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Internet: A batalha das imagens ou o sequestro da história

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(Extraído da Carta Capital)
Regina Helena Alves da Silva
30 de outubro de 2010 às 10:29h
Depois das semanas finais do primeiro turno das eleições presidenciais, quando vimos uma intensa produção e divulgação de vídeos no YouTube que compunham o cenário de divulgação de temas polêmicos com tom religioso como foco principal da campanha, agora temos novas ações na internet.

O momento que ficou conhecido como “bolinhagate” mostrou novamente a imensa batalha de imagens em nome de uma pretensa “verdade” que estas eleições trouxeram. Inicialmente temos uma reportagem no Jornal Nacional da Rede Globo, onde as imagens de um cinegrafista mostram cenas que foram interpretadas como uma grave agressão ao candidato José Serra. A reportagem acompanhava o candidato em uma caminhada em uma região da cidade do Rio de Janeiro. Em meio a um tumulto de pessoas andando em torno de José Serra, vemos cenas de pessoas com bandeiras vermelhas do PT e bandeiras com o nome da candidata Dilma Rousseff. As imagens mostram momentos de tensão entre as duas correntes de apoiadores. De repente vemos uma pequena bolinha de papel atravessar nossa tela e atingir a cabeça de José Serra. Ele passa a mão na cabeça e continua a andar. As cenas mostradas apresentam apenas uma bolinha de papel atingindo a cabeça do candidato, mas uma voz em off diz que, momentos depois, o candidato foi atingido por um objeto e teve que recorrer a um socorro médico.

No dia seguinte na internet estava postada e com grande número de acessos uma reportagem do SBT “desmentindo” essa versão dos fatos e apresentando uma outra. Agora tínhamos imagens mostrando que o candidato foi atingido apenas pela bolinha e nas cenas seguintes não havia nada que comprovasse qualquer outra ação com relação a objetos atirados rumo ao candidato.

A reação veio logo depois, quando a Rede Globo mais uma vez diz que não tinha todas as imagens porque seu cinegrafista estava acompanhando outros acontecimentos em torno da caminhada do candidato. Mas a Globo conseguiu imagens de um repórter da Folha de São Paulo feitas com um celular. Assim passamos a assistir a uma edição de imagens entre as feitas pela Globo que foram coladas as registradas pelo celular do repórter da Folha. Nesta edição, aparece em imagens de baixa definição algo enevoado perto da cabeça do candidato. Neste momento a reportagem da Globo lança mão de seu perito para casos polêmicos, Ricardo Molina. Molina confirma “com certeza” que o candidato havia sido atingido por um objeto “transparente”.

Assim a Globo esperava ter restabelecido a “verdade” dos fatos: um discurso técnico autorizado afirmava que existia um objeto e mesmo que não conseguíssemos vê-lo na imagem um perito nos afirmava que não podíamos ver nada porque o objeto era transparente. (Continua em Carta Capital)

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