som de uma bela música original de Nick Urata, criador da trilha sonora. O elenco, constituído de atores famosos, como Annette Bening, Elliott Gould e Antonio Banderas, tem pouco o que fazer, à exceção de Paul Dano – excepcional revelação de Sangue Negro (2007) de Paul Thomas Anderson – no papel do protagonista, Calvin Weir-Fields.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista

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FICHA TÈCNICA

RUBY SPARKS

EUA – 2012

Duração – 104 minutos

Direção – Jonathan Dayton, Valerie Faris

Roteiro – Zoe Kazan

Produção –Albert Berger, Ron Yerxa

Fotografia – Matthew Libatique

Trilha Sonora – Nick Urata

Edição – Pamela Martin

Elenco – Paul Dano (Calvin Weir-Fields), Zoe Kazan (Ruby Sparks).Chris Messina (Harry), Annette Bening (Gertrude), Antonio Banderas (Mort),

Elliott Gould (Dr. Rosenthal), Aasif Mandvi (Cyrus Modi), Toni Trucks (Susie).

 

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