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Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares

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A reunião tinha ares mais de tertúlia do que um encontro macabro para atentar contra o presidente constitucional de um país supostamente amigo, além de aliado incondicional. À exceção do presidente, todos se tratavam por tu, usavam apelidos e certamente até diziam palavrão. Mas ali, no suntuoso Oval Office, o gabinete presidencial da Casa Branca,  John Fitzgerald Kennedy desencadeava as ações para um golpe militar contra o Chefe de Estado brasileiro.

Por FC Leite Filho

Neste 22 de janeiro de 2014, ano que marca o primeiro cinquentenário do Golpe de 64 e data em que Leonel Brizola completaria 92 anos de idade, cabe uma reflexão sobre o papel exato que teve o presidente John Kennedy em recorrer aos militares para depor o presidente João Goulart.

Está tudo documentado e postado na internet, pelo Miller Center of Public Affairs, da Universidade de Virgínia. creio que há mais de 10 anos. No meu livro El Caudillo Leonel Brizola, editado pela Aquariana, em 2008, eu traduzo a transcrição das fitas que peguei no site do Miller, daquela reunião determinante. ocorrida na Casa Branca, em 30 de julho de 1962 e também postada neste meu blog cafenapolitica.com.br, em 15 de dezembro desse mesmo 2008.

Do encontro, realizado entre 11h55m e 12h20m, de 30 de julho de 1962, participaram além de Kennedy e do embaixador no Brasil Lincoln Gordon, o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Richard Goodwin e o assessor especial para Assuntos de Segurança Nacional, McGeorge Bundy

Brizola, considerado o grande empecilho na aproximação com Goulart, é citado oito vezes nos diálogos.

Clique aqui para ouvir os diálogos (em inglês)

Não sei por que tanto frenesi em torno da primazia desta informação, desatado com a publicidade do relançamento da quadrilogia do jornalista Élio Gáspari sobre a ditadura. Talvez porque a matéria respectiva da Folha afirme que “a informação é uma das novidades da reedição de “A Ditadura Envergonhada”, primeiro volume da série de Gaspari”. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo rebateu, no artigo “Que revelação é essa?”, a suposta na novidade, na Carta Capital, no que foi respaldado pelo editor Mino Carta, num vídeo postado no site da revista.

O que importa, porém, é o fato de o presidente americano ter comandado pessoalmente, na sede daquilo que é projetado como a maior democracia do mundo, uma reunião golpista e subversiva, sob todos os pontos de vista, para depor pela força bruta o presidente constitucional do Brasil. Nesta reunião, foi traçado um esboço de plano do golpe, que começaria com a mudança do adido militar, cargo para o qual foi logo designado o então coronel Vernon (Dick) Walters, adido na Itália. Sua principal credencial: falava português e era amigo do general Castello Branco (primeiro presidente da ditadura de 64), quem tinha conhecido em plena II Guerra Mundial, nos campos italianos.

Vejamos só este trecho da reunião, para termos uma dimensão da conspirata:

Presidente Kennedy: O que temos de fazer para chegar aos militares…
Goodwin: Acho que temos de fortalecer nossas relações com os militares, precisamos deixar isso bem claro para eles. Talvez McNamara (Secretário de Defesa) tenha de rever o pessoal que tem lá e vê se ele pode (ininteligível).
Lincoln Gordon: Bom, nós precisamos e precisamos mesmo de um novo adido militar.
Goodwin: Então, o que mais…
Gordon: O Exército é muito… é … a mais importante das três forças. Este é o homem-chave no nosso relacionamento.
Presidente Kennedy: E nosso homem lá (o adido), ele é bom?
Gordon: Nosso homem atual… ele é legal, mas é muito burro. Eu falei com o general (ininteligível) sobre isso…
(…)
Presidente Kennedy – Há alguém que já tenha estado lá antes, que tenha boas relações e pode ser mandado de volta?
Goodwin: Que tal este (cara) do Eisenhower (ininteligível)?
Gordon: Dick Walters?
Goodwin: Sim.
Gordon: Ele está em Roma.
Presidente Kennedy: E ele sabe alguma coisa de português?
Goodwin: Ele fala português fluentemente.
Gordon: Ele fala português fluentemente. É excelente e ainda tem um grande feeling político.
Goodwin: Ele era o intérprete de Eisenhower (durante a guerra) lá, não era?
Gordon: Sim. Ele seria maravilhoso. Ele era…
Presidente Kennedy: Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas… e tem de falar em português.
Goodwin: Por que não falamos com o Ros Gilpatric2 ou alguém…
Presidente Kennedy: Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje.

