(Transmitido pela TV Cidade Livre de Brasília, Canal 8 da NET (só DF), às segundas, às sete da manhã, às quartas, às 19:30, e às quintas, às 13 horas)
O ex-deputado José Genoíno, que foi presidente nacional e continua uma das principais figuras do PT, é hoje assessor especial do Ministério da Defesa. Da experiência do jovem idealista, do ex-guerrilheiro e preso político, ficou a preocupação deste militante petista, que hoje se volta quase inteiramente para um assunto que ele conhece como poucos: a defesa da soberania brasileira e a sua integração com os países vizinhos da América do Sul, em primeiro lugar, e América Latina, num âmbito mais geral.
Ele deu esta entrevista a FC Leite Filho, do blog cafenapolitica.com.br, depois de participar, em Lima, juntamente com seu superior, o ministro Celso Amorim, arquiteto da nossa nova política externa, da segunda reunião do recém criado Conselho de Defesa da América do Sul, da UNASUL (União das Naçõe Sul-Americanas). Um detalhe, José Genoíno foi nomeado inicialmente assessor especial da Defesa pelo ex-ministro Celso Amorim, e mantido no cargo pelo embaixador e ex-Celso Amorim, atual ministro.
2a. parte
Eis as principais conclusões que podemos tirar dessa entrevista:
1) O Conselho de Defesa, que compreende representantes das três armas dos 12 países sul-americanos, tem como objetivo a cooperação entre os países e a dissuasão para fora. Predomina a a relação de cooperação para diminuir as vulnerabilidades, sobretudo,
a) na proteção de nossas froneiras;
b) no combate aos crimes transnacionais nas fronteiras;
c) prevenção de desastres e catástrofes; e
d) proteção das riquezas estratégicas.
Genoíno explica que a América do Sul é portadora de riquezas estratégicas, como a Amazônia, o Aquífero de Guarani, a maior reserva de água potável do mundo; a maior produção de proteína animal e vegetal; a matriz energética mais limpa. O subcontinente fica ainda entre dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico, ricos em petróleo e peixe, e tem a percorrê-lo a Cordilheira dos Andes, a Bacia do Prata e a Amazônia, repletos de minerais, vegetais e outros recursos naturais muito cobiçados.
– A América Latina – diz ainda o ex-deputado – é ainda, neste mundo em crise, um exemplo de democracia, estabilidade, crescimento e de políticas sociais para a diminuição da pobreza.
Para preservar este patrimônio é que os 12 países sul-americanos abandonaram a antiga política de atrelamento automático aos Estados Unidos, para realizar uma política de cooperação e compartilhamento, inclusive de tecnologia militar, par criar uma indústria básica de defesa.
O Conselho de Defesa, segundo Genoíno, já instalou em Buenos Aires, capital da Argentina, o Centro de Estudos Estratégicos, tendo como fim uma doutrina de defesa da integração: “Na prática, rompemos a visão antiga de que a Argentina era nossa inimiga”, lembra o assessor da Defesa, depois de recordar que esta política ultrapassada facilitou as intervennções norte-americanas, que, através do Comando Sul dos Estados Unidos, incentivou as ditaduras militares.
Finalmente, o ex-deputada aponta como outra evidência da ação do Conselho de Defesa, as operações Ágata, realizadas enrtre Brasil e Colômbia, depois no Cone Sul e proximamente na Bolívia, envolvendo as três forcas armadas, as secretarias da Receita e policias federais dos respectivos países.