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Crítica do filme Moonrise Kingdom

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A música do compositor britânico Benjamin Britten – notável pelo destaque dado a corais de vozes infantis – pontua e encanta a narrativa nada convencional da comédia romântica Moonrise Kingdom, de Wes Anderson, escolhida para a sessão de abertura do Festival de Cannes deste ano.  A película conta a história de um pacto combinado, por carta, entre um menino e uma menina, ambos de  doze anos, de fugirem, num certo verão, para um local, por eles denominado Moonrise Kingdom, situado na ilha de New Penzance,  na costa da Nova Inglaterra.

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O roteiro escrito por Anderson (Os Excêntricos Tenembaums, 2001), em colaboração com Roman Coppola, tem, sem dúvida, elementos autobiográficos, identificados, desde o início, pelo estilo de narração, que abrange não só os atos das personagens, como também e, particularmente, suas impressões musicais e literárias. Podem também ser tiradas algumas ilações de questões sociais, já que a fuga dos dois jovens mobiliza toda uma cidade.

Um travelling mostra, no prólogo, o ambiente edificado pela família Bishop – Walt (Bill Murray) e Laura (Frances McDormand)-, na ilha, de vinte quilômetros de extensão, para criar os filhos, que se dedicam à leitura e à audição de música erudita. Suzy (Kara Hayward), a mais velha, consulta mapas de seu território e acompanha com os irmãos explicações de um narrador (Bob Balaban) sobre o método composicional de Britten, dando realce às variadas famílias de instrumentos de uma orquestra, como as cordas, os metais, etc.

A história se passa em 1965. Um órfão, Sam Shakusky (Jared Gilman), no verão, se encontra  no acampamento  Ivanhoe, em New Pezance, com sua turma de escoteiros, comandada pelo exigente instrutor  Randy Ward (Edward Norton), que, fora do escotismo, é professor de Matemática. Certo dia, após fazer metódica inspeção por toda a área, ao reunir seus comandados para o café da manhã, Ward dá pela falta de Sam Shakusky.  Ele vai procurá-lo e, percebendo um furo,  na parte traseira da cabana, conclui que seu ocupante fugiu. Depois de comunicar o fato ao chefe policial da ilha, Capitão Sharp (Bruce Willis), os dois providenciam, no posto telefônico, contato com a família do fugitivo  e ficam sabendo que ele é órfão, sofre de depressão, e os pais adotivos não querem mais saber noticias suas. Afirmam que vão devolvê-lo ao orfanato, cuja assistente social (Tilda Swinton), também contatada,  anuncia que ele, ao voltar, poderá ser tratado com eletrochoques.

Apavorados, Ward e Sharp, coadjuvados pelos escoteiros, saem à procura de Shakusky, que deve estar em algum ponto da ilha com Suzy Bishop, cujos pais já confirmaram a eles o seu sumiço também. Um flashback esclarece como Shakusky e Suzy se conheceram, há algum tempo atrás, durante um espetáculo em que ela, representando o papel de corvo, participava da montagem de uma das obras cênicas de Britten.

A linguagem de Wes Anderson é conduzida de acordo com o argumento, assumindo, por vezes, o tom de fábula, cujas formas e cores são por ele selecionadas, em conformidade com a música de Britten e não só a dele, mas também a de Mozart  e a  de outros compositores modernos, eruditos e populares, integrantes da magnífica trilha sonora de Alexandre Desplat.  De sua autoria é também uma suíte, executada na exibição dos créditos finais, com a citação, pelo narrador, de todos os instrumentos usados em sua orquestração.

O elenco não poderia ser melhor. Os dois jovens atores, que representam os protagonistas – Jared Gilman (Sam Shakusky) e Kara Hayward (Suzy) -, desenham bem os perfis de suas personagens, principalmente ela, bonita, mostra o caráter determinado de Suzy, que, no futuro, se houver, assumirá as rédeas da vida conjugal. Entre os adultos – Edward Norton (Randy Ward), Bill Murrey (Walt), Frances McDormand (Laura), Harvey Keitel (Comandante Pierce) – todos muito bem, em interpretações de linha imposta pela direção de Anderson, ressalta-se a de Bruce Willis, principalmente na cena que, como o Capitão Sharp, amante de Laura, mãe se Suzy, aconselha Shakusky: – A humanidade comete, às vezes, erros irreparáveis. Você não deve antecipar tanto decisões sobre os rumos de sua vida para, depois, se arrepender!…

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista

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FICHA TÉCNICA

MOONRISE KINGDOM

EUA / 2012

Duração – 94 minutos

Direção – Wes Anderson

Roteiro – Wes Anderson e Roman Coppola

Produção – Wes Anderson, Jeremy Dawson, Steven M. Rales e Scott Ruden

Fotografia – Robert D. Yeoman

Trilha Sonora – Alexandre Desplat

Edição – Andrew Weisblum

Elenco – Bruce Willis (Capitão Sharp), Edward Norton (Randy Ward), Bill Murrey (Walt Bishop), Kara Hayward (Suzy Bishop), Frances McDormand (Laura Bishop), Jared Gilman (Sam Shakusky), Harvey Keaton (Comandante Pearce), Tilde Swinton (Assistente Social), Bob Balaban (Narrador).

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