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Critica do filme O Solteirão

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A crise da meia-idade do ex-dono de uma concessionária de carros de Nova York, imbuído do senso de que deve enfrentá-la à sua maneira, dá argumento dramático a O Solteirão, de Brian Koppelman e David Levian, filme de baixo orçamento (U$ 15 milhões), rodado em grande parte em locações externas, que se destaca pela brilhante atuação de Michael Douglas e com o apoio de um bom elenco.

Koppelman, roteirista e produtor cinematográfico (O Ilusionista), se encarregou da elaboração do roteiro, simples, direto e objetivo, que narra a pouco edificante história de Ben Kalmen (Michael Douglas), de sessenta anos. Ele é ainda um tipo atraente, sofredor de problemas cardíacos, mas que resiste ao tratamento médico e, da mesma forma, à ideia de não ter mais as boas condições, de saúde e de dinheiro, que tinha uns vinte e tantos anos antes.

Kalmen – a analogia do nome da personagem com o do autor do roteiro sugere a ilação de que a película poderia ter elementos autobiográficos – experimenta, portanto, a fase de declínio profissional, causada por negócios ilícitos que, ao longo do tempo, à exorbitância, praticou. Mulherengo, ele se divorciou da mulher Nancy Kalmen (Susan Sarandon), corretora de imóveis, com quem teve uma filha Susan Porter (Jena Fischer), casada, que lhe deu um neto Scotty (Jake Richard Siciliano).

Ao início, Kalmen mora com Jordan Karsch (Mary-Louise Parker), herdeira de um magnata da indústria automobilística, que tem uma filha, Allyson (Imogen Poots), estudante universitária. É dessa ligação com Jordan que ele espera tirar proveito para se estabelecer novamente como vendedor de carros. Por isso, logo que Allyson precisa ter audiência com o reitor da Universidade de Boston, ele se prontifica a acompanhá-la, pois, como lembra, no passado, foi um dos financiadores da construção do prédio da biblioteca no campus universitário.

Enquanto Allysson conversa com o reitor, Kalmen conhece um estudante, Daniel (Jesse Eisenberg), a quem se prontifica orientar na arte das conquistas amorosas e, depois, ao regressar a Nova York, perde a confiança de Jordan, que rompe com ele o namoro por causa de Allyson. Em dificuldade, Kalmen, primeiro, esgota as possibilidades de Susan – em crise por isso com o marido – de lhe fazer empréstimos e, segundo, volta a Boston a fim de procurar um velho amigo Jimmy (Danny DeVitto) para lhe pedir emprego na lanchonete, Merino´s Diner, que tem no campus.

A linguagem de Koppelman e Levian tem o mérito de mostrar a decadência moral e financeira de Kalmen num tom brando de tragicomédia, com uma economia de meios, valorizando principalmente o trabalho dos intérpretes. Michael Douglas usa de muita sutileza e ironia para compor Kalmen, um mau caráter, retraindo a vivacidade do rosto pela contração dos músculos nos momentos em que a personagem mais expressa a sua índole. É preciso observar, porém, que, além de expor os traços característicos da personalidade de Kalmen, o ator não deixa de sublinhar também, com muita acuidade técnica, o pensamento constante da personagem voltado para a questão da mortalidade, que a aflige. É, sem dúvida, uma soberba interpretação.

Susan Sarandon, no papel de Nancy, ex-mulher de Kalmen, emite sinais de ser uma vitoriosa em relação a ele. A atriz compõe objetivos claros e cheios de vida para a personagem, especificamente nos momentos em que ela exibe ao ex-marido a nova decoração do apartamento, que soube preservar, e quando, na cena final, vai procurá-lo no local, onde ambos se conheceram na juventude. Jena Fischer, como Susan, filha do casal, Jesse Eisenberg, como Daniel e Imogen Poots, como Allyson, são três novos atores muito talentosos. Cada um com uma linha interpretativa própria já maduramente definida. Nada há de se admirar, portanto, que principalmente a última, Imogen Poots, surja logo como uma grande estrela.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
O SOLTEIRÃO
SOLITARY MAN
EUA/2009
Duração – 90 minutos
Direção – Brian Koppelmen e David Levien
Roteiro – Brian Koppelmen e David Levien
Produção – Moshi Diamont. Danny Dimbort, Joe Gatta e Steven Soderbergh
Fotografia – Alwin H. Kuchler
Trilha Sonora – Michael Penn
Edição – Tricia Cooke

Elenco – Michael Douglas (Ben Kalmen), Susan Sarandon (Nancy), Mary-Louise Parker (Jordan), Jenna Fischer (Susan), Jesse Eisenberg (Daniel), Imogen Poots (Allyson), Danny DeVitto (Jimmy), Richard Schiff (Steve Heller), Olivia Thirlby (Maureen).

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