 

ÍNTEGRA

Daí a importância de reproduzir o trecho de El Caudillo, na página 187, Na verdade, esta é a primeira das gravações que o Presidente John Kennedy mandava fazer das conversas e despachos que tinha com seus interlocutores, no chamado Oval Office:

Naquela conversa, ocorrida entre 11h55m e 12h20m de 30/07/63, na presença do subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Richard Goodwin e do assessor especial para Assuntos de Segurança Nacional, McGeorge Bundy, travou-se o seguinte diálogo entre o embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, que tinha vindo a Washington relatar a conversa pessoal que havia tido com o presidente João Goulart, no último dia 23 de julho, em Brasília:
Reunião sobre o Brasil
Kennedy começou a gravar quando o embaixador Gordon descrevia sua reunião de 23 de julho com o Presidente Goulart.
Lincoln Gordon – …(ininteligível) nós ainda estamos muito bem, em termos pessoais, o que é muito bom. E ele me parece muito franco. Tivemos uma conversa na segunda-feira sobre seu partido (o PTB). Eu disse que teria de explicar a várias pessoas, inclusive ao senhor (Kennedy), como é que o novo ministro de Relações Exteriores diz que a Aliança pra o Progresso é uma coisa maravilhosa, enquanto a estratégia política do partido, vem sendo conduzida pelo seu cunhado (Leonel), um cara jovem da extrema esquerda do Partido Trabalhista; e (Francisco) San Tiago Dantas, que se bandeou para a extrema esquerda desde que o senhor o viu (na viagem de Goulart aos EU, em abril de 1962), com uma posição marcadamente antiamericana e anti-Aliança para o Progresso, em sua plataforma.
Presidente Kennedy – Eles se declaram como anti ou (isso é entendido) de uma forma indireta?
Lincoln Gordon – As falas de Brizola, na essência, são muito ruins. Uma atrás da outra na televisão… muito dinheiro. Quando começou, combatia apenas as empresas americanas. Agora, se voltou contra o governo dos Estados Unidos, dizendo que o senhor está no bolso dessas empresas. Eu ainda não fui atacado, pessoalmente, mas espero que isso ocorra nestes dias. Mas é certo. (Ele diz coisas como) Os Estados Unidos estão sugando o país, as empresas americanas estão drenando o país. Nós somos os responsáveis pelo atraso no desenvolvimento brasileiro. Eles são uma colônia dos Estados Unidos . Nós somos responsáveis pela mortalidade infantil e tudo o que é de ruim que ocorre debaixo do sol. Tudo… muito irracional e altamente emocional. (ininteligível)
Agora, a resposta de Goulart para isso é que a esquerda representa apenas 30% do Partido Trabalhista: “Eu realmente simpatizo é com os 70% , que são muito mais moderados. Esta é minha posição pessoal. Mas, no momento, estou entre essas duas correntes porque os conservadores do país são todos contra mim e eu preciso da esquerda como minha tropa de choque contra a maioria parlamentar.
Esta é a posição de Goulart até à eleição (de 1962). Não sei que diabo ele vai fazer se obtiver mais poderes. Ele quer desesperadamente ter mais poderes. Nesta conversa de uma hora e meia, ele parecia um disco de vitrola: ia e voltava 20 vezes para dizer que o Parlamentarismo não é bom.
Presidente Kennedy – Acho que isso seja verdade, não? Ele não tem nada a fazer com (um) partido.
Gordon – Ele tem uma influência tremenda.
Presidente Kenendy – Sim.
Gordon – Se ele quisesse trabalhar com o gabinete (o ministério), poderia funcionar. Mas ele não quer trabalhar dessa maneira. Isto está claro, está nítido.
Presidente Kennedy – Você acha que ele mesmo sabe o que quer? Ou é apenas uma questão de ele navegar nas ondas? Ou ele tem algum objetivo, um objetivo de longo alcance?
Gordon – Não acho que ele tenha qualquer objetivo de grande alcance. Não, acho que ele quer é mais poderes.
Presdiente Kennedy – Salles (Walter Moreira Salles, ex-embaixador em Washington e considerado pro-americano), ele é o (novo) ministro da fazenda?
Gordon – Ele aceitou. Aceitou
.
Presidente Kennedy – Ele vem aqui para nos ver.
Gordon – Não sei.
Presidente Kennedy – Temos algum novo acordo financeiro que devemos..
Gordon – Temos discutido isto nos últimos dois dias. Eu vi o Salles no domingo, enquanto ele estava se decidindo.
Presidente Kennedy – Você lhe disse todas essas coisas que me disse?
Gordon – Oh, claro, sim. Não tem nenhum problema onde ele se posicione..
Presidente Kennedy – Sim, mas quer dizer o fato de que nós não podermos – você sabe, mandar estes caras para nos ver, eles são razoáveis e é claro que nos entendemos, mas depois eles caem…
Gordon – Bom, ele perguntou…
Presidente Kennedy – …
