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UE, ninguém sabia que a Europa era tão corrupta

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Por FC Leite Filho

Estranho nossa mídia hegemônica ter minimizado uma manchete no mundo inteiro (*): a corrupção na Europa, que chegou ao nível atordoante de ter seu volume  quase igualado ao próprio orçamento anual da Comissão da Unidade Europeia. Nenhum país se salvou, todos eles (os 28, entre os quais as grandes potências Alemanha, Inglaterra, França, Itália) praticaram a corrupção. Aqui não se trata de nenhuma ilação ou especulação, mas de um relatório apresentando nesta segunda-feira pela comissária de Assuntos Internos da União Europeia, Cecilia Malmstroem. Segundo este estudo,  baseado em pesquisa entre os cidadãos e instituições dos países membros, a corrupção custa cerca de 120 bilhões de euros por ano (quase R$ 390 bilhões) à economia do bloco, equivalendo a quase todo o orçamento da UE.

Volto à pergunta que não quer calar. Qual a razão da “discrição” de nossa mídia, tão zelosa, para não dizer espalhafatosa, em projetar os governos populares do Brasil e da América Latina como dos mais corruptos do mundo? Se recorrermos à nossa história, verificaremos que as campanhas moralistas, que priorizam a corrupção em vez das questões verdadeiramente candentes, como a pobreza, o desemprego e o abandono da educação e da saúde, têm um escopo meramente político para desestabilizar os adversários, inclusive porque protegem os aliados. Quem não se recorda do “mar de lama”, com que a grande imprensa apodava o governo Getúlio Vargas, em 1954, quando depois se comprovou que o presidente obrigado a sacrificar a própria vida para não renunciar ao seu projeto nacional de soberania e de defesa do trabalhador, mal tinha uma casa para morar? E mais recentemente, por que guardam a sete chaves o chamado mensalão dos tucanos, quando midiatizam e perseguem até a morte (vejam a maldade que estão fazendo com o ex-deputado José Genuino) os supostos mensaleiros do PT?

Agora, examinemos o que diz o relatório da comissária Malmstroem: “Existem estimativas de que a corrupção custa à União Europeia não menos do que 120 milhões de euros a cada ano, então estamos falando de muito dinheiro.””Muito dinheiro dos cidadãos está sendo perdido em contratos corruptos, ou em subornos e em questões nas quais eles não recebem os serviços que precisam. Ou então não recebem o valor ou o benefício do dinheiro de seus impostos. A crise certamente destacou a necessidade de fazer tudo o que pudermos para que a economia da Europa volte a ficar em ordem”, afirmou.

Segundo o resumo do relatório feito pelo site BBC Brasil, na Inglaterra, “64% da população acreditam que a corrupção está disseminada pela Grã-Bretanha, enquanto que a média na União Europeia foi de 74% nesta questão específica.  Na Croácia, República Tcheca, Lituânia, Bulgária, Romênia e Grécia, entre 6% e 29% dos pesquisados disseram que já receberam um pedido de pagamento de suborno nos últimos 12 meses.Os níveis de relatos de suborno também foram altos na Polônia (15%), Eslováquia (14%) e Hungria (13%), onde o problema prevalece no sistema de saúde”.

O levantamento da BBC Brasil, também parte do poder midiático mundial e no controle do noticiário internacional de muitos veículos, inclusive a CBN, a rede nacional de rádios do Sistema Globo, no entanto, tenta fazer um paralelo com o Brasil, para dizer que aqui a corrupção é três vezes mais alta do que na Europa. Valendo-se de dados comprometedores da nossa FIESP, a BBC afirma que “o montante de valores desviados dos cofres públicos brasileiros equivaleria a 3% do PIB de US$ 2,3 trilhões do país – três vezes maior, portanto, que a corrupção europeia”. Só que a BBC “esqueceu” de anotar que são as grandes empresas nacionais e transnacionais a ela associadas as que mais corrompem parlamentares, governadores, prefeitos e funcionários públicos, como têm demonstrado as sucessivas CPIs que trataram da courrpção no Brasil. Dado, aliás convenientemente sonegado ao grande público pela nossa mui ínclita mídia, ou seria demasiado chamá-la de mãe protetora da corrupção?

 

(*) Uma sapeada pelo Google, se vê que nenhum grande veículo brasileiro abordou o problema. Apenas os sites Estadão G1, da Globo fez referências discretas ao relatório

Fontes BBC Brasil, Russia Today, France24

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