Home Destaque Veja os principais discursos na ONU e o novo cenário que configuram

Veja os principais discursos na ONU e o novo cenário que configuram

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As Nações Unidas encerraram nesta quarta-feira, 02/10/13, sua 68a. Assembleia Geral ostentando um quadro bem diferente, mais otimista e menos desigual do cenário mundial. É importante que desfrutemos dos novos recursos da tecnologia para ouvir e sentir os autores dos principais discursos,  como mostram os vídeos que alinhamos abaixo, em português e espanhol. Por exemplo, já não vemos o chefe da superpotência ditar regras e brandir ameaças apocalípticas, como faziam seus antecessores e ele próprio em sessões anteriores.

Barak Obama parecia até modesto e educado, quando sinalizou que vai privilegiar a diplomacia em vez de usar a força bruta para tratar conflitos, como o da Síria e a questão nuclear do Irã, ainda que continue a insistir na ilegalidade da espionagem, objeto de contundente discurso da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, cuja repercussão varou o suntuoso recinto da ONU para ocupar os principais espaços da mídia planetária. Aliás, o espetáculo deste período de reuniões do organismo mundial não esteve a cargo das grandes potências, mas dos chamados países periféricos, que, como o Brasil, aproveitaram os holofotes para transmitir suas mensagens de descontentamento da forma com que são tratados pelos poderosos e traçar linhas de ação visando ao novo mundo multipolar.

Curiosamente, o discurso mais emocionante e campeão das redes sociais  não foi o do ocupante da Casa Branca, da Downing Street ou do Champs Elisées, mas o do modesto e despojado inquilino da Casa Suárez y Reys, que ele trocou por sua pequena chácara nos arredores de Montevidéu, José Pepe Mujica. Num estilo poético mas corajoso e cheio de humanismo, Mujica escancarou os danos causados pelo consumismo exacerbado e o capitalismo selvagem. Infelizmente, a poesia sucumbia menos de uma semana depois às pressões da transnacional UPM (ex-Botnia) e um Pepe humilhado aumentava em 100 toneladas a produção de uma fábrica de papel que a empresa instalou no lado uruguaio às margens do rio Uruguai, que faz fronteira com a Argentina. A decisão inexplicável incrementa terrivelmente a poluição daquele rio e de seus afluentes, violando um tratado de contenção assinado pelos dois países, sob os auspícios internacionais.

Sua vizinha e colega Cristina Kirchner empolgou igualmente a plenária, ao repelir a chantagem dos chamados Fundos Abutres, que vêm apreendendo bens argentinos no exterior, em represália à resistência do país a pagar um aumento desproporcional de mais de 1.400% sobre menos de cinco por cento da dívida externa. Cristina, cujo antecessor e marido Néstor, havia enfrentado as finanças impondo pagamentos aos demais credores externos, de acordo com as condições de pagamento do país, também culpou a Inglaterra de militarizar o Atlântico nos arredores das Ilhas Malvinas, de propriedade argentina mas invadida pelo antigo império há mais de um século, enquanto, hipocritamente, Londres falava exigia punição à Síria por suposto uso de armas químicas.

Ja o discurso do novo presidente do Irã, Hassan Rouhani sensibilizou os poderosos ao proclamar que o Irã não quer a bomba atômica mas usar a tecnologia nuclear para o seu desenvolvimento. E aproveitou para fazer um chamamento: como  os conflitos no mundo não se resolvem com violência, exortou à criação de uma coalizão para a paz, onde se respeitem as diferenças e os governos trabalhem unidos enriquecenndo-se mutuamente com sus respectivas potencialidades. O discurso de Rouhani levou o presidente Barak Obama a telefonar-lhe logo depois, no primeiro telefonema entre os chefes de estado dos dois países, em 34 anos. Enciumado, o primeiro ministro de Israel quis fazer gracinha, ao afirmar que “Mahmud Ahmadinejadi, o antecessor de Rouhani, era um lobo declarado, e Rouhani, um lobo em pele de cordeiro. Mas quase não foi ouvido e seu discurso passou  desapercebido, tanto no plenário da ONU como na mídia internacional. Nem todos sabem fazer história.

Finalmente, fez figura outro país periférico, a Bolívia, economicamente com um dos povos mais pobres, quando seu presidente indígena Evo Morales, havia pouco sido objeto de uma perseguição das grandes potências quando seu avião sobrevoava céus europeus,  pediu para mudar a sede das Nações Unidas para fora dos Estados Unidos, país em que assessores do presidente da Venezuela Nicolás Maduro foram impedidos de ingressar. Ele aproveitou para afirmar que as democracias não fazem a guerra, o terrorismo se combate com política social e não com bases militares. Finalmente, se disse perseguido: “Me senti inseguro visitando a ONU, em Nova York. A Bolívia é um Estado digno e soberano. Antes, estivemos politicamente submetidos ao império norte-americano, mas agora estamos livres disso”.

Discurso de Hassan Rouhani

Pepe Mujica

Cristina Kirchner

Dilma Rousseff


Barak Obama

Evo Morales

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