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Até Obama se queixa da mídia

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(Publicado originalmente em Qui, 18 de Junho de 2009)
O presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, abandonou sua postura habitualmente elegante e denunciou a cadeia de TV Fox News, da ultradireita norte-americana, que atinge hoje perto de 100 milhões dos seus 300 milhões de compatriotas:

“Há uma estação de TV que se dedica em sua totalidade a atacar minha administração. Se você acompanhar o dia inteiro esse canal, terá dificuldade para encontrar uma notícia positiva sobre mim”.

A Fox News é do magnata australiano, Rupert Murdoch (1931), dono da News Corporation, um enorme potentado midiático – TVs, jornais e web-sites, que inclui desde o ex-venerável “The Times”, de Londres, o “The New York Post” e o “Wall Street Journal”, às corporações de TV a Cabo Sky e Direct TV, além da Fox, e ao site de relacionamento Myspace.

Centrando no popularesco e na notícia-espetáculo e apelando para a emoção e os instintos mais baixos do público, a Fox News não só ganhou a audiência do estadunidense, como já começou a ditar seu modelo às outras grandes cadeias noticiosas, como a CNN. Um bom observador pode verificar que, de uns tempos para cá, os noticiários da CNN, antes pautados na linha de sobriedade da BBC de Londres, passaram a apelar para o sensacionalismo. Certamente, a antiga cadeia de Ted Turner, que inaugurou, em 1991, as TVs e rádios all-news (só notícias) não teve outra opção comercial, senão partir para a baixaria.

Mas a Fox News não se limitou à industrialização dos escândalos.Passou a interferir diretamente na política, contando para isso com o fundamentalismo direitista do Partido Republicano. Seu crescimento, aliás, coincide com a ascensão do presidente George W. Bush, o antecessor de Obama,  que ficou oito anos na Casa Branca (2001-2009).

Desde a eleição de Barak Obama, em 2008, a Fox vem golpeando duramente os democratas. É um claro seguimento da linha dura de seu dono, Rupert Murdoch, que já considerou o novo presidente como “um perigo para o futuro dos Estados Unidos”.

Em entrevista ao canal CNBC, Obama reconheceu, no entanto, que o tratamento dos outros veículos tem sido positivo, ainda que para ele seja “muito duro” engolir as acusações de alguns deles: “Nós acolhemos as pessoas que fazem perguntas duras. Acho que tenho sido tão acessível com qualquer presidente nos seis primeiros meses. Na realidade, a razão pela qual o povo tem sido geralmente positivo em relação às nossas propostas, é porque as pessoas sentem que eu sou acessível e disposto a responder a perguntas, e não procuramos ocultar a verdade”.

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