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Crítica do filme “Coração Louco”

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(Publicado originalmente em Ter, 09 de Março de 2010)

Por Reynaldo Domingos Ferreira

Veja aqui o trailer.

O protagonista de Coração Louco, de Scott Cooper, é cantor e compositor de música country, alcoólatra, em fase de dura decadência, que tenta sobreviver, realizando shows em boliches de pequenas cidades do interior dos EUA até que, um dia, conhece uma jovem jornalista, que o influencia a se reabilitar.

 O roteiro, também de Cooper, é baseado na novela homônima de Thomas Cobb, que parece haver moldado a personagem de Otis “Bad” Blake (Jeff Bridges), de 57 anos, nas figuras de Waylon Jennings, Kris Kristofferson e Merle Haggard. Assumindo a característica de  road movie, de caráter edificante, Cooper sustenta sua fraca narrativa graças a uma trilha sonora constituída de belos temas musicais– como The Weary Kind, Oscar de Melhor Canção Original – , e à atuação de um elenco de atores de muita categoria.

Com dez dólares no bolso, Bad Blake chega a Pueblo, lugarejo situado perto da fronteira do Texas com o México, onde vai realizar show, naquela noite, num boliche frequentado por idosos. Ainda se achando o rei da cocada preta, ele se dirige ao bar e pede uma dose de uísque para ser creditada em sua conta. Após a negativa da garçonete (Anna Felix), o gerente (James Keane) lhe explica não ser possível registrar a despesa (US$ 4,59) por não estar prevista no contrato com ele firmado.

Com a intenção de roubar uma garrafa de uísque, Bad entra numa mercearia, mas, antes de concretizar seu intento, é surpreendido pela oferta que lhe faz da bebida o proprietário do estabelecimento Jack Greene (Paul Herman).  Ele se justifica: – Será um prazer dizer aos amigos que recebi aqui Bad Blake!… Constrangido, Bad agradece, e lhe pergunta como poderia recompensá-lo. Greene lhe responde que ele poderia dedicar à sua mulher uma de suas canções preferidas: – Logo mais, iremos ao seu show!….

 No dia seguinte, Bad parte cedo, no seu calhambeque (Beth), para Santa Fé, onde conhece a sobrinha do pianista Wesley Barnes (Rick Dial), a jornalista Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal), divorciada, mãe de Buddy (Jack Nation), de quatro anos. Ela deseja entrevistá-lo. É durante a entrevista – realizada em duas fases: antes e depois do show – que os dois se enamoram, e que se evidenciam, para ela e para o espectador, alguns pontos obscuros na vida do cantor, os quais, entretanto, ele recusa comentar.

Bad não quer, por exemplo, rememorar o motivo pelo qual rompeu a parceria com Tommy Sweet (Colin Farrell) que, através de seu agente Bill Wilson (Tom Bower), em seguida, manda convidá-lo a fazer a abertura de seu show, em Phoenix, no Arizona, para um grande público. Depois de alguma resistência, ele acaba por aceitar o convite e, após dois dias de permanência em Santa Fé – mais do que o previsto -, viaja para cumprir o seu novo compromisso.

Jovem, no auge da fama, Tommy evita os apupos da plateia a Bad ao interpretar ao lado dele uma canção e, na despedida, incentiva-o a compor cinco músicas para ele gravar. De regresso a Houston, onde tem uma casa, Bad volta a cantar no bar de um amigo, Wayne (Robert Duvall), enquanto começa a compor as melodias encomendadas por Tommy. A partir de então, ele terá de encontrar um meio de mudar de vida, pedindo ajuda, para isso, até mesmo aos Alcoólatras Anônimos.

Como se vê, o roteiro parece haver sido feito sob encomenda para Bridges interpretar um papel semelhante ao de Randy “The Ram” Robinson, vivido por Mickey Rourke em O Lutador, de Darren Aronofsky. Assim, uma comparação entre as duas interpretações se torna inevitável. E o resultado é desfavorável a Bridges, embora tenha ele excelente atuação, ganhadora do Oscar da Academia, mas sem a riqueza de detalhes técnicos da de Rourke. Maggie Gyllenhaal está bem, como sempre, no papel da jornalista interiorana, que se deixa embevecer por um artista de fama já em declínio sem possibilidade, portanto, de lhe oferecer alguma perspectiva na vida. Robert Duvall – também um dos produtores do filme –  e Colin Farrell pouco ou quase nada têm a fazer em cena.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

FICHA TÉCNICA
CORAÇÃO LOUCO
CRAZY HEART
EUA/ 2009
Duração – 112 minutos
Direção – Scott Cooper
Roteiro – Scott Cooper com base no livro Crazy Heart, de Thomas Cobb
Produção – T-Bone Burnett, Robert Duvall, Scott Cooper, Judy Cairo
Fotografia – Barry Markowitz
Trilha Sonora – T-Bone Burnett, Stephen Bruton
Edição – John Axerald
Elenco – Jeff Bridges (Bad Blake), Maggie Gyllenhaall (Jean Craddock), Colin Farrell (Thommy Sweet), Robert Duvall (Wayne), James Keane (Gerente), Jack Nation (Buddy), Tom Bower (Bill Wilson), Rick Dial (Wesley Barnes), Anna Felix (Garçonete), Paul Herman (Jack Greene).

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