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Crítica do filme “O Guerreiro Genghis Khan”

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(Publicado originalmente em Ter, 04 de Agosto de 2009 17:14)

Por Reynaldo Domingos Ferreira.

Veja aqui o trailer.

Um épico magistral, com muitas e violentas cenas de batalhas, ambientadas no Cazaquistão, na China e na Mongólia: assim é O Guerreiro Genghis Khan, de Serguei Bodrov, que narra a legendária história da juventude de um dos maiores conquistadores de todos os tempos, dominador da metade do mundo conhecido, até mesmo da Rússia, por volta do ano de 1206.

Para escrever o roteiro, Bodrov, de 61 anos, em colaboração com Arif Aliyev, se inspirou no provérbio mongol que adverte: não desfaça de um filhote porque ele pode se tornar um tigre feroz. Pois, de fato, o garoto Temudjin (Odnyam Odsuren), criado com regalias pelo pai Esugei (Ba Sen), após a morte dele, se torna escravo, perseguido por todos os seus inimigos, dos quais, mais tarde, ele irá se vingar. Ao completar nove anos, Temudjin é levado pelo pai a uma aldeia a fim de escolher sua futura noiva. Ao contrário do que queria Esugei, o filho se enamora de Borte (Bayertsetseg Erdenebat), que não pertence à sua tribo Merkit. Ele reclama disso, mas, Temudjin finca o pé e acaba convencendo-o de que será ela a sua preferida, quando, daí a cinco anos, se dará o noivado. Com a morte de Esugei, a situação se complica para Temudjin, que assume a chefia (khan) dos Merkit.

Ambicioso, Targutai (Amadu Namadakov) deseja matá-lo a fim de lhe tomar o lugar de líder. Temudjin só se livra de morrer porque existe uma tradição entre os mongóis, levantada, aos gritos, por sua mãe, Oelun (Aliya), e respeitada por seu algoz, de que não se pode matar uma criança. Para se livrar de seu perseguidor, Temudjin se esconde no deserto. Depois de sofrer uma queda num lago congelado, ele é salvo por um jovem, Jamukha (Amarbold Tuvinshibayar), de quem se torna amigo de sangue, de acordo com um ritual cumprido à risca por ambos. Os reveses da vida, porém, fazem com que Temudjin caia novamente prisioneiro de Targutai, que lhe coloca, na altura do pescoço, uma canga. Alguns anos se passam e Temudjin se torna então um jovem (Tadanobu Asano) desejoso de ir procurar Borte (Khulan Chuluun) para, com ela, noivar e casar. Os dois se encontram, mas ficam juntos por pouco tempo porque os perseguidores voltam ao encalço de Temudjin que, atacado por uma flecha, regressa a casa, enquanto Borte é presa pelos Merkit. Para libertar Borte, Temudjin pede ajuda a Jamukha (Sun Honglei), que tenta dissuadi-lo da idéia, lembrando-lhe a tradição dos mongóis de não guerrearem entre si por causa de mulher.

Mas Temudjin insiste e Jamukha, solidário, o acompanha no resgate de Borte, o que se dá com sucesso. Não tardará muito, porém, os dois amigos vão se desentender, originando-se desse desentendimento uma grande batalha que envolve várias tribos. Ao final, Temudjin se sagra vencedor, recebendo o título de Genghis Khan, grande líder de todos os mongóis.

A linguagem de Bodrov é de modelo clássico, absorvido dos grandes mestres russos e japoneses. A característica é a valoração dos planos panorâmicos por um excepcional manejo de câmara a cargo de Sergey Trofimov e de Rogers Stroffers, que dão às cenas de sanguinárias batalhas uma autenticidade impressionante. A ambientação de Dashi Namdakov, os figurinos de Karin Lohr e a música de Tuomas Kantelinen contribuem para o êxito do trabalho de Bodrov, que só se ressente de alguns efeitos especiais um tanto bisonhos. Os atores Tadanobu Asano e Khulan Chuluun estão muito bem como Temudjin e Borte. Mas o grande desempenho do filme é o do ator chinês Sun Honglei, intérprete de Jamukha, que tem uma atuação brilhante. Ele dá a Jamukha um ar de ingenuidade no trato da amizade que tem por Temudjin digno de nota. Depois de perder para o amigo uma batalha, que ocorre durante um temporal, Jamukha, surpreso, lhe indaga: – Por que você não teme os trovões, como todos os mongóis? Ao que o Temedjin lhe responde: Porque, quando criança, eu não tinha onde me proteger deles…

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

FICHA TÉCNICA
O GUERREIRO GENGHIS KHAN
MONGOL
Alemanha, Cazaquistão, Rússia e Mongólia/2007
Duração – 125 minutos
Direção – Sergei Bodrov
Roteiro – Arif Aliyev e Sergei Bodrov
Produção – Sergei Selianov, Sergei Bodrov e Anton Melnik
Fotografia – Sergey Trofimov e Roger Stroffers
Música – Tuomas Kantelinen
Edição – Valdís Oskarsdóttir e Zach Sataenberg

Elenco – Tadanobu Asano (Temudjin), Khulan Chuluun (Borte), Sun Honglei (Jamukha), Amadu Namadakov (Targutai), Oelun (Aliya), Bayertsetserg Edenebat (Borte criança) Ba Sen (Esugei), Odnyam Odsuren (Temudjin criança), Amarbold Tuvshinbayar (Jamukha criança).

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