Gordon – Bom, ele disse que estava impondo umas condições para aceitar (o cargo de ministro da Fazenda),um programa anti-inflacionário bem vigoroso. E ele disse: “Se eu realmente realizar isso (o programa), e minhas condições forem aceitas, você acha que haverá alguma chance de os americanos apoiá-lo? E eu respondi: “Em face do que ocorreu nos últimos dois meses, eu acho que ele (o Presidente Kennedy) iria gostar, mas desta vez tem de haver algum resultado. E ele disse: “Uma promessa é só… não vai convencer a alguém?
Meu feeling diz que devemos prosseguir na assistência à estabilização, evitando que seja suspensa. Mas para para impulsionar certos projetos, que poderiam ser divulgados, que poderiam tornar-se em manifestações concretas da Aliança para o Progresso.
O único problema com a estabilização financeira é que, você sabe, (é) que nós não conseguimos nenhum crédito para ele…
Presidente Kennedy – Correto.
Gordon – …exceto com um punhado de banqueiros e economistas…
Presidente Kennedy – Correto, eu acho que devemos esquecer isso.
Gordon – .. e …
Presidente Kennedy – Temos alguma assistência de estabilização para encaminhar?
Gordon – Restam cerca de 90 bilhões do pacote aqui negociado.
Presidente Kennedy – E quanto nós lhes demos nos últimos 12 meses?
Gordon – Bom, nós liberamos – o total foi de 328. Então nós liberamos… qual a diferença disso?
Presidente Kennedy – Duzentos milhões. Simplesmente desapareceu?
Gordon – Exato. Exatamente. E neste momento, tanto o suporte para o balanço de pagamento como o suporte orçamentário é como água no ralo. Quer dizer, eles têm mais ou menos…
Presidente Kennedy – (Ininteligível) Nós o congelamos? Quer dizer,não vamos entregá-lo agora? Devemos tomar alguma medida para impedir algum outro?
Gordon – Sim, claro. Pouco antes que o presidente (Goulart) veio em abril, liberamos 30 milhões mais ou menos, dependendo do desempenho ou dos desempenhos das fábricas. Têm sido altamente negativo.
Um dos projetos, (no) nordeste, por exemplo, acho que devemos ajudar. Há alguns governadores, como o do Rio Grande do Norte. Não sei se ele viu o senhor. Aluísio Alves, mas ele encontrou-se com to mundo aqui. Ele estava por aqui há cerca de três semanas. É um grande cara.
Presidente Kennedy – Esse é o Vicento – isto nã oé o Rio, é?
Gordon – É um pequeno estado do nordeste.
Presidente Kennedy – Entendo. Não,não o vi.
Gordon – Este é um pequeno estado do nordeste. Ele é um rapaz de 40 anos, cheio de energia, não é demagogo, honesto. Ele é…
Presidente Kennedy – Qual é a força dos comunistas lá?
Gordon – como partido, é fraco.
Presidente Kennedy – MAS ELES ESTÃO SE APROVEITANDO…
Gordon – (Ininteligível) Nós como…
Presidente Kennedy – Mas agora eles acabam de assumir grande parte da esquerda?
Gordon – Eles assumiram muita coisa na esquerda. E estão em alguns postos-chave e têmorganizado…
Presidente Kennedy – O Goulart lhes dá amparo?
Gordon – Ele os abriga tantono governo comonos sindicatos.
Richard Goodwin – E eles não…
Gordon – (Ininteligível) nos sindicatos sob disfarce, mas talvez ainda mais.
Goodwin – E eles estão aliados aos nacionalistas numa porção de áreas importantes, que não são comunistas propriamente ditas mas que têm objetivos mútuos nesta altura.
Presidente Kennedy – Acabei de ler alguma coisa sobre isso no Washington Post agora de manhã, alguns estudantes em visit…
Gordon – Sei.
Presidente Kennedy – … sobre… o motivo era… em outras palavras…
Goron – Bem, há…(resmungos).
Presidente Kennedy – O que?
Gordon – Tem um grupo de estudantes em visita aqui.
Goodwin – É isto mesmo.
Gordon – É este mesmo? Não vi a reportagem do Post. Eles estão fazendo uma tour na Casa Branca amanhãpela manhã, entre 09:15 e 09:50 hs.E eu gostaria muito que o senhor lhes desse uns cinco minutos, apenas para um aperto (de mãos)..
Presidente Kennedy – Quem são eles?
Gordon – São 70 estudantes de quatro diferentes Estados. Eles foram recrutados por uma senhoramuito ativa, Mildred Sage, uma bostoniana, que foi casada com um homem de negócios americano. Ela levantou 90 por cento do dinheir,em grande parte entre comunidade americana de negócios de lá, os outros 10 por cento vieram do Departamento de Estado. Eles estiveram em Harvard duranet duas semanas.Formam um grupo de tendências variadas, desde uma formação fortemente democrática, pró-americana até outra quase comunista, altamente nacionalista, mas anti-americano. Sage os reuniu todos.
Estive com eles no sábado,na hora do almoço, falando sobre (ininteligível), por uma hora e meia,perguntando-lhes como tinha sido sua passagem por Harvard. Eles responderam: Muito bem. Aprendemosmuito, e não fomos propagandizados.
Acho que é bom. Acho que fizemos algum progresso com eles. Eles vão se encontrar com Ted (moscoso) esta tarde, durante uma hora e meia ecomum pessoal de apoio regional.Eles estão reunidos com o HEW agora de manhã e vão estar com o Departamento de Estado amanhã à tarde. Então decidiram que nós (ininteligível) às daus da tarde. Mas acho que o senor poderia sair e rebê-los no Jardim Rosado.
