Com menos de seis anos de fundada, a Unasul (União das das Nações Sul-Americanas) inaugurou sua sede central dia cinco de dezembro de 2014, ao meio dia. Está localizada ao lado do marco Metade do Mundo, onde fica o paralelo zero, que divide o planeta entre os hemisférios sul e norte, a 13 quilômetros de Quito, no Equador. É um edifício moderno e inteligente, ocupando uma área construída de 20 mil metros quadrados em cinco andares e leva o nome de Néstor Kirchner, primeiro secretário-geral do organismo e ex-presidente da Argentina. O presidente do Equador, Rafael Correa, um dos artífices da reaproximação dos povos sul-americanos, responsável e articulador da construção do novo prédio, afirmou na solenidade que “a integração não é só um sonho mas também uma necessidade de sobrevivência”. “O mundo do futuro”, como enfatizou, “será de blocos de países, isto significando que só unidos poderemos nos defender do neocolonialismo e da injusta e imoral ordem mundial”
A monumentalidade da obra carrega também um caráter simbólico por querer marcar distância da da OEA (Organização dos Estados Americanos). Esta, com sede em cinco edifícios de uma área nobre de Washington, foi utilizada pelos Estados Unidos, ao longo dos anos, para corromper, desestabilizar e estrangular governos independentes. Foi ela que expulsou Cuba, em 1962, e corroborou as invasões militares de Cuba, Nicarágua, República Dominicana e a deposição dos presidentes Jacobo Arbenz, Juan Domingo Perón, Getúlio Vargas, João Goulart e Salvador Allende. à inauguração compareceram os chefes de Estado e dirigentes da CELAC (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribe), da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), e jovens militantes integracionistas dos diversos países-membros.
Ao contrário da OEA, a Unasul, representando os 12 países da América do Sul (a OEA diz representar 35 das três Américas, inclusive Estados Unidos e Canadá), conseguiu atropelar dois golpes de Estado, contra Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador, e sancionou com determinação os presidentes surgidos de golpes cívico-militares, em Honduras e no Paraguai. Nessa linha, a presidenta da Argentina, Cristina Fernández, esposa e antecessora de Néstor Kirchner, afirmou durante o ato: “Aqui, na América do Sul, somos nós que decidimos, por mandato de nossos povos, o ordenamento político, econômico e social”.
A reação do grande capital não se fez esperar: a diretora-geral do FMI, Cristine Lagarde, qualificou de “espaguetes” mecanismos como o Mercosul e a Unasul, “por não deixar benefícios claros”, como enfatizou. Na ocasião, Lagarde praticamente defendeu a volta do neoliberalismo, ao sustentar que “as autoridades devem tomar medidas sob a ótica do capital”.
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Ato inaugural da Unasul
A concretização do prédio da Unasul ainda coincide com vitórias sucessivas, em 2014, de presidentes progressistas e alinhados com a integração, como Dilma Rousseff, do Brasil, Tabaré Vázquez, do Uruguai, Evo Morales, da Bolívia, Michelle Bachelet, do Chile, Juan Manuel Santos, da Colômbia, Sánchez Cerén, de El Salvador, e Guillermo Solís, da Costa Rica. Eles enfrentaram duros embates eleitorais de candidatos pró-Estados Unidos, patrocinados com gordas verbas e espaço midiático pelas grandes corporações que formam o chamado grande capital e com a missão de demolir as políticas de inclusão social e de crescimento com distribuição de riqueza.
Não por acaso, a nova sede foi descerrada depois do seminário dos 12 chefes de Estado com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que, juntamente com o finado presidente Hugo Chávez, fundaram a Unasul, numa cúpula sul-americana realizada em Brasília, em 25 de maio de 2008. A partir daí, os 12 presidentes do sub-continente passaram a se reunir continuamente para debelar crises e tentativas de golpes, como aquelas da Bolívia e do Equador, e para promover a paz interna na Colômbia e o conflito deste país com a Venezuela. Os presidentes e seus ministros dedicaram-se ainda estruturar a nova entidade para fazer face às questões de defesa, segurança, direitos humanos e formação política.
Segundo o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, e que agora dará expediente na nova sede, em Quito, a convergência será o objetivo de toda a atividade da Unasur, sempre visando o conceito de solidariedade, complementariedade e cidadania. A este respeito, Samper lembrou decisão adotada nas reuniões de chefes de Estado em Quito, criando o conceito da cidadania sul-americana, para permitir que todo cidadão habitante da América do Sul circule, trabalhe e estude nos 12 países que a integram.
Finalmente, a presidenta do Brasil, recentemente reeleita e por isso homenageada na ocasião, que “a crise econômica internacional afetou profundamente o Brasil e a integração dos países sul-americanos ganha importância em um cenário “cada vez mais conturbado pelas incertezas de ordem política e econômica”.
Discurso de Cristina Kirchner
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A insatisfação do FMI
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