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Crítica do filme As Vantagens de Ser Invisível

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Uma série de cartas endereçadas a pessoas anônimas por um jovem, da mesma forma, incógnito sob um pseudônimo, se converte no tema da comédia dramática As Vantagens De Ser Invisível (The Perks Of Being A Wallflower), de Stephen Chbosky, extraída do livro de sua autoria, que focaliza a questão da introversão na definidora fase da adolescência. A obra acabou sendo objeto de polêmica nos EUA, ao ser tachada obscena por parte conservadora da sociedade.

O roteiro, escrito por Chbosky – autor também do de Rent (2005) – até que inofensivo em termos morais, apesar da alusão ao uso de drogas, não prima pela objetividade, nem pela clareza e muito menos pela concisão, ao narrar a história de “Charlie” (Logan Lerman). Ele é um garoto bem aparentado, suburbano, de formação católica, que vive, ao final da década de oitenta, em Pittsburgh, na Pennsylvania, e sofre de depressão.
Ao início da narrativa, feita pelo próprio Charlie, ele se mostra, além de traumatizado pelo suicídio recente de seu único amigo, Michael (Owen Campbell), também apreensivo por ter de enfrentar o sempre tumultuado e violento ambiente da escola secundária americana, já abordado em inúmeros filmes. Mas sobre isso ele não se abre com os pais (Dylan McDermott e Kate Walsh) por receio de não ser por eles compreendido. Sua confidente era a tia Helen (Melanie Lynskey), que morrera alguns meses atrás, num acidente de carro.
O isolamento a que se entrega Charlie, na escola, em relação aos colegas, é suprido por sua dedicação à leitura de algumas das mais importantes obras literárias de seu país – há referências a diversos escritores -, no que é incentivado pelo professor de inglês, sr. Anderson (Paul Rudd), que lhe empresta vários livros. Logo, porém, ele trava conhecimento com os veteranos alunos – Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller) -, irmãos tortos, já que, segundo ela explica: – minha mãe deixou o meu inútil pai e se juntou ao dele!… Os dois, que se entendem muito bem, tratam de introduzir Charlie no seu círculo de amizades, em meio ao qual ele logo se ambienta.
Mas também, aos poucos, Charlie cai de amores por Sam, que é namorada de Craig (Reece Thompson), inveterado mulherengo. Ao saber que Sam não vai bem nos estudos, até ameaçada de perder o último ano do curso e por conseguinte, não poder ingressar na universidade, Charlie se prontifica a ajudá-la a se preparar para os exames finais, o que serve para intensificar o seu sentimento por ela, que, entretanto, o desilude de seu propósito.
Sem se dar por vencido – e ante a paralela revelação de que Patrick tem secreta ligação com um de seus amigos, Brad (Johnny Simmons) -, Charlie se rende aos apelos da endinheirada Alice (Erin Wilhelmi), a qual apresenta aos pais, como sua namorada, nas devidas honras de estilo.
Tudo se torna então velhusco, dando noção de que o livro de Chbosky, apesar do extemporâneo escândalo que suscitou e do êxito que, em razão disso, alcançou nas livrarias, não tem importância alguma. Por sua vez, a película é apenas um produto descartável, do qual serão poucos os que, depois de deixar a sala de exibição, dela vão se lembrar, apesar da boa trilha sonora de Michael Brook, que marca bem a época em que transcorre a ação.
Como roteirsta, Chbosky recheia de detalhes situações que poderiam ser facilmente eliminadas, se houvesse melhor trabalho de edição e deixa imprecisas outras, de natureza elucidativa, em termos do desenvolvimento do entrecho. Pela pouca preocupação que tem com o ritmo, ele não evita também que, em certos momentos, o tom de sua narrativa caia na apatia, na frouxidão.
O elenco de Chbosky é desigual. Se os três atores principais – Emma Watson (Sam), Logan Lerman (Charlie) e Ezra Miller (Patrick) – são talentosos, vivos e eficientes, os demais são carentes de habilidade técnica e de desenvoltura na arte de representar. Entre os primeiros, há de se destacar que Watson (Harry Porter), como Sam, tem a atuação mais elaborada ou mais rica de nuanças. Lerman (Os Indomáveis), no papel de Charlie e Ezra Miller (Precisamos Falar Sobre Kevin), que encarna Patrick, exploram, com propriedade, todos os meandros que suas solitárias personagens lhes oferecem.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasilia, Revista
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FICHA TÉCNICA
AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL
THE PERKS OF BEING WALLFLOWER
EUA – 2012
Duração – 103 minutos
Direção – Stephen Chbosky
Roteiro – Stephen Chbosky, com base no livro de sua autoria The Perks Of Being Wallflower
Produção –John Malkovitch, Russell Smith e Gillian Brown
Fotografia –Andrew Dunn
Trilha Sonora –Michael Brook
Edição –Mary Jo Markey
Elenco – Logan Lerman (Charlie), Emma Watson (Sam), Ezra Miller (Patrick), Dylan McDermott (Pai de Charlie), Kate Walsh (Mãe), Johnny Simmons (Brad), Paul Rudd (sr. Anderson), Erin Willelmi (Alice), Reece Thompson (Craig), Melanie Linskey (Tia Helen).

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