Presidente Kennedy – Tudo bem, se você puder providenciar isso. Diga-me qual é sua reclamação contra os negócios americanos. Há alguma reclamaçãolegítima?
Gordon – Não, nenhuma significativa.O mito que tomou corpo é que a remessa de lucros está drenando a economia brasileira. Isso é mito puro. Há uma docmuentação brasileira e nossa também (e torno disso).
Presidente Kennedy – Quanto a gente tira por ano?
Gordon – Nós tiramos, oficialmente, algo em torno de 40 milhões de dólares e deve haver alguns lucros disfarçados, alcançando um máximo de outros 20. O total de 60 não é só nosso, americano, mas de todos os investidores estrangeiros. Temos talvez 60% disso.
Presidente Kennedy – Bom, em outros palavras,nós estamos tendo uma retirada de 30 milhões de dólares por ano?
Gordon – (Ininteligível) Não, na verdade…
Presidente Kennedy – Na verdade,nós estamos investindo…
Gordon – Na verdade isso é ninharia,o senhor vê…
Goodwin – Mesmo os investimentos privados estão investindo nesse nível?
Gordon – Agora, eles têm… alguém me entregou esses dados,hoje de manhã.
Presidente Kennedy – Bom, o que acontece quando esses são enfatizados? Ninguémos enfatiza?
Gordon – Sim, a gente os enfatiza…
Presidente Kennedy – Você quer dizer que os investidores privados estão investindo quase este montante:além disso nós investimos em ajuda e todas essas coisas, e ainda compramos o café deles.
Gordon – Muitas dessas pessoas ou não acreditam nestes dados ou ele s não são enfatizados de maneira suficiente e eficaz.Isto é algo que vamos ter de cuidar nos briefings (comunicados) durante esta semana – para tratar disto (ininteligível)
Presidente Kennedy – Com quem – comunicar a quem?
Gordon – Bem, issto estaria com a AID e o Estado (Departamento de Estado).
Presidente Kennedy – Mas eu me refiro, não podemos contar com todos?
Gordon – A estes estudantes, quer dizer, estes estudantes…
Presidente Kennedy – Sim, mas eles são apenas..
Gordon – Eu sei…
Presidente Kennedy – Eles são apenas uma fração.Mas eu pergunto, há alguém lá que vá se incomodar empropagar esses dados?
Gordon – Bom…
Presidente Kennedy – O que os Estados Unidos deram em ajuda nos últimos dois anos; os lucros que foram auferidos são tão grandes; o total de compras feitas pelos Estados Unidos…
Gordon – Isto foi feito de formamuito eficaz pelo relatório à Comissão Conjunta do Senado e da Câmara brasileiros sobre esse projeto remessas de lucros, mas eles (ininteligível. Mas esses caras vão dizer: “Bom, você sabe, ele é instrumento dos truts (multinacionais). Ele é um reacionário. Ele é..Tem um senador do Rio Grande do Sul… Brizola e…
Presidente Kennedy – Qual é o cargo de Brizola agora?
Gordon – Ele é aina governador. Vai ser governador até janeiro. E está concorredo à Câmara pela Guanabara…
Presidente Kennedy – Bom, nós temosdito quese eles quiserem comprar (as companhias americanas de serviço público)… Que percentagem do investimento americano (local) há (no) (uma observação ininteligível de Gordon).
Gordon – Não que (ininteligível).
de serviço público)Eles não têm feito nada para comprar essas companhias, não?
Gorodon – Não, eu falei comeles sobre o assunto semana passada quando o govero começou as reuniões (ininteligível) com o grupo American Foreign Power Company, (ininteligível), omaior, que temuma nova proposta (ininteligível) para discutir.
Goulart acha que tem um compromisso pessoal como senhor a este respeito.
E ele diz que vai se esforçar para isso. E acho que há uma chance de que ele possa conseguir.Tudo o que fizeram foi criar essa comissão, que deve negociar o tratadoe fetivo, mas, na verdade, eles nunca dão prosseguimento. Tem havido muito pouca açãoem torno disso, pelo menos desde (ininteligível) as conversas de abril. Isto é …
Presdiente Kennedy – Há muito desestímulo no Brasil entrre osmdoerados?
Gordon, Ah eles não estão desestimulados ao ponto de desistirem. Eles estãomuito insatisfeitos. A forma com que esta crise política foi administarada foi extremaente ruim.
Agora, um cara como Aluízio Alves quer organizar um centro forte, umcentro ligeiramente de centro esquerda. E acho que a gente tem de dar todo apoio a esta iniciativa.
(Seis minutos cortados como informação classificada)
Gordon – Nós examinamos bem isso antes deminha viagem. Achoque ele ficou mais importante. Houve um curto período quando éramos um tanto complacentes. Já passamos disso. Não podemos mais nos dar ao luxo de sermos complacentes. Acho que temos de fazer mais e acho que devemos fazer mais com um pouco menos de preocupação com possíveis desgastes ou controle.Os rapazes têm um pouco da filosofia do GAO (General Accounting Office). O senhor sabe que eles querem saber se seu dinheiro está sendo gasto devidamente. Bom, istoé um bom preconceito para ter, mas só temos dois meses na frente. Temos esta organização chamada IPES, por exemplo,que é progressista (ininteligível) e precisa alguma ajuda financeira; tem (ininteligível) apoio e achoque temos de ajudá-los. Não poderemos conseguir uma prestação de contas detalhada das retiradas e como cada retirada, em particular, será gasta. Eu sóacho que nós não podemos correr riscos.
