Numa série de reportagens e artigos, sob o título “Veja & Cachoeira, jornalismo a pique”, sob uma capa montada da revista em que aparece o diretor Roberto Civita ao lado dos dizeres “Nosso Murdoch”, a edição de Carta Capital desta semana, de no. 696, reproduz as gravações das conversas do bicheiro Carlos Cachoeira com a semanal da Editora Abril e outros detalhes daquela parceria singular para elaborar as chamadas “reportagens investigativas”.
“Indiscutível é que a Veja tem assumido a dianteira na arte de ignorar princípios”, afirma o diretror de Carta Capital no editorial, para continuar: “A revista exibe um currículo excepcional neste campo e cabe perguntar qual seria seu momento mais torpe. Talvez aquele em que divulgou uma lista de figurões encabeçada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apontados como donos de contas em paraísos fiscais.
“Lista fornecida pelo banqueiro Daniel Dantas, especialista no assunto, conforme informação divulgada pela própria Veja”, contiua Mino Carta. “O orelhudo logo desmentiu a revista, a qual, em revide, relatou seus contatos com DD, sem deixar de declinar-lhes hora e local”.
O editorial conclui, asseverando: “Sim, sim, mesmo os mais eminentes criminosos merecem defesa em juízo, assim como se admite que jornalistas conversem com contraventores. Tudo depende do uso das informações recebidas. Inaceitável é o conluio. A societas sceleris. A bandidagem em comum”.
Por sua vez, Maurício Dias denuncia em sua coluna “Rosa dos Ventos”: “Merval Pereira, de O Globo, saiu em defesa da revista Veja, envolvida com questões do receituário da CPI.
“O relacionamento de jornalistas da revista Veja com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus asseclas nada tem de ilícito”, assegurou Merval.
“Essa afirmação vigorosa se sustenta em bases frágeis”, diz Dias, analisando: “Merval enalteceu o “jornalismo investigativo” praticado na revista. Veja, no entanto, foi parceira de um jogo criminoso. Aliou-se a um contraventor e, no afã de denunciar escândalos, criou escandalosamente um deles. Cachoeira oferecia a munição e Veja atirava”.
Por sua vez, a repórter Cynara Menezes, que reproduz as gravações de Carlos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres, assegura: “Ignorada pelos veículos de maior tiragem do país e pela Rede globo, mas fartamente relatada na internet e na TV Record, a relação da revista Veja com o esquema docontraventor Carlos Cachoeira ficou mais evidente após o vazamento de uma série de novas escutas telefônicas”.
“Pelo que consta, ainda não se trata da íntegra dos contatos entre os criminosos e a publicação, mas já é informação suficiente para jogar por terra a tese de que a publicação da Editora Abril e o diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Jr., seriam espécies de flores-de-lótus: manteriam a pureza mesmo chafurdadas no pântano”.
Clique abaixo para a íntegra de alguns artigos no site Carta Capital
“Veja”, um caso sério, por Maurício Dias
Mino Carta: trevas ao meio dia