Moniz Bandeira indicado para Prêmio Nobel da Paz (*)
(Do site Estadão, por Wilson Tosta/Rio) – Uma nova guerra fria, opondo os Estados Unidos à Rússia, emerge em Kiev das manifestações de ativistas que há semanas exigem, nas ruas, a adesão da Ucrânia à União Europeia e repudiam a aproximação com os russos, analisa o historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, autor do livro A Segunda Guerra Fria.
A violência dos manifestantes em Kiev, por rt.com
Trata-se, adverte o pensador, de um amplo jogo geopolítico, no qual os EUA tentam impedir o surgimento de outra força que possa confrontá-los estrategicamente, enquanto Moscou, herdeira do potencial militar e nuclear da finada URSS, constrói um tratado econômico que reagruparia antigas repúblicas soviéticas em uma União Eurasiana que lhe adensaria a dimensão geopolítica. É nesse contexto que deve ser vista a ação de políticos americanos como os senadores John McCain e Christopher Murphy em apoio às demonstrações de massa, afirma o pesquisador
Senadores americanos – O script da crise não é isolado. As mesmas forças que apostam nos lados que se enfrentam em Kiev mexem peças na Síria, pelos mesmos motivos geoestratégicos. Nos dois casos, está em disputa o domínio de uma ampla região entre Ocidente e Oriente, prioridade para os americanos e seus aliados.
“A Ucrânia está na órbita de gravitação da Rússia e sua integração com o Ocidente, aderindo à Otan, poderia modificar o equilíbrio geopolítico de toda aquela região”, afirma Moniz Bandeira, que analisa os movimentos do novo confronto político global em A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e Dimensão Estratégica dos Estados Unidos (Civilização Brasileira). Nas ruas, os protestos continuam, enquanto o Parlamento ucraniano, na quinta-feira, aprovava lei que pune com multa e prisão acampamentos e máscaras em atos públicos. Pelo ambiente do Legislativo, onde governistas e oposicionistas se enfrentaram fisicamente ao votar o Orçamento, a crise está longe de acabar.
Raízes da crise – “O presidente Vladimir Putin negocia um Tratado da União Econômica Eurasiana entre a Rússia e as antigas repúblicas que antes integraram a extinta União Soviética. A essa iniciativa os EUA e seus aliados da UE se opõem.
A Rússia voltaria a conquistar dimensão estratégica e geopolítica na mesma proporção que teve a URSS. E a questão não é ideológica. Washington nunca deixou de perceber a Rússia como seu principal adversário, mesmo após a dissolução da URSS (1991). Através da entrada da Ucrânia na União Europeia, o que se pretende é possibilitar que as forças da Otan se estabeleçam na fronteira da Rússia.
Ilusões americanas – “Os EUA se iludiram com o ‘fim da história’, quando a URSS se desintegrou. Contudo, a URSS não fora militarmente derrotada. O que implodiu foi um regime socialista estatal, autárquico, dentro de uma economia mundial de mercado.
A Rússia, entretanto, herdou, como sucessora jurídica, todo seu potencial militar, cerca de 1.800 ogivas nucleares estratégicas operacionais, reservas de 2.700, para 1.950 operacionais e 2.500 de reserva dos EUA.
O poderio militar das duas potências era equivalente. E após a dura crise econômica e política que atravessou nos anos 1990, a Rússia recuperou-se economicamente sob o governo de Vladimir Putin. Outra guerra fria, assim, começou. E na Ucrânia, um dos teatros onde as ONGs ocidentais impulsionaram a cold revolutionary war em 2004-2005, a guerra fria reacendeu-se, em 2013.
Problemas estratégicos – “A Ucrânia está na órbita de gravitação da Rússia e sua integração com o Ocidente, aderindo à Otan, poderia modificar o equilíbrio geopolítico de toda aquela região, onde se localizam os Estreitos do Bósforo e Dardanelos, que comunicam o Mar Negro e importantes zonas com o Mediterrâneo, e aí está um dos fatores da guerra na Síria.
Assim, diante da ameaça de golpe na Ucrânia, mascarada pelas incessantes demonstrações de massa, inclusive com a participação aberta de dois senadores americanos, John McCain e Christopher Murphy, o presidente Vladimir Putin tratou de socorrer a Ucrânia e evitar sua aproximação da União Europeia. Putin tornou virtualmente inevitável a incorporação da Ucrânia à União Eurasiana, que planeja concretizar, reunindo e reorganizando, sob o guarda-chuva da Rússia, as repúblicas ex-soviéticas.
