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Crítica do filme Instinto de Vingança

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Livremente adaptado de um conto de Edgar Allan Poe, poeta e genial criador da literatura policial, Instinto de Vingança, de Michael Cuesta, é um thriller, da linha noir, sobre um paciente de problemas cardíacos que, tendo recebido o transplante do coração e se ajustado a ele de forma perfeita até mesmo pela renovação da corrente sanguínea, se torna um assassino serial para vingar a morte de seu doador.

Produzido por Tony e Ridley Scott (Gangster Americano), o filme se baseia em Tell-Tale Heart, (Coração Delator), de Poe, que já ganhou várias adaptações, desde sua primeira edição, em 1843. Entre elas, uma, foi dirigida por Jules Dassin; outra foi interpretada por Vincent Price; e há a versão animada, de Ted Parmelee, narrada por James Mason e merecedora de indicação ao Oscar de Melhor Curta de Animação, em 1953. Essa nova versão – cujo roteiro, assinado por Dave Callaham (Mercenários), mescla suspense, terror e ficção científica – tem o evidente objetivo de seguir a trilha do sucesso alcançado por Cuesta, diretor do seriado televisivo Dexter, que aborda também a história de um criminoso serial.

Terry Bernard (Josh Lucas), o protagonista, é um técnico em informática, pai solteiro de uma garota, Angela (Beatrice Miller), sofredora de doença genética óssea degenerativa, que precisa por isso de acompanhamento constante de uma bela e atenciosa médica Elizabeth Clemson (Lena Headey). Ao início da película, Terry se encontra em fase de recuperação do transplante, quando percebe, ao fazer o primeiro check-up, que seu batimento cardíaco se acelera ao ritmo da repulsa, quando um paramédico Stanovich (Jamie Harrold) passa ao seu lado. Logo, lendo o seu prontuário, ele se dá conta de que seu doador fora um assassino de nome Veillard, morto em circunstâncias misteriosas.

A constatação de Terry de que não tem como resistir ao que lhe determina fazer o coração, que ganha, aos poucos, autonomia própria, o leva a procurar o policial Phillip Van Doren (Brian Cox), que investigou o caso Veillard, sem ainda ter uma solução. Ao policial, ele se anuncia como amigo do assassino, interessado em conhecer como se deu o crime. Ele pensa que, assim agindo, se livrará da sina de continuar no encalço de todos os que participaram do assassínio do seu doador. O roteiro de Callaham, além de ser rocambolesco em demasia e até, às vezes, contraditório à obra de Poe, faz inserções de fatos aleatórios tomados de empréstimo ao seriado Dexter, que persegue a todo o tempo a fim de atrair seu público cativo.

Cuesta, que usa bem os recursos da televisão, demonstra, nessa sua experiência com a tela grande, como qualquer neófito, uma quase total inabilidade no trato do aproveitamento do espaço, que ele procura equacionar usando planos quase sempre fechados. Em alguns momentos, principalmente os iniciais, esse expediente funciona. Mas, depois, diante da evolução dos acontecimentos, ele não consegue com isso extrair o efeito desejado, o que o faz perder o controle da narrativa, que decai de ritmo bem antes do final. Demais, o elenco selecionado pela produção é muito fraco. Os atores não suprem o vazio deixado, em sequências importantes, pela mise en scène. E o dramático às vezes se torna cômico.

Josh Lucas (Poseidon), por exemplo, não muda a máscara um só instante, mesmo que Terry altere o comportamento de acordo com os impulsos de seu coração: ele é ora o pai dedicado, ora o amante inseguro, ora o assassino frio e cruel. A fisionomia do ator, porém, permanece sempre a mesma, exibindo um ar de joão ninguém. Lena Headey é, de fato, uma mulher bonita, mas bastante inexpressiva. Como médica, não convence em momento algum, especialmente quando Liz tem de se alterar com Terry pelo simples fato de ele decidir levar a filha ao Museu de História Natural. Quanto a Brian Cox, falta-lhe, sem dúvida, um pouco mais de ironia para compor o policial Phillip Van Doren, que não precisava do timbre melodramático com que se apresenta.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
INSTINTO DE VINGANÇA
TELL-TALE HEART
EUA /Reino Unido / 2009
Duração – 92 minutos
Direção – Michael Cuesta
Roteiro – Dave Callaham, baseado no conto Tell-Tale Heart, de Edgar Allan Poe
Produção – Tony e Ridley Scott, Michael Costigan, Martin Shore, Christopher Tuffin
Fotografia – Terry Stacey
Trilha Sonora – David Buckley
Edição – Kane Platt e Billy Rich
Elenco – Josh Lucas (Terry Bernard), Lena Headey (Elizabeth Clemson) Brian Cox (PhillipVan Doren), Beatrice Miller ( Angela Bernard), Dallas Roberts (Cirurgião), Ulriche Tomson (Lethe), Jamie Harrold (Stanovich), Scott Winters (Dr. Averman)

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