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Aos que votam no 2o. turno para Presidente

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Mensagem de FC Leite Filho

Tenho recebido comentários sobre meus posts no cafenapolítica.com.br e em meus canais no Youtube, Facebook, Twitter e Google Plus. Até aqui, evitei responder, individualmente, devido ao calor e às vezes a agressividade de certas intervenções, como soe acontecer nestes momentos de alta polarização.

Atinei então que o melhor e mais sensato seria dar uma explicação coletiva, o que faço agora. Em primeiro lugar, vejo uma certa despreocupação em processar as informações que nos são despejadas, unilateralmente, a todo minuto, sem que haja um mínimo de espaço para o contraditório e a análise objetiva.

Examinemos a questão da corrupção. Alguém, em algum lugar no mundo, já acabou com os desvios de verbas, os favorecimentos e outros atos ilícitos? No nosso caso particular do Brasil, por acaso não houve corrupção nos oito anos de governo nacional do PSDB? A propósito, algum dia foram julgadas e auditadas independentemente as privatizações de nossas grandes empresas como Telebrás, Embratel, Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional? Alegou-se inicialmente que o queima das estatais destinava-se a pagar a dívida externa, mas elas acabaram, como se evidenciou logo depois, aumentando o volume dela, porque o governo foi obrigado a financiar as novas empresas privatizadas, através de empr´stimos polpudos e a fundo perdido. Existe escândalo maior do que este, ou estou delirando?

Ah, houve o mensalão do PT, trombeteia a propaganda. Sim, é verdade, mas em grau infinitamente menor. Foram 100 ou 200 bilhões que o Brasil perdeu com as privatizações, entregues aos amigos do poder, de dentro e de fora do país, inclusive muitos donos da Globo, da RBS, do Estadão, da Folha. O mensalão do PT chegou a uns 500 milhões? Longe disso. Agora, o mensalão petista foi julgado e os supostos culpados foram punidos.

Vamos ver o que aconteceu do outro lado. Cadê os mensalãos do PSDB e do DEM, que foram tão ou mais danosos aos cofres públicos do que o do PT? Por que ninguém fala deles? Por que não os julgam com o mesmo estardalhaço que o fizeram com transmissão ao vivo das sessões do Supremo? Por que foi tudo encoberto? Os votos de parlamentares comprados para a reeleição do FHC, em 1997, por acaso não custaram muito dinheiro? Onde estão os culpados? Estão todos aí no bem bom, porque a propaganda os abafa todos.

Ao lado desta questão moral, que nunca vai ser resolvida, porque depois da eleição, tudo é esquecido e a ninguém será dado o direito de crítica, sobretudo na grande mídia, existe a questão prática. O que vai acontecer com a privatização da Petrobrás, da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, das nossas universidades, que os jornalões que apoiam os novos tucanos não esquecem de cobrar? Alguém se lembra do número de funcionários demitidos da Telebrás e de suas subsidiárias estaduais, só para citar um exemplo? Segundo o diretor da Fittel, Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações, Juan Sanchez, o Sistema Telebrás, contava com uma média de 90, 100 mil trabalhadores efetivos. Com a privatização, ocorreram demissões em massa, veio a terceirização da mão de obra e, de repente, o número de servidores efetivos caiu para 60 mil. Hoje temos no máximo 10 mil servidores efetivos”.

Vejamos a regra aplicada à Caixa Econômica Federal, que tem 250 mil funcionários. Só irão restar 25 mil. Para onde irão, a não ser para o olho da rua, os 225 mil, na maioria filhos da classe média, tão suscetível à mensagem tucana, que serão inapelavelmente demitidos? O que dizer dos programas sociais, como o Minha Casa Minha Gente (este construiu 3,5 milhões de casas populares), FIES (Financiamentos a Estudantes), Ciências sem Fronteiras, os créditos a pequenos e médios empresários. Os tucanos desmentem que vão acabar com o Bolsa Família, responsável pela ascensão de 40 milhões de brasileiros à classe média e outros benefícios sociais. Mas como eles vão financiar esses programas, se tudo será privatizado? Também negam que vão enterrar os concursos públicos, para os quais estudam milhões de jovens, em busca de um salário digno. Os aprovados, que não foram poucos, foram contratados ao longo dos governos Lula e Dilma. Ora, como é que vão abrir concurso público, se não haverá mais vagas, é uma conclusão lógica.

Outro aspecto grave, a meu ver, é a privatização da Petrobrás e das universidades federais, que estão querendo sucatear, como mostram as denúncias de corrupção. Ou alguém esquece das campanhas de desmoralização que fizeram com as nossas empresas públicas privatizáveis pelo FHC, com aqueles escândalos de mordomia, desmandos etc.? A Petrobrás está segurando o preço da gasolina há mais de cinco anos, porque é uma decisão estratégica do Brasil, através de sua maior empresa estatal, financiar indiretamente o nosso desenvolvimento autônomo, com inflação relativamente controlada. Seu programa do Pré-Sal deverá dar cerca de 10 bilhões por ano para financiar a educação e a saúde. A Petrobrás privatizada, todos nós sabemos, vai ser comprada por uma Exxon ou uma Shell, cujas prioridades de investimentos só contemplam os lucros dos acionistas, além de terem suas decisões tomadas em Washington e Londres e não em Brasília.

Quanto às universidades federais, nós já vínhamos presenciando a pressão para primeiro demosralizá-las como as piores do mundo e depois vendê-las a preço de banana como ocorreu com a Telebrás. O objetivo em essência é privatizar todo o ensino, do superior ao médio e, se vacilarmos, o primário. Como fizeram no Chile, onde o cidadão é obrigado a despender pelo menos 40 mil dólares para formar um filho.

Finalmente, há a questão da vulnerabilidade de nossa urna eletrônica, cuja apuração pode ser adulterada a qualquer momento, porque não permite recontagem nem auditagem independente. Uma imensa propaganda tenta incutir no eleitor a segurança do processo digital, quando a primeira experiência que produziu o escândalo Proconsult, em 1982, no Rio de Janeiro, está aí para provar que é possível o desvio de votos de candidatos, sempre que haja um ambiente favorável à fraude, como ocorreu naquela época e me parece se repetir agora em nível nacional. Por isso, voto em Dilma.

Brasília, 14 de outubro de 2014

FC Leite Filho

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