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Crítica do filme “Trama Internacional”

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(Publicado originalmente em Seg, 29 de Junho de 2009 15:560

Por Reynaldo Domingos Ferreira

Veja aqui o trailer.

O argumento de Trama Internacional, de Tom Tykwer, tem algo a ver com a difícil conjuntura atual na medida em que expõe, em termos ficcionais, na linguagem de um thriller, como as instituições financeiras são capazes de exercer enorme influência sobre a política, a economia e a vida das pessoas.

O roteiro, do estreante Eric Warren Singer, é inspirado no escândalo do Banco de Crédito e Comércio Internacional – BCCI -, criado no Paquistão, na década de 70, que se tornou o maior operador, no âmbito internacional, de lavagem de dinheiro e de investimentos predatórios, como o do recente caso Madoff. Além disso, administrou lucrativo esquema de tráfico de armas e de apoio ao terrorismo de todas as colorações.

Os protagonistas da película são o agente da Interpol Louis Salinger (Clive Owen) e a assistente da promotoria de Manhattan Eleonor Whitman (Naomi Watts), que se dedicam a obter provas incriminadoras contra uma poderosa organização bancária, a IBBC, sediada em Luxemburgo.

Ao ler o roteiro, o cineasta alemão Tykwer (Corra, Lola, Corra) identificou nele condições propícias a realizar um filme como O Ultimato Bourne, o que fica evidente pela linha que impôs à direção semelhante à de Paul Greengrass, especialmente nas longas e, também no caso, bem feitas sequências de ruas em que personagens de ficção se misturam com figuras reais, os transeuntes.

Salinger e Eleonor, por se conscientizarem de que uma série de assassínios ocorridos em Berlim, em Milão (este contra um candidato a primeiro ministro da Itália) e em Nova York, foi perpetrada a mando da IBBC, que sabia tudo sobre a vida das suas vítimas, armam um esquema para tentar desbaratar a trama e evitar que outros crimes aconteçam.

Na perseguição aos criminosos que, em Nova York, tem por cenário o interior do Museu Gugenheim – uma réplica em miniatura foi construída  em estúdio –, Tykwer realiza, graças à precisão das tomadas do fotógrafo Frank Griebe, o melhor e o mais bem inspirado momento do filme. A sequência se inicia quando Salinger encontra numa rua o assassino contratado pela IBBC (Brian F. O´Byrne) e, de repente, uma pista promissora, por ele seguida, se transforma em virada significativa no caso que investiga.

O elenco reunido por Tykwer é muito bom, mas, ao que se observa, falta sintonia entre o trabalho de Clive Owen e o de Naomi Watts. No caso de Owen, ele transmite a complexidade da personagem, Salinger, um indivíduo solitário, duro, imbuído de um senso moral rigoroso, que o torna obcecado e impetuoso no exercício da profissão. Mas não faria mal à sua composição dar à personagem uma nuance de herói de filme de aventura, como de fato ela o é. 

Watts se mostra à deriva, ou melhor, indecisa na sua composição da promotora Eleonor, pois, não dá noção de ser ela a chefe da operação, a quem Salinger é subordinado e de quem ele espera apenas apoio para o seu trabalho, pelo que se deduz. A atriz retrata mais uma mulher sensível, insegura, que usa a profissão para superar suas frustrações na vida conjugal. Mas que, apesar disso, não consegue atrair para si a atenção de Salinger.

O excelente ator dinamarquês Ulrich Thomsen interpreta Jonas Skarssen, presidente da IBBC, frio, metódico, que pauta suas ações pelos calculados lances do jogo de xadrez. Thomsen sabe, sim, compor sua personagem dentro do rigorismo técnico de observância de suas características, mas não descura de lhe dar também o aspecto de vilão de uma história de suspense.  Da mesma forma, Armin Mueller-Stahl envolve a personagem de Wilhelm Wexter, um dos confidentes de Skarssen, ex-agente de espionagem da Stasi da Alemanha Oriental em uma aura de mistério que só vai se esclarecendo aos poucos.

E como ocorreu em todos os seus filmes anteriores, Tykwer se encarregou também da trilha sonora, que, feita em parceria com os compositores Johnny Klimek e Reinhold Heil, sublinha a narrativa com canções de Eric Clapton e composições de Johann Sebastian Bach.