Crise na economia – “A Ucrânia está em uma desastrosa situação econômica e financeira, tanto que Putin lhe concedeu o bailout de US$ 15 bilhões. Mas o país necessita urgentemente de mais dinheiro, cerca de US$ 17 bilhões, para cobrir seus negócios e operações e evitar o default em 2014.
E a União Europeia, ou seja, a Alemanha, não está em condições de arcar com mais problemas financeiros de outros países. Entretanto, o presidente ucraniano Viktor Yanukovich visitou Pequim e lá se reuniu com o presidente Xi Jinping, que se mostrou disposto a resgatar a Ucrânia. A formação da União Eurasiana é também fundamental para a China.
O grande jogo – “Não se trata de bom ou mau negócio. Trata-se de um jogo geopolítico, no qual a Alemanha arrisca-se a sofrer graves prejuízos econômicos e políticos. A Ucrânia depende em mais de 60% do gás da Rússia, da qual também provém mais da metade da energia consumida pelos 27 países da União Europeia. E a via é a Ucrânia.”
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BRASILEIRO MONIZ BANDEIRA INDICADO
AO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA
A UBE – União Brasileira de Escritores acaba de indicar o nome do cientista político e escritor Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira para o Prêmio Nobel de Literatura da Real Academia Sueca. A indicação atendeu a um convite direto do Comitê do Prêmio Nobel à entidade sediada em São Paulo e que congrega 1.500 escritores de todo o país (em sua história, desde a fundação, em 1958, por figuras como Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Marcos Rey e Lygia Fagundes Telles, entre outros, a UBE já contou com mais de 4.300 associados). Segundo o regulamento do Prêmio Nobel, podem fazer indicações “presidentes de sociedades de autores que sejam representativas da produção literária em seus respectivos países”.
Outra entidade brasileira, a Academia de Letras de Minas Gerais, também apoiou a indicação do nome de Moniz Bandeira e oficializou indicação.
Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira é cônsul honorário do Brasil na cidade alemã de Heidelberg. Autor de mais de 20 obras, notadamente ensaios políticos, também é poeta consagrado, com três livros saudados pela crítica: Verticais, de 1956, Retrato e Tempo, de 1960, e Poética (2009).
Vários de seus livros são adotados pelo Itamaraty, no curso de formação de diplomatas. Entre eles Formação do Império Americano – da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque, livro com o qual foi reconhecido, em 2005, como Intelectual do Ano, merecendo o troféu Juca Pato, da mesma UBE. Mais de oito anos atrás, Moniz Bandeira já denunciava nesse trabalho a espionagem praticada pelas agências de segurança norte-americanas em diversos países. Este livro foi traduzido para o mandarim e publicado na China, e também traduzido para o espanhol e publicado na Argentina e em Cuba.
Seu livro mais recente, publicado em 2013, é A Segunda Guerra Fria que trata da geopolítica e da dimensão estratégica dos Estados Unidos nas rebeliões da Eurásia e nos movimentos da África do Norte e Oriente Médio.
Escreve Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-executivo do Ministério das Relações Exteriores e ex-Alto Comissário do Mercosul, no prefácio dessa obra: “Importante contribuição da obra de Moniz Bandeira é a revelação documentada de que as revoltas da Primavera Árabe não foram nem espontâneas e ainda menos democráticas, mas que nelas tiveram papel fundamental os Estados Unidos, nas promoção da agitação e da subversão, por meio de envio de armas e de pessoal, direta ou indiretamente, através do Qatar e da Arábia Saudita.”
O livro A Segunda Guerra Fria foi escrito entre março e novembro de 2012, praticamente acompanhando no tempo os acontecimentos recentes mais significativos. Outros ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura foram escolhidos por obras que versavam sobre a história de seu tempo, entre eles Theodor Mommsen, Sigrid Undset, Pearl S. Buck e Winston Churchill.
Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, caso seja selecionado pelo Comitê do Prêmio Nobel, em outubro de 2014, será o primeiro brasileiro laureado com o mais importante prêmio mundial da Literatura.
Serviço:
Brasileiro indicado para o Prêmio Nobel de Literatura
Email para entrevistas: Moniz-Bandeira@t-online.de
Telefone para entrevistas: 00xx49 6227-880533
UBE indica Moniz Bandeira para o Prêmio Nobel de Literatura
Joaquim Maria Botelho – Presidente
Email para entrevistas: jmbotelho@uol.com.br
Telefone para entrevistas: 11 99655-8073
Veja também:
Videoentrevista com Moniz Bandeira, de 2013