Voz não identificada (Unidentified) – Eu concordo com a substância…
Gordon – Nós temos…
Goodwin – Acho que a eleição vai ser mesmo o grande momento.o Linc a está comparando às eleições da Itália, em 1948 (quando uma operação americana impediu que o Partido Comunista assumisse o poder naquele país).
Presidente Kennedy – Eu sei. Bom, quanto vamos ter que colocar nisso?
Gordon – Ah isso é coisa de uns poucos milhões de dólares, digamos.
(sete segundos cortados como informação classificada)
Presidente Kennedy – Isto é muito dinheiro. Porque, você sabe, afinal,para uma campanha presidencial aqui você gasta cerca de 12. E nossos custos – pelos menos acho – que 8 milhões de dólares seria uma enorme quantidade de dinheiro para uma eleição.
Gordon – Correto.
Presidente Kennedy – (Ininteligível)
Gordon – É um cenário político incrivelmente complicado….
Presidente Kennedy – Bom, agora, isto está sendo mesmo dispendido, agora? Você vai em frente com isso?
(39 segundos cortados como informação classificada)
Presidente Kennedy – Bom, acho que agora não posso fazer nada com Goulart ali. Não tem nada…
Gordon – Bom, acho que tem. Este é o ponto importante da estratégia, em geral. Uma coisa que quero alertar é a possibilidade de uma ação militar. Esta é, esta é uma grande possibilidade nas cartas.
Presidente Kennedy – Agora, deixe-me perguntar – nós temos sido muito críticos da açãomilitar no Peru…
Gordon – (Ininteligível)
Presidente Kennedy – … o que é inteiramente diferente. Não podemos ser exatamente.. Os militares fizeram um excelente trabalho um ano atrás. Tudo depende das circunstâncias de uma ação militar.
Gordon – Eu acho,eu acho…
Presidente Kennedy – Em outras palavras, nós éramos contra ação militar na República Dominicana. Tínhamos nossas reservas em relação aos militares depois que eles prenderam Prado. Mas vamos recuar e reconhecê-los na próxima semana, ou esta semana; mas a questão é mesmo de como… qual nossa atitude emdireção ao que seria.
Goodwin – Bem, acho que o que deveríamos fazer… Este é um negócio muito difícil e temos que nos proteger muito cuidadosamente. Não acho que que queiramos estimular um golpe.
O que realmente queremos fazer com Goulart, acho, são duas coisas: queremos fazer uso do fato de que ele tem uma grande consideração com o senhor. E ele está muito orgulhoso que esta relação com os Estados Unidos (ininteligível) foi estabelecida. E há algumas coisas… Acho que nós conseguiremos em breve e finalmente (resolver) este caso da IT&T (observação ininteligível do Presidente Kenedy). Nós temos sua carta para Goulart. Faleicomele novamente na segunda-feira. Acho que vamos resolver aquilo. Espero que evitemos outras expropriações desta vez. Acho que podemos fazer algum progresso nesta cosia das companhias de serviço público. Istoémuito negativo,mas acho que devemos trabalhar o mais que pudermos.
A principal coisa é ao mesmo tempo, organizar as forças que são tanto políticas como militares para, ou reduzir o seu poder…num caso extremo afastá-lo, se for preciso. Isto dependeria de uma ação aberta de sua parte. Ele está jogando que está bem preparado (ininteligível).
Goodwin – Ele mudou muitos comandantes,comandantes militares nas guarnições?
Gordon – Ele mudou um certo número e está ameaçando mudar outros. Até que ponto ele vai nessas mudanças vai depender um pouco da resistência dos militares.
Acho que um das nossas tarefas importantes é de fortalecer a espinha dosmilitares. Para falar claro, discretamente, que não somos necessariamente hostis a qualquer tipo demilitar ou coisa que o valha se ficar claro que o motivopara a açãomilitar for…
Presidente Kennedy – Contra a esquerda?
Gordon – … Ele está entregando o maldito país para …
Presidente Kennedy – Os comunistas.
Gordon – Exatamente. E há muitas provas de que Goulart, querendo ou não querendo, tem sido (ininteligível) isso.
Há algumas semanas logo depois da derrota de Dantas (San Thiago Dantas para primeiro ministro) no Congresso,ele (Goulart) tinha um plano específico, que contou ao Kubitsheck. Kubitsheck me disse em primeira mão. Um plano para nomear um gabinete (ministério) só seu sem (ouvir) o primeiro ministro. Ele disse ao Congresso que esperaria que o Congresso ratificasdse (isso), mas esperava que o Congresso,que vai ser eleito em outubro, o faria .E convocar um plebiscito agora para fazer retornar o regime presidencial em outubro.