FICHA TÉCNICA
TRAMA INTERNACIONAL
THE INTERNATIONAL
EUA/REINO UNIDO/2009
Duração – 118 minutos
Direção – Tom Tykwer
Roteiro –  Eric Warren Singer
Produção – Charles Roven, Richard Suckle, e Lloyd Phillip
Fotografia – Frank Griebe
Trilha Sonora – Johnny Klimek, Reinhold Heil e Tom Tykwer
Edição – Matilde Bonnefoy

Elenco – Clive Owen ( Louis Salinger), Naomi Watts (Eleonor Whitman), Ulrich Thomsen ( Jonas Skarssen), Armin Mueller-Stahl (Wilhelm Wexter), Brian F. O´Byrne (Assassino) 

Por Reynaldo Domingos Ferreira

Veja aqui o trailer.

trama_internacional_2009_notaO argumento de Trama Internacional, de Tom Tykwer, tem algo a ver com a difícil conjuntura atual na medida em que expõe, em termos ficcionais, na linguagem de um thriller, como as instituições financeiras são capazes de exercer enorme influência sobre a política, a economia e a vida das pessoas.
O roteiro, do estreante Eric Warren Singer, é inspirado no escândalo do Banco de Crédito e Comércio Internacional – BCCI -, criado no Paquistão, na década de 70, que se tornou o maior operador, no âmbito internacional, de lavagem de dinheiro e de investimentos predatórios, como o do recente caso Madoff. Além disso, administrou lucrativo esquema de tráfico de armas e de apoio ao terrorismo de todas as colorações.

Os protagonistas da película são o agente da Interpol Louis Salinger (Clive Owen) e a assistente da promotoria de Manhattan Eleonor Whitman (Naomi Watts), que se dedicam a obter provas incriminadoras contra uma poderosa organização bancária, a IBBC, sediada em Luxemburgo.
Ao ler o roteiro, o cineasta alemão Tykwer (Corra, Lola, Corra) identificou nele condições propícias a realizar um filme como O Ultimato Bourne, o que fica evidente pela linha que impôs à direção semelhante à de Paul Greengrass, especialmente nas longas e, também no caso, bem feitas sequências de ruas em que personagens de ficção se misturam com figuras reais, os transeuntes.
Salinger e Eleonor, por se conscientizarem de que uma série de assassínios ocorridos em Berlim, em Milão (este contra um candidato a primeiro ministro da Itália) e em Nova York, foi perpetrada a mando da IBBC, que sabia tudo sobre a vida das suas vítimas, armam um esquema para tentar desbaratar a trama e evitar que outros crimes aconteçam.
Na perseguição aos criminosos que, em Nova York, tem por cenário o interior do Museu Gugenheim – uma réplica em miniatura foi construída  em estúdio –, Tykwer realiza, graças à precisão das tomadas do fotógrafo Frank Griebe, o melhor e o mais bem inspirado momento do filme. A sequência se inicia quando Salinger encontra numa rua o assassino contratado pela IBBC (Brian F. O´Byrne) e, de repente, uma pista promissora, por ele seguida, se transforma em virada significativa no caso que investiga.
O elenco reunido por Tykwer é muito bom, mas, ao que se observa, falta sintonia entre o trabalho de Clive Owen e o de Naomi Watts. No caso de Owen, ele transmite a complexidade da personagem, Salinger, um indivíduo solitário, duro, imbuído de um senso moral rigoroso, que o torna obcecado e impetuoso no exercício da profissão. Mas não faria mal à sua composição dar à personagem uma nuance de herói de filme de aventura, como de fato ela o é. 
Watts se mostra à deriva, ou melhor, indecisa na sua composição da promotora Eleonor, pois, não dá noção de ser ela a chefe da operação, a quem Salinger é subordinado e de quem ele espera apenas apoio para o seu trabalho, pelo que se deduz. A atriz retrata mais uma mulher sensível, insegura, que usa a profissão para superar suas frustrações na vida conjugal. Mas que, apesar disso, não consegue atrair para si a atenção de Salinger.
O excelente ator dinamarquês Ulrich Thomsen interpreta Jonas Skarssen, presidente da IBBC, frio, metódico, que pauta suas ações pelos calculados lances do jogo de xadrez. Thomsen sabe, sim, compor sua personagem dentro do rigorismo técnico de observância de suas características, mas não descura de lhe dar também o aspecto de vilão de uma história de suspense.  Da mesma forma, Armin Mueller-Stahl envolve a personagem de Wilhelm Wexter, um dos confidentes de Skarssen, ex-agente de espionagem da Stasi da Alemanha Oriental em uma aura de mistério que só vai se esclarecendo aos poucos.
E como ocorreu em todos os seus filmes anteriores, Tykwer se encarregou também da trilha sonora, que, feita em parceria com os compositores Johnny Klimek e Reinhold Heil, sublinha a narrativa com canções de Eric Clapton e composições de Johann Sebastian Bach.

FICHA TÉCNICA
TRAMA INTERNACIONAL
THE INTERNATIONAL
EUA/REINO UNIDO/2009
Duração – 118 minutos
Direção – Tom Tykwer
Roteiro –  Eric Warren Singer
Produção – Charles Roven, Richard Suckle, e Lloyd Phillip
Fotografia – Frank Griebe
Trilha Sonora – Johnny Klimek, Reinhold Heil e Tom Tykwer
Edição – Matilde Bonnefoy

Elenco – Clive Owen ( Louis Salinger), Naomi Watts (Eleonor Whitman), Ulrich Thomsen ( Jonas Skarssen), Armin Mueller-Stahl (Wilhelm Wexter), Brian F. O´Byrne (Assassino)

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