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A carta de Cristina ao ator Ricardo Darín

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O ator argentino Ricardo Darín, considerado um dos mais brilhantes intérpretes do cinema mundial, fez um ataque extemporâneo à presidenta Cristina Kirchner, pedindo explicações sobre “o crescimento patrimonial dos Kirchner”. Darín, que não costuma envolver-se em política, recebeu uma longa e carinhosa carta da presidenta, sua fã e cinéfila total, como se declara, onde esclarece que seu patrimônio foi investigado, inclusive pela Suprema Corte, que desconsiderou todas as denúncias contra a família presidencial.

E advertindo para a controvérsia dos temas abordados pelos jornais, Cristina Kirchner lembrou delito específico atribuído ao próprio Ricardo Darín, em 1991: “Descarto, Ricardo, que o senhor confía na Justiça. O senhor mesmo foi acusado e detido por um juiz, em março de 1991, pelo delito de contrabando de uma camioneta que entrou no país com uma alíquota especial para deficientes”. Darín, reagiu à carta alegando  que “fui inocentado no processo e a justiça me pediu desculpa. Eu é que fui o explorado”. O ator disse ainda não pretender aprofundar o incidente e pediu para falar em privado com Cristina, inclusive porque, como, explicou a respeito da entrevista que desencadeou a polêmica (à revista Brando, do Grupo La Nación), foi apenas “uma conversa com o jornalista” (da revista).

Ocorre que, na carta a Darín, divulgada no Facebook (Clique aqui para a íntegra), Cristina reproduz notícia do site do Clarín,da outra pista do caso: “Os juízes da Sala A da Câmara, Nicanor Reppeto e Edmundo Gendler, consideraram que, pelo transcurso do tempo, a acusação contra o ator está prescrita. Mas se preocuparam em esclarecer que o ator sabia estar comprando a camioneta de forma irregular”. Por fim, a presidenta demorou-se em considerações sobre como as notícias são priorizadas na chamada grande mídia:

Quero dizer-lhe que não houve funcionários públicos, sejam políticos, governadores, legisladores, prefeitos, juízes ou presidentes mais denunciados penalmente e investigados pela justiça argentina em matéria de enriquecimento, como foram meu esposo e companheiro de toda a vida, e esta que lhe escreve. Não só se investigou a fundo mas que também se designou um corpo de peritos da Corte Suprema da Nação para que realizasse perícias contábeis, que duraram meses, e concluíram que não se havia cometido nenhum ato ilícito, o que obrigou o juiz a desconsiderar as denúncias”.

Os atores e Cristina Kirchner

 

Depois, ela estranha que “ninguém parece preocupar-se com nenhuma outra Declaração Jurada, que não seja a “dos Kirchner”. Só se conhecem as casas onde nós vivíamos, e agora a ocupo com minha filha. Publicam fotos das casas de governadores, juízes, altos magistrados, prefeitos, vereadores, parlamentares atuais ou ex-parlamentares? Não obstante, todo o país conhece minha casa, a de Rio Gallegos, e a despeito de que a poucas quadras e no mesmo bairro, vivem os parlamentares da oposição, em casas muito mais importantes do que a minha, nunca se viu uma foto (delas). Não acha estranho, Ricardo? Nem falar de minha casa do Calafate. Viu que a mídia nunca vai ao Delta, a Punta del Este,  a Miami. É estranho, não é verdade?””

A presidenta ainda observa ” Sempre me pergunto por que também seguem a vida de meus filhos, onde vão, com quem, e ninguém parece preocupar-se com a vida suntuosa que levam esposas, filhos, esposas e outros tipos, de outros políticos em festas e viagens permanentes que parecen não ter fim.  (Isto) não lhe chama a atenção? l Acho que pessoas com tantas inquietações e indagações deveriam observar estas coisas. Mas, sabe, afinal, o fato de ter sido e continuar sendo os únicos funcionarios públicos observados e fotografados com tanta tenacidade, nos permitiu demonstrar que viver num país onde o único político investigado é o Presidente (ou a Presidenta, como gosto de ser chamada), significa que vivemos com a mais absoluta liberdade”.

Na mesma carta a Ricardo Darín, Cristina Kirchner dá uma chamada no governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, considerado seu rival dentro do peronismo governista à sucessão,em 2014. Diz ela: “Olhe, Ricardo, sem ir mais longe, outro jornal, La Nación, proprietário da revista Brando, onde o senhor formulou as declarações que chamaram minha atenção, publica, em sua página 16, uma reportagem sobre o governador Daniel Scioli. Não só fiquei sabendo de suas economias em dólares (está em todo o direito de fazê-lo) como também quando o periodista lhe perguntou pelo montante de suas divisas, (ele) se recusou a responder e declarou que o montante figura em sua Declaração Jurada, que é pública. Em uma nota à parte, os jornalistas logo se mostram surpreendidos porque, ao tentar acessar (à Declaração de Scioli), não tiveram permissão.

Depois da divulgação da carta de Cristina, o governo da Província de Buenos, através de seu secretário de comunicação, Juan Courel, informou que “o saldo na poupança, nesta data ( hoje) de  Daniel Scioli, no Banco Província verificado esta manhã é de 201.175,52 dólares”.

Veja ainda:

Clique aqui para a íntegra”>Íntegra da carta de Cristina a Darín

Entrevista de Darín à revista Brando

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