No momento em que o chamado primeiro mundo afunda no desemprego e leva de roldão a América Latina e o Brasil, a Venezuela anuncia orgulhosamente que conseguiu baixar sua taxa para 6,1%. Há dez anos, quando o atual líder Hugo Chávez assumiu o poder, este índice era superior a 20%.
Mesmo açoitado pela brusca queda nos preços do petróleo, o qual, de mais de 100 dólares o barril, baixou para menos de US$ 40, o governo daquele país já anunciou que vai manter este nível, custe o que custar. A Venezuela, como se sabe, adotou, desde 2004 a estabilidade dos trabalhadores (prática adotada por Vargas no Brasil, mas suprimida pelo Golpe de 1964). Por este sistema, a demissão só pode ocorrer por justa causa. O país ainda concede o maior salário-mínimo do subcontinente, o equivalente a 370 dólares (no Brasil, é de R$ 415,00, o equivalente a US$ 180, ou seja, menos da metade do venezuelano).
Além do salário-mínimo, o governo adota um programa de benefícios indiretos para o trabalhador. Ele abrange o fornecimento de refeições para 4,5 milhões de alunos nas escolas de 1o. e 2o. graus da rede pública, além de uma rede pública de supermercados, o Mercal, que vende a preços subsidiados.
A Venezuela ainda ostenta há 20 trimestres, um crescimento econômico contínuo; também o maior da América Latina; além de se posicionar como uma nação com alto nível de desenvolvimento humano; 2,73 e 2,19 milhões de venezuelanos saíram da pobreza e pobreza extrema em 2008.
Ocupação – De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), entre janeiro e dezembro de 2008, mais de 466 mil venezuelanos obtiveram um posto de trabalho, o que significa uma redução de 4,1 pontos no índice de desocupação, ao passar de 10,2% a 6,1% nesse período, alcançando o percentual mais baixo desde 1999.
Se se levar em conta as demissões que vêm sendo anunciadas nos países desenvolvidos, sobretudo na grande potência, os Estados Unidos, e a desenvolvida Europa, se poderá entender melhor as vantagens trazidas pelo modelo venezuelano para a sua população. Tal modelo pratica um desenvolvimento nacionalista, que prioriza o país e não seus compromissos externos, como ocorre com outros países, inclusive o Brasil.
Na União Européia, o número de desempregados chegou a 17,46 milhões até novembro de 2008, segundo o Eurostat. Desse total, 67,75% (12.18 milhões) corresponde à eurozona, onde vigora o euro como moeda oficial: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal e Slovênia. Nestes países, a média de desemprego é de 7,8%. Entre eles, a Espanha apresenta a maior taxa de desocupação, alcançando 13,48% em novembro, com três milhões de desempregados.
Norteamericanos – Os Estados Unidos seguem o mesmo diapasão, ao verem se evaporar 2,6 milhões de postos de trabalho, a maior redução desde a Segunda Guerra Mundial en 1945 (2,8 milhões), dos quais 1,9 milhões de empregos desapareceram durante o último trimestre 2008.
Documento oficial do Departamento de Trabalho norteamericano informa que só em dezembro, foi de 524 mil o número de empregos gerando uma taxa de desocupação de 7,2%, a mais alta em 15 anos. Destes, 21.400 correspondem à indústria automobilística e outros 85.000 ao setor construção.
A Organização Internacional do Trabalho prevê que, se a recessão continuar a se deteriorar, entre 30 milhões e 51 milhões de pessoas perderão seus empregos até o final do ano, em comparação aos números do final de 2007.
Segundo matéria do Estadão, a alta no número de desempregados é o maior desde que a ONU iniciou seu registro da situação dos trabalhadores no mundo, em 1991. “Na melhor das hipóteses”, diz o jornal paulista, “a alta de desempregos seria de 18 milhões de pessoas por causa da crise. Mas a projeção já foi abandonada, já que se baseava em um crescimento do PIB mundial de 2,2% em 2009. O FMI já admite que a recessão será mundial”.