O Kubitsheck levou esta (informação) a 30 altos oficiais militares e eles lhe disseram, unanimemente, que isto seria inconstitucional e se Goulart tentar, eles se oporiam a ele. Ele perguntou se poderia dizer aquilo a Goulart. Eles todos responderam sim e alguns disseram: “Bom, seria melhor assinar nossos nomes num manifesto”. E ele voltou a Goulart e Goulart desistiu.
O senhor vê o tipo de coisa. Isto é… ele estápensando ativamente num tipo de golpe branco, como eles dizem. E se os militares estão temerosos… se eles sentirem que não há nenhum apoio emalgum lugar, dentro ou fora, especialmente fora – o que significa nós – se eles agirem, então eles.. Eles estavam,medisseram.. Infelizmente, eu estava doente de cama na semana anterior e só agora gradativamente voltando à forma.
Presidente Kennedy – Sim.
Gordon – … esta semana antes de eu vir para cá na quarta-feira, consegui ver Goulart eo novo ministro do exterior e o primeiro ministro na terça-feira e Walter Moreira Salles no domingo.
(11 segundos cortados como informação classificada)
Gordon – Os militares, eu vejo que eles nos são muito simpáticos; muito anti-comunistas, muito desconfiados de Goulart. E eles expressaram grande surpresa quanto à nossa posição no Peru.
Bom, posso explicar a eles o que são as circunstâncias políticas. Acho que é importante que deixemos claro a esta gente amiga, aqueles que nós realmente sabemos que sãoamigos…
Presidente Kennedy – Mas pelo…
Gordon – Aquele caso do Peru não é necessário…
Presidente Kennedy – Sim,mas nesta semana eu vou voltar atrás e reconhecer o governo peruano.
Goodwin – Bom, acho que… contanto que eles entendam que a açãomilitar é para salvar a legalidade…
Presidente Kennedy – (grunidos)
Goodwin- … está bem. Então,acho que esta é a razão pela qual não poderemos realizar a reunião da OEA pois isto iria desencorajar os militares. Se você começar a reunir todos esses países juntos e..
Presidente Kennedy – Sim.
Godwin – … aprovando resoluções contra…
Presidente Kennedy – Isto é o que quero dizer hoje a esta (ininteligível).
Goodwin – Porque nós podemosmuito bemquerer que eles (os militares brasileiros) que assumar até o fim do ano, se eles puderem.
Gordon – Nós temos aquela frente militar. E acho que sua função é primeiramente manter Goulart nos eixos..
Presidente Kennedy – Que tipo de ligação nós temos com temos com osmilitares>
Gordon – Bem, é muito boa.
Os militares não estão unidos, o que faz complicar as coisas. Há uns poucos oficiais que são francamente de esquerda, incluindo uns poucos em altas posições: o comandante do I Exército, que fica no Rio de Janeiro… um cara muito perigoso. Goulart brincou com a idéia de fazê-lo ministro da Guerra mas depois desisitiu porque houve muita (ininteligível).
Presidente Kennedy – Você acha que se Goulart tivesse poderes…
Você sabe, você pode ter essas brigas com o Congresso e usa qualquer coisa para seguir em frente. Você acha que se ele tivesse poderes, agiria? Ou isto é apenas uma tática?
Gordon – Acho que… tenho dúvidas de que seja, não acredito que o homem seja um comunista. Acho que ele provavelmente faria algo como… mais como (o antigo ditador Juan) Perón. Um tipo assim…
Presidente Kennedy – Ditador pessoal.
Gordon- … um tipo de ditador pessoal e populista.
Presidente Kennedy – Sim.
Goodwin – Eu, não … Acho que a gente tem de se lembrar que ele pode não ter um objetivo, mas Dantas tem um objetivo. E Brizola tem um objetivo e este objetivo não é peronista, no final pode ser nasserista ou titoista.E acho que a presença deles, que eles (têm), e a dominação intelectual que eles podem ter poderia sensibilizá-lo. Porque não tem.. se você for desempenhar um papel na cena mundial, você sabe, hoje em dia você não pode ser um Perón. Você tem de ir além e é isso o que eles querem.
Presidente Kennedy – Sim.
Goodwin – Não tenho dúvida..
Gordon – Eles querem isso. O Goulart não dá a mínima para política externa. Na verdade, ele está ….
Goodwin – Bom …
Gordon – … ele está interessado em (ininteligível)
Presidente Kennedy – Vaidade.
Goodwin – … bem, você sabe, ele é um homem grande vaidade e de desejopelo poder…
Presidente Kennedy – (Ininteligível)
Goodwin – Não, acho que há 80 por cento de chances que ele force para a esquerda com aqueles dois caras.
Gordon – Bom, eu não acredito que (ininteligível).
Goodwin – Ele não seria um ditador local, não ficaria satisfeito com (ininteligível)
Gordon – Há muitas chances de que eles o derrubem.
Presidente Kennedy – Dantas?
Gordon – Não, que eles tentariam derrubar Goulart em certas circunstâncias.
Presidente Kennedy – Sim, mas o Dantas é… Agora, o que devemos fazer? Acho que temos este problema de quanto podemos fazer contra Goulart e quanto tentaremos fazer com ele.
Gordon – Acho quenós temos de tentar…
Presidente Kennedy: O que temos de fazer para chegar aos militares…
Goodwin: Acho que temos de fortalecer nossas relações com os militares, precisamos deixar isso bem claro para eles. Talvez McNamara (Secretário de Defesa) tenha de rever o pessoal que tem lá e vê se ele pode (ininteligível).
