Vai aos poucos se desvanecendo o clamor traduzido nas cenas pré-eleitorais, como a de 2008, em Berlim, que levou 200 mil alemães a aclamarem nas ruas o que seria a opção negra para a construção de um cenário internacional mais saudável. Mais de dois anos já se passaram da eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos e, na medida que Barak Obama se aferra à Casa Branca, sobretudo agora que se encalacra na briga pela reeleição, mais ele se parece com um líder americano branco conservador. Prepotente, ele mandou, como se fosse o dono do mundo, o presidente da Síria, “fazer as reformas”, para facilitar a penetração estrangeira, ou “cair fora”. Não lhe faltou mesmo um arroubo de Rambo, ao anunciar ao mundo que havia mandado matar Osama Bin Laden, depois de sangrenta e dispendiosa caça de mais de dez anos ao destruidor das torres gêmeas do Trade World Center.
Hoje, ele vem a público “esclarecer” que sua proposta de criação do estado palestino, a partir da geografia anterior à guerra de 1967, quando Israel ocupou mais de dois terços do território adversário, não é bem assim. No desmentido do que poderia ter sido seu discurso histórico sobre a Primavera Árabe, da última quinta-feira, Obama afirmou, em reunião com representantes de altos negócios israelenses, na conferência anual do Comitê de Assuntos Públicos Israel- Estados Unidos, o principal grupo de pressão judeu, que a ONU não vai criar um estado palestino independente, como defendem os palestinos e a grande maioria dos países membros daquele organismo. E foi mais além: condenou o recente acordo de reconciliação entre as facções rivais palestinas Fatah e Hamas. Ele disse, em tom duro, que os EUA vão continuar a pressionar o Hamas a aceitar a existência de Israel e abrir mão da violência.
“As partes, israelenses e palestinos, vão negociar uma fronteira que é diferente da que existia em junho de 1967. É isso que significa troca mútua. Permite que as duas partes reconheçam as mudanças que ocorreram nos últimos anos. Permite às partes desenhar os dois Estados pensando nas novas realidades demográficas e as suas necessidades”, disse Obama.
Sem querer, no entanto, Obama reconheceu, nesse mesmo encontro com os judeus, que os tempos mudaram e que Israel precisa ceder, concluindo que “a busca por segurança pode ser difícil para um estado pequeno como Israel e cercado por uma vizinhança pouco amistosa”. Obama, na verdade, procura uma forma de influenciar as mudanças provocadas pelas rebeliões no Oriente Médio, que aos poucos vão alterando o cenário naquela região, em que poder dos americanos parecem cada vez mais ameaçados. As suas facções palestinas, o Hamas e o Fatah, já decidiram superar divergências e trabalharem por si próprias e longe das garras de Israel dos Estados Unidos em torno da criação
de seu estado independente, custe o que custar. Por isso, Obama, na sua escalada eleitoral, parece mais próximo de fortalecer-se como presidente dos Estados Unidos do que concretizar a esperança de um líder mundial mais justo.
Isso mostra que as promessas eleitorais não valem para nada, e Barak Obama não foge da regra dos milhares de chefes de estados e de governo. Enfim desejo a ele boa sorte nas presidenciais de 2012