A sociedade de massa costuma consumir notícias de forma unilateral, principalmente por ser desestimulada a verificar outras versões que não as da mídia hegemônica. Com efeito, é mais cômodo contentar-se com o que dizem a TV e os grandes jornais, de preferência no conforto da sala de estar. Por que sair por aí atrás de blogs, grupos de discussão e redes sociais na internet, onde as análises mais aprofundadas aparecem muitas vezes de forma esparsa e até confusa?
O problema, porém, é que, se deixando cativar por uma única fonte de informação, o cidadão corre o risco de perder o emprego, a casa própria, os benefícios sociais, as bolsas para estudar ou suprir a renda ou ver seu salário achatado. Delírio? Não, os exemplos estão aí nas nossas barbas. Vejamos o que acontece nos países (México, Espanha, Grécia) que se viram enredados nesse furor desinformativo e foram tangidos como bois para o matadouro do mais cruel dos regimes neoliberais.
De igual maneira, a mídia desinforma sobre a situação real da Argentina e da Venezuela, sempre pintada como caótica ou até catastrófica. Outra manipulação informativa: nenhum venezuelano perdeu o emprego, a escola e a bolsa família, além do excelente sistema de saúde. Ah mas falta papel higiênico na Venezuela… É verdade, a guerra econômica, tem feito desaparecer este e outros produtos básicos, mas nem por isso a população, mesmo obrigada a enfrentar filas, deixa de apoiar maciçamente seu presidente, Nicolás Maduro, e revida energicamente a ingerência dos Estados Unidos em seu país.
https://www.youtube.com/watch?v=CWykcTJLTZE
Otra distorção gritante é a de que a Argentina está quebrada e a presidenta Cristina Kirchner, com prestígio no chão. Muito pelo contrário, nossos hermanos estão em situação bem melhor do que o Brasil, porque, sobretudo soube enfrentar com determinação os credores e deu uma banana para os chamados fundos abutres. Até a inflação, que andava à solta, está sendo contida na casa dos 20%, o mesmo ocorrendo com a sua moeda, o peso, que permanece estável há mais de ano. Isso para não falar na criação de cinco mil empregos, distribuição de cinco milhões de laptops para as escolas públicas, a reforma e construção de quase dez mil escolas e a recuperação de boa parte da indústria, que tinha sido sucateada na época neoliberal. Quanto à popularidade de Cristina, nunca esteve tão alta, a ponto de os adversários assegurarem que vão continuar com suas metas caso consigam sucedê-la (o que é bem difícil) na disputa sucessória de outubro deste ano.
Agora, vejamos a situação dos povos que não resistiram ao canto de sereia midiático. Os mexicanos, já açoitados pela violência urbana e o narcotráfico, que assassinam mais de 50 mil pessoas por ano, debatem-se agora com o desemprego maciço, agudizado pela privatização da Pelmex, a Petrobrás deles. Este foi o preço exigido ao candidato vencedor na eleição de 2012, Enrique Peña Nieto, que ele pagou, mais que depressa. Ele agora investe privatizar a água, imaginem.
Não esqueçamos de que montante ainda maior foi imposto ao brasileiro Aécio Neves na eleição de 2014: ele deveria (se ganhasse) privatizar não só a Petrobrás, como também a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o BNDES. E dizer que o eleitorado de Brasília, constituído em sua grande maioria de funcionário público, deu 65% de seus votos ao candidato tucano. Será que ninguém se lembra das privatizações do seu correligionário FHC, que achatou e congelou salários durante os oito anos de seus dois mandatos presidenciais (1994-2003)?
Na Espanha e na Grécia, dois milhões de pessoas perderam as casas onde moravam, tiveram salários diminuídos em até 35%, enquanto o desemprego subia a níveis alarmantes de 26%, sendo que entre os jovens de 20 a 30 anos chega a 50%. Esses fatos são sonegados pela Globo, a Veja, a Folha e o Estadão, que os minimizam ou abolem tudo em seus espaços.
Mas ali a coisa está mudando para melhor. Aliás, alinho estes fatos todos para assinalar que as populações começam a reagir à desinformação, recusando-se a engolir as mistificações dos órgãos monopolistas, e votando nos candidatos com projetos de cunho popular e nacional. É o caso da Grécia, que acaba de destronar, pelo voto, seu governo neoliberal (Premer Antónis Samarás) imposto pela troika (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI). Em seu lugar, colocou Aléxis Tsípras, do progressista partido Syriza, que também fez a maioria no Parlamento.
Outro governo neoliberal muito próximo do fim é o do pepista Mariano Rajoy, da Espanha. O movimento popular Podemos, liderado pelo jovem professor Pablo Iglesias, de 36 anos, que aos poucos vai rompendo o bipartidarismo dos carcomidos PP (direita) e PSOE (ex-esquerda), pode ser eleito premier nas próxima eleições parlamentares. Sua plataforma, que a intriga da mídia pretende confundir com o bolivarianismo, prevê a devolução das casas tomadas pelos bancos aos espanhóis apanhados pela crise, dignificar os salários e renegociar a dívida externa.
Fico devendo um artigo específico sobre Iglesias, mas por hora, só quero alertar que nem tudo está perdido no Brasil e que esse aparente tsunami contra a Dilma não tende a durar muito, porque será inapelavelmente atropelado por esses bons ventos soprados pelos hermanos latinos e europeus.
Sim concordo sr: Leite Filho , com a postagem deste blog, mas como se manter informado ? Se grande parte da mídia brasileira está tomada pelos tentáculos do império ? Num futuro não muito distante teremos outros jornalistas, que trarão informações com bastante veracidade ? até mais