Gordon: Bom, nós precisamos e precisamos mesmo de um novo adido militar.
Goodwin: Então, o que mais…
Gordon: O Exército é muito… é … a mais importante das três forças. Este é o homem-chave no nosso relacionamento.
Presidente Kennedy: E nosso homem lá (o adido), ele é bom?
Gordon: Nosso homem atual… ele é legal, mas é muito burro1. Eu falei com o general (ininteligível) sobre isso…
Presidente Kennedy – Mas é claro que não temos muitos caras que saibam falar português, não é?
Gordon: Bom, nós temos alguns por aí, não muitos. Mas acho que o McNamara…
Presidente Kennedy: Tudo bem. Agora vamos ao … Quando você está voltando para lá?
Dez segundos (da gravação) suprimidos por razões de segurança nacional
Gordon: Sim
Presidente Kennedy: Quando examinarmos isso antes de nós… então sabemos para onde vamos?
Gordon: Bom, o senhor tem a última…
Presidente Kennedy: Sobre este (adido) militar… Com quem é que você vai falar sobre a mudança do adido militar?
Gordon: Eu falei com o general (ininteligível)
Presidente Kennedy: Bom, adianta alguma coisa mudar um cara (o adido) se em três meses (provavelmente das eleições) você poderá… terá de.. ele poderá estabelecer essas ligações em três meses?
Gordon: Ah, sim…
Presidente Kennedy – Há alguém que já tenha estado lá antes, que tenha boas relações e pode ser mandado de volta?
Goodwin: Que tal este (cara) do Eisenhower (ininteligível)?
Gordon: Dick Walters?
Goodwin: Sim.
Gordon: Ele está em Roma.
Presidente Kennedy: E ele sabe alguma coisa de português?
Goodwin: Ele fala português fluentemente.
Gordon: Ele fala português fluentemente. É excelente e ainda tem um grande feeling político.
Goodwin: Ele era o intérprete de Eisenhower (durante a guerra) lá, não era?
Gordon: Sim. Ele seria maravilhoso. Ele era…
Presidente Kennedy: Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas… e tem de falar em português.
Goodwin: Por que não falamos com o Ros Gilpatric2 ou alguém…
Presidente Kennedy: Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje.
(Quinze segundos suprimidos como documento classificado).
Presidente Kennedy – Você diz que não é preciso que eu escreva ao Goulart novamente, para pedir-lhe alguma coisa?
Gordon – Não,não.
Goodwin – O senhor sabe, seu irmão esteve na reunião inicial que organizou este programa político. Foi basicamente a partir deste impulso que ele conseguiu avançar.
Presidente Kennedy: Bom, adianta alguma coisa mudar um cara (o adido) se em três meses (provavelmente das eleições) você poderá… terá de.. ele poderá estabelecer essas ligações em três meses?
Gordon: Ah, sim…
Presidente Kennedy – Há alguém que já tenha estado lá antes, que tenha boas relações e pode ser mandado de volta?
Goodwin: Que tal este (cara) do Eisenhower (ininteligível)?
Gordon: Dick Walters?
Goodwin: Sim.
Gordon: Ele está em Roma.
Presidente Kennedy: E ele sabe alguma coisa de português?
Goodwin: Ele fala português fluentemente.
Gordon: Ele fala português fluentemente. É excelente e ainda tem um grande feeling político.
Goodwin: Ele era o intérprete de Eisenhower (durante a guerra) lá, não era?
Gordon: Sim. Ele seria maravilhoso. Ele era…
Presidente Kennedy: Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas… e tem de falar em português.
Goodwin: Por que não falamos com o Ros Gilpatric3 ou alguém…
Presidente Kennedy: Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje.
Quinze segundos suprimidos como documento classificado.Sei.
Gordon – Agora.
Presidente Kennedy – Ele vai estar na reunião amanhã?
Goodwin – Pode ser uma boa idéia.
Presidente Kennedy – Você o avisaria?
Gordon – Tem um… tem dois outros pequenos problemas que eu tenho de resolver. O Kubitsheck escreveu ao senhor uma carta que tenho aqui.
Presidente Kennedy – Bom, ele está apoiando o Goulart?
Gordon – Não,não.
Presidente Kennedy – Ele está preocupado?
Gordon – Ele apoia… ele estápreocuado como diabo. Ele apóia o Goulart só quanto ao retorno dos poderes presidencaiis (ininteligível). Ele quer 1965. Ele gostaria de fazer alguma coisa para flexibilizar a Aliança para o Progresso.em termos de América Latina. Acho que devíamos estimulá-lo.
Esta carta diz muito pouco. (uma folha de papel é dobrada). Aqui está a tradução.O que definimos com Ed Martin é que ele vai falar com o Lleras Restrepo em Bogotá e vamos ver o Kubitsheck no rio… uma idéia para tentar pegar esta iniciativa. Foi escrita pelo Schmidt, claro, que sempre escreve essas cartas.
Goodwin – Sei.
Gordon – Ela não diz praticaente nada a não que isto não pode ser um programa técnico, precisa ter uma ênfase política e ele tem razão. Mas não diz como fazê-lo,
Acho que nós poderíamos aproveitar o Kubitsheck…
Goodwin – O senhor sabe… com a comissão de Ação Monnet.
Gordon – Sei.
Goodwin – Acho que ele podia aceitar isso.
Gordon – Certo. Eu tentei providenciar isto com Schmidt semana passada e ele passou a trabalhar nisso. Schmidt tem um grande precocnceito com Ted Moscoso porque acha… ele tem preconceito contra dos os portorriquenhos, por definição. Completamente injustificado,na verade, mas..
Presidente Kennedy – O que ele quer que nós façamos, eu me pergunto?
Gordon – Bem,o que ele gostaria é que nós estabelecêssemos, dentro da OEA, uma espécie de coordenador político geral da Aliança para o Progresso e colocasseo Kubitsheck naquele cargo.
Isto nãopode ser feito este ano, acho. Eu acho que isto poderia ser uma boa idéia, mas nãosei se o Kubitsheck seria o homem ou não. Acho ainda que devemos trabalhar em cima disso por etapas, com alguma de comissão tendo um certo prestígio….
Presidente Kennedy – Como é que vamos mudar isso de novo. Me diga. O que é que eles querem que façamos?
Gordon – O que eles gostariam – agora, a estrutura formal da Aliança para o Progresso está no conselho da OEA…
Presidente Kennedy – Sim.
Gordon – ..e no conselho Econômico e Social Interamericano, que se reúne uma vez por ano num nível de ministros, para discutir muitas questões técnicas. O que eles gostariam é alguma coisa parecida com o que foi feito no Plano Marshall. Nós tivmos o (Dirk) Sticker, ex-ministro exterior da Holanda, sendo uma espécie de coordenador do Plano Marshall e que tinha um cargo formal; ele é o chefe permanente do conselho, e o que eles querem e algo assim…
Presidente Kennedy – E o Kubitsheck seria bom para isso?
Gordon – Acho que ele seria bom, mas ele não teria total receptividade nos países que falam espanhol.
Presidente Kennedy – Sei.
Gordon – E tinha um certo…
Presidente Kennedy – Então o que você sugere que eu faça com esta carta?
Gordon – Bom, vamos trabalhar uma resposta para ela.
Acho que o senhor não deve fazer nada até que o Ed saia dessas conversações preliminares com cerca de 25…
Goodwin – Nós achamos que alcomo como o Comitêde Ação Monnet.
Gordon – O isso poderia fazer…
Godwin – Lleras Restrepo chefiando-o poderia ser bom. Ou alguma coisa que não fosse oficial ou patrocinado por nós ou…
Presidente Kennedy – Por cidadãos privados.
Goodwin – Sim… por cidadãos privados, grupos industriais, políticos…
Gordon – O que opderia conseguir algum tipo de… Eu acho,para amarrá-lo de uma maneira informal ª..
Goodwin – … à OEA
Gordon – … à OEA.. acho que isso seria bom (ininteligível), acho que podemos conseguir.
Presidente Kennedy – Acho que esta é uma boa idéia conseguir um grupo privado falando sobre…
Gordon – Não há nenum grupo equivalente ao sugrupo do Monnet.Isto seria.. as únicas pessoas com real estatura… somente uma meia dúzia que o senhor poderianomear: Galo Paza, Lleras Camargo, Kubitsheck.
E eles são os únicos… você não tem nenhuma pessoa sem ser política do tipo do Monnet. Mas um desses caras… Eu gostaria de amarrar o Kubitsheck ao Lleras Camargo,porque o Kubitsheck está concorrendo para presidente do Brasil e o Lleras restrepo não concorre a nada.
Presidente Kennedy – Está bem. Bem, alguém pode cuidar disso?
Goodwin – Sim.
McGeorge Bundy – (referindo-se à carta) Este é o original.
Gordon – Uma outra coisa, Senhor President, meu programa do Nordeste precisa de um novo diretor.
Presidente Kennedy – Sim.
Gordon – Aquele que nós tentamos foi um fracasso. O mais qualificado para este trabalho é um homem chamado Warren Wiggins, que trabalha para o (o Peace Corps) Sarge Shriver.
Presidente Kennedy – Por que não chamá-lo? Você quer dizer a ele?
Goodwin – OK.
Presidente Kennedy – Ele fala português?
Gordon – Não mas fala espanhol e (troca de palavras ininteligível)
Presidente Kennedy – O que ele faz para o Sarge?
Goodwin – Ele é um dos diretores associados: um cargo muito importante.
Presidente Kennedy – OK. Bom, vamos chamá-lo. Sim. Só diga a Sarge que nósprecisamos dele e vamos definir… Se houver alguma questão,me avisem.
Goodwin – Certo.
Presidente Kennedy – (ainda) vou vê-lo? Eu o verei antes de viajar? Você me avisa, se eu… Me telefone antes de ir.
Gordon – Sim.
Presidente Kennedy – (ininteligível)
A reunião termina. Gordon e Goodwin são ouvidos falando no hall. Depois Kennedy desliga o aparelho.
Gordon providencia a visita dos estudantes brasileiros. Na manhã seguinte, o Presdiente passaria 22 minutos comeles.
Lincoln Gordon e Richard Goodwin não deixaram a Casa Branca. Kenedy teve uma reunião breve com representantes dos Veteranos de Guerra Judeus dos Estados Unidos; em seguida, a experiência de Gordon e Goodwin seria necessária outra vez.
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Fonte: The Presidential Recordings- John F. Kennedy – Miller Center of Public Affaires – University of Virginia, USA.

 

Veja também:

Transcrição das fitas em inglês

Arquivos da Ditadura”, de Élio Gáspari

 

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