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Filme: Azul é a cor mais quente

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Por Thiago Ney, IG SP

Como tantos e tantos outros filmes, “Azul É a Cor Mais Quente” tem como eixo uma história de amor. Mas “Azul É a Cor Mais Quente” é diferente de todos os outros filmes sobre histórias de amor porque esparrama na tela longas e explícitas cenas de sexo entre duas mulheres. Mas não só por isso.

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Outros méritos do filme dirigido por Abdellatif Kechiche estão na forma como costura de maneira imperceptível a sensação de deslocamento da personagem interpretada por Adèle Exarchopoulos; na sutileza com que trata a diferença intelectual entre as protagonistas; e no humor contido que é capaz de brincar com Sartre e Bob Marley, por exemplo.
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Trailer

“Azul É a Cor Mais Quente” é inspirado em uma graphic novel lançada em 2010 por Julie Maroh (com edição brasileira). Kechiche disse que é uma “adaptação livre, com uma história que às vezes é até oposta ao que está no livro”.

Adèle Exarchopoulos é Adèle, uma jovem de 17 anos que mora na periferia de Paris e estuda em um colégio na região central. Com o incentivo de amigas, ela envolve-se com um colega (e já aí notamos a delicadeza da câmera de Kechiche), mas não há uma conexão forte (por parte dela).
A partir de uma brincadeira de uma amiga, Adèle descobre o interesse por outras mulheres. Até que, ao atravessar uma rua, cruza o olhar com uma garota de cabelos azuis – a artista plástica Emma (Léa Seydoux).

Apesar das diferenças de idade e de experiência (Emma é mais velha e sofisticada do que Adèle), uma forte atração sexual une as duas mulheres.

Com três horas de duração, o filme é feito de cenas longas e muitos closes nos rostos das atrizes. Às vezes, temos a impressão de que nada acontece, mas pequenos gestos e situações banais nos revelam que há muita coisa ali.

As duas atrizes estão impecáveis, principalmente Adèle Exarchopoulos – em uma cena de briga com Emma, ela está especialmente espetacular.

Não dá para ignorar o mérito do filme ao registrar um amor homossexual como algo comum, que não causa (ou não deveria causar) espanto. Ou em tratar as cenas de sexo de modo tão naturalista e sem culpa. Mas ficar apenas nisso seria reduzir o poder de “Azul É a Cor Mais Quente”.

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