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À Plaza de Mayo por Cristina neste 17 de Outubro

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Hoje, 17 de Outubro, comemora-se na Argentina o Dia da Lealdade Peronista, data que lembra a ascensão popular do general Juan Domingo Perón, que, como secretário do Trabalho, em 1945, havia reconhecido uma série de conquistas (*) dos trabalhadores e que por isso mesmo tinha sido demitido e preso, por ordem das forças conservadoras e da embaixada dos Estados Unidos. Uma greve geral e uma mobilização gigantesca, organizada por Eva, noiva de Perón, resultaram na libertação do general e em sua consagração como candidato a presidente da República. Foi este dia que os peronistas, que ainda empolgam as grandes massas e influentes setores da classe média, escolheram para homenagear a presidenta Cristina Kirchner, ainda presa a ” estrito repouso” recomendado pelos médicos, em vista da operação que sofreu há poucos dias para retirar-lhe um coágulo no cérebro.

O ato, planejado para a histórica Plaza de Mayo, de Buenos Aires, onde se deu o resgate de Perón, ocorre 10 dias antes das eleições intermediárias, em que as mesmas forças reacionárias tentavam impedir a arrancada popular e democrática, lançam mão da mesma mídia hegemônica e outros instrumentos conservadores. O objetivo é evitar que a presidenta consiga uma maioria de dois terços no Congresso e com ela proporcione sua segunda reeleição para o cargo e propicie a reforma da justiça, responsável por sérios entraves às políticas públicas, inclusive a vigência integral da lei de medios (mídia). A perseguição contra Cristina é a mesma contra Perón e Néstor Kirchner, Hugo Chávez,  na Venezuela, e que no Brasil sabotou Getúlio, Jango e Brizola e agora se volta contra Lula e Dilma, no Brasil.
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Atualização 18/10/2014 – 11:30 hs.
O ato espontâneo, convocado pelas redes sociais, não teve oradores, mas muita participação de grupos teatrais e sindicais, que reviveram o Dia da Lealdade de 17 de Outubro de 1945, representando os trabalhadores e cantando o hino nacional e a marcha peronista. A Plaza de Mayo, com mais de 60 mil pessoas, voltou a ser o cenário favorito neste momento histórico em que a presidenta Cristina Kirchner se recupera de uma operação, que a afastou fisicamente da campanha para as eleições de 27 de outubro próximo. Veja logo abaixo o vídeo da TV Pública Canal 7.


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Os peronistas como outros líderes populares, acreditam que só a mobilização popular será capaz de revidar a conjura, como mostram os exemplos clássicos dos mesmos Perón, Chávez, Brizola etc. Por isso, eles investem pesado na mobilização de hoje e dos 10 dias restantes para a eleição do dia 27. E eles não estão sozinhos. Caravanas de vários países, como do Brasil, Bolívia, Venezuela, México, Equador, Uruguai e outros países vizinhos dirigem-se à capital argentina para ajudar Cristina neste momento crucial. Na terça-feira lá estavam Lula e Evo Morales, levando sua palavra e seu conforto à presidenta, ainda que esta, em recuperação, tenha sido impedida de recebê-los. Lula aproveitou para ir a universidades de Buenos Aires, onde recebeu títulos de doutor honoris causa e Evo foi à La Plata, terra natal de Cristina, capital da província de Buenos Aires, e sede uma grande universidade.

Na ocasião, os dois estadistas latino-americanos deram depoimentos comoventes da força de que são capazes os povos, quando mobilizados para a defesa de seus direitos. Evo Morales, na sua simplicidade de líder indígena, concentrou-se na análise do papel da mídia na política para alertar seus concidadãos. Começou lembrando seus dias como líder da zona cocalera, “onde só havia uma rádio, A Voz dos Trópicos, financiada pelos Estados Unidos” e onde estava proibido” falar de sindicalismo do trópico, da folha de coca e tocar música sobre nossa identidade”. Era uma forma, de os norte-americanos “tentar dividir todas as organizações sociais da zona, que acabou sendo o objetivo de toda a mídia privada”: “Os povos”, disse ele, “são vítimas dos meios de comunicação, (sempre em mãos dos empresários, que nos submetem com suas mentiras”.

Falando na tradicional Faculdade de Jornalismo da Universidade de La Plata, a primeira da Argentina, Evo ainda contou como fez para enfrentar e vencer o poderoso tentáculo midiático: ““Decidimos que tínhamos que comprar uma rádio, conseguimos dinheiro, mas não nos deram a licença. Foi quando apelamos para uma frequência clandestina, a Rádio Soberania,  e aí a rádio dos Estados Unidos não teve mais nenhuma audiência. Hoje esta rádio é uma das tantas que integram a rde de rádios comunitárias em toda a Bolívia, cumprindo, as funções próprias de um meio de comunicação, que são educar e informar, mas também dizer a verade e contribuir para a libertação dos povos”. Morales, ainda lembrou o papel de Cristina Kirchner, na implementação da política de unidade regional:  “Quando os Estados Unidos cortou o financiamento de 80% de nossa farinha, em represália contra nossas políticas soberanas, a Cristina nos socorreu com importantes carregamentos de trigo”.

Por usa vez, o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, que estava na Argentina no mesmo dia que Evo Morales, recebendo o nono título de doutor honoris causa de universidades argentinas, pediu “aos jovens latino-americanos” que, “em vez de dizer que ‘Lula não presta” ou que Cristina não presta para nada”, que “entrem na política e a fortaleçam”, porque, como friou, “o eua há fora dela (da política) é o fascismo, o aurotitarismo, o nazismo. Ali tem de tudo, menos democracia”. Paralelamente, Lula se reuniu com oito reitores que lhe entregaram os certificados dos títulos a Lula e o vice-presidente da República, Amado Boudou, que homenageou Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento. Boudou destacou a importância do desenvolvimento de um corpo de pensamento próprio da América Latina e lembrou a histórica decisão de Lula e Néstor Kirchner de dizer não à Alca e optar por uma integração regional.

(*) O Secretário Perón havia criado os tribunais do trabalho, medida antes adotada no Brasil por Getúlio Vargas, a indenização aos trabalhadores demitidos, o direito à aposentadoria, o Estatuto do Peão do Campo e o Estatuto do Jornalista, o Hospital Policlínico para trabalhadores ferroviários e escolas técnicas